quarta-feira, 31 de agosto de 2016

LENDAS DE PORTUGAL - 93ª - SETÚBAL

NOSSA SENHORA DO CAIS
Em cada tarde que descia à praia, dispondo-se a embarcar para a faina, o pescador Valentim de Jesus erguia os olhos. Erguia os olhos ao seu céu mais azul, a varanda da casa do palácio de D. Manuel Vaz de Castro, buscando um vulto feminino. Tratava-se de Ester, a judia com quem o fidalgo casara e por quem o jovem estava apaixonado. Bastava-lhe vê-la, às vezes, raras. Sabia lá o que é que a dama pensava dele, mas uma tarde houve em que se apaixonara.  E levava sempre consigo para o mar aquela lembrança de beleza.
Ora o pai de Valentim logo reparou que o filho fora apanhado nas redes do amor. Confessou-lhe o rapaz o que se passava. E o velho apenas disse: "Esquece-a! Olha que o fidalgo não é para brincadeiras!" Mas Valentim explicou que, apesar de todo o amor dele por Ester, ela nem sabia que ele existia... 
"Isso não interessa! Repara é nas raparigas que estão de olho em ti  e escolhe a que mais te agradar! Essas sim são para o teu dente!" Azedou-se a discussão, distanciaram-se pai e filho.
Ora uma bela tarde, estando Ester na varanda do seu palácio reparou que o pescador nesse dia ainda não passara e surpreendeu-se por pensar nisso. É que lhe doía mesmo aquela ausência.  Nunca falara com ele e julgava nem sequer ter dado pela sua existência e, no entanto, sentia-lhe a falta. Sabia lá quem ele era, que feitio teria! Andava o marido na guerra e ela com aqueles pensamentos tão tolos! Então percebeu que aquela não era tarde, por tempestuosa, em que os pescadores fossem ao mar. Pelos sinais, via-se o dia seguinte seria soalheiro e calmo. E então... Então sorrir-lhe-ia quando ele passasse. Afinal, lembrava-se dos olhos dele, tão ternos, envolvendo-a, a ela que, por judia, era desmerecida pelos demais. E no dia seguinte, Ester e Valentim sorriam um ao outro. E assim  todas as tardes seguintes. O velho receava que as vozes dessem disso notícia ao fidalgo.

Numa tarde aconteceu que Valentim saiu para o mar, levando o sorriso da Ester. Deu uma volta, mas amarrou de novo o barco e subiu a varanda. A judia não esperava tamanha audácia, assustando-se. Valentim disse-lhe que apenas a queria ver mais de perto e falar-lhe, tocar-lhe as mãos. Ela mandava-o embora, tanto mais que o marido regressara da guerra na véspera. O pescador declarou-se, mas ela tremia de medo. E tinha razão, porque apareceu D. Manuel que, vendo o que se passava, desembainhou a espada e matou o jovem, atirando o corpo ao mar. A mulher. mandou-a para o convento. E o velho pescador não mais perdoou a Ester a atracção exercida sobre o filho. Nem um milagre o faria acreditar noutra coisa, garantia ele. 
E uma tarde, discutindo os pescadores na praia, num gesto violento, a imagem de Nossa Senhora do Cais foi cair à água, lançando-se o velho a buscá-la, a nado. Quando regressou com ela ao areal quase enlouquecia. O rosto da imagem era o da judia a quem ele ia insultar ao parlatório do convento. 
Assim, quem em Setúbal hoje procura a imagem de Nossa Senhora do Cais, terá oportunidade de conhecer o rosto de Ester, a paixão de Valentim...

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

GRUTA MARAVILHOSA



O Algar de Benagil foi eleito a gruta mais bonita do mundo pela revista britânica "Another".
Segundo a publicação, a zona costeira de Benagil, em Lagoa, no Algarve, alberga "grutas, pequenas baías e praias escondidas", destacando a mais famosa por ser "gigante, arejada e iluminada", com a sua "praia interior" e abertura na rocha, que forma uma clarabóia perfeita para ver o céu, muito procurada por fotógrafos.

Dica da Semana 

domingo, 28 de agosto de 2016

1959 - A MODERNA ESCADA ROLANTE DO GRANDELA



Foi a primeira escada rolante montada em Portugal numa casa de comércio, custou 2500 contos, tinha cinco lances de 12 metros de comprimento e podia transportar seis mil pessoas  por hora.
Os Armazéns Grandela arderam há 28 anos .

AINDA CABE AÍ MAIS UM?



Bem apertados, talvez fosse possível encaixar ali mais algumas pessoas e respectivas bóias. As ondas de calor que têm afectado regiões do Sudoeste da China têm levado as autoridades a emitir alertas, aconselhando a população a reduzir ao máximo a actividade fora de casa. Mas quando não há ar condicionado entre portas e os termómetros marcam mais de 36 graus, para onde podem ir milhões de pessoas de um dos países mais populoso do mundo? Pelo menos quinze mil cabem nesta piscina de água salgada em Daying, na província de Sichuan - conhecida como "Mar Morto" da China. Pertence ao maior parque aquático indoor do país, com trinta mil metros quadrados.

Notícias Magazine -nº 1266-

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

19 DE AGOSTO - DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA

Hoje é Dia Mundial da Fotografia. Foi no dia 19 de agosto de 1839 que a Academia Francesa de Ciências anunciou ao mundo o Daguerreótipo, a primeira câmara fotográfica funcional do mundo. O equipamento foi criado por Louis Daguerre em 1837 tendo como base as descobertas de Joseph Niépce que havia conseguido, em 1826, registar a primeira imagem permanente em um processo que ele chamava de Heliografia. Niépce morreu em 1833, antes do lançamento da invenção que mudaria o mundo. Daguerre, em um ato de bondade (ou de muita esperteza) cedeu a patente da câmara para o governo francês (em troca de uma pensão vitalícia) que, por sua vez, tornou o processo de domínio público.



domingo, 7 de agosto de 2016

IPOMOEA PURPUREA

Classificação científica:

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Solanales
Família: Convolvulaceae
Género: Ipomoea



Ipomoea purpurea, a Glória da Manhã, Corda-de-viola, é uma espécie do gênero Ipomoea, nativa do México e da América Central. Esse nome que designa muitas das 500-700 espécies de Ipomoea, se deve ao comportamento das suas flores abertas durante a noite ou na luz. A palavra grega "Ips" designa verme (σκουλήκι), "ipomoea" refere-se ao seu entrelaçamento. As ipomoeas já foram designadas como "Convolvulus" e essa espécie por Convolvulus pupurea por sua cor, somente no século 20 recebeu seu nome atual Glória da Manhã (Morning Glory).
Como todas glórias-da-manhã a planta se enlaça ao redor de estruturas com seus galhos. Crescendo a uma altura de 2 a 3 metros. As folhas tem forma de coração e os galhos tem pêlos marrons. As flores são hemafroditas, com cinco pétalas, tem forma de trombeta, predominando o azul para púrpura ou branco, com 3 a 6 cm de diâmetro.
Composição bioquímica
Segundo Meira et al. foi isolada a partir Ipomoea purpurea (L.) Roth. uma glicoresina chamada ipopurpuroside, constituída da glicose, glicose , ramnose e 6-desoxi- D -glicose ligados glicosidicamente ao ácido ricinoleico. Outros glicoresinas chamadas marubajalapins I-XV, foram isolados a partir da fracção jalapina da parte de série (folhas e caules) de I.purpurea (Pharbitis purpurea). Das flores dessa espécie foram isolados e cianidinas e pelargonidinas Em estudo para a investigação de novos fontes de alcalóides ergolinicos dentro do gênero Ipomoea, a I. purpurea foi considerada uma espécies alcalóide-negativo, embora os relatórios anteriores indicaram a presença de alcalóides ergolinicos. Talvez porque I. purpurea é muitas vezes confundida com  I.tricolor uma espécie alcalóide-positivo.
Cultivo e utilização
A Ipomoea purpúrea tem ampla utilização como espécie ornamental nas regiões temperadas e tropicais, uma gama de variedades e cores tem sido selecionadas com diversas hibridizações. Uma das utilizações medicinais dessa espécie são os preparados conhecidos como essências florais Como essência floral a Ipomeia existe em vários sistemas, como no Sistema Floral de Minas, com o nome de "Ipomea", no Sistema Floral do Nordeste com o nome de "Água Azul", no Sistema Florais da Califórnia com o nome de "Morning Glory". O grande número de variedades e dificuldades de classificação por outro lado dificultam sua utilização que fundamenta-se inclusive em conhecimento étnico - tradicional da civilização asteca destruída pela colonização. Possivelmente correspondendo ou sendo similar a uma das plantas denominadas "Ololiuqui" cujas sementes triangulares tem histórico de uso como psicodélico; É possível que tanto estas assim como as sementes da Ipomoea tricolor (para alguns autores I. violacea  contenham ergina. Os efeitos da ergina são relatados como quase idênticos ao do LSD. Há controvérsias ainda quanto a ser a Ipomoea corymbosa (L.) a planta considerada mágico-medicinal conhecida na culturaasteca como ololiuhqui. Para Shultes e Hofmann (2010)  Ipomoea violacea é a planta utilizada como enteógeno nas áreas de descendentes dos Astecas (zapotecas e chatinos) em Oaxaca (México) onde é também conhecida por badoh negro, tlitlitzin além de ololiuhquium nome que designa várias sementes.
Entre as ipomoeas a espécie com maior produção e cultivo talvez seja a a Ipomoea batatas em função do aproveitamento de seus tubérculos na alimentação. Entre outras espécies do gênero (Ipomoea) podem ainda ser citadas, por seu efeito farmacológico no sistema nervoso, a Ipomoea pes-caprae com efeitos analgésicos, antiinflamatórios e a jalapa ou batata de purga Ipomoea purga também com analgésica, antiinflamatórias além de depurativa laxante, purgativa.



terça-feira, 2 de agosto de 2016

LENDAS DE PORTUGAL - 92ª - BATALHA

A SENHORA DO FÉTAL

Não longe da Batalha fica o Reguengo em cuja periferia se situa um fétal onde há dois templos. Um deles, o mais antigo, uma pequena capela; o outro já uma igreja que beneficia de regulares restauros. 
Desapareceu dali uma lapide que dava notícia da sua fundação. Alguém a copiou e por isso que se torna possível sabermos os seus dizeres:
No ano de 1585 se fez esta igreja de Nossa Senhora do Fétal, com esmolas dos fieis cristãos e se vai renovando e se vão fazendo obras com estas ditas esmolas.
Por isso poderemos localizar cronologicamente a lenda nos inícios do século XVI. E tudo começou com uma pastorinha que guardava o seu pequeno rebanho no Fétal. A rapariguinha estava triste porque a fome a apertava. Chorava, tanto mais que não podia fazer mais nada. Porem, numa nuvem de luz, apareceu junto de si uma linda senhora, que lhe fez uma festa e lhe recomendou que não chorasse. Respondeu-lhe a pastorinha que não podia com a fome. Disse-lhe a senhora que fosse ela a casa para buscar de comer que ela ficaria com o rebanho. Respondeu-lhe a menina que não valia a pena, pois a arca estava vazia. A senhora insistiu de tal modo que a rapariga desatou a correr para a aldeia, o Reguengo.
A mãe, ao escutar o que a rapariga lhe disse, desatou a rir, chamou-lhe tonta e mentirosa, ameaçando-a de se zangar. A pastorinha continuou a insistir que a mãe fosse a arca. Só para lhe ver a cara de parva quan do lhe mostrasse a arca há tanto vazia, a mulher abriu-a. Ah, mas havia lá pão para a família toda que duraria a semana inteira! Ficaram boquiabertas e deram notícia a aldeia. E a pastorinha, já regalada, foi a correr para o Fétal. Chegou lá cheia de sede e a um gesto da senhora brotou água fresca de um lugar, onde hoje há uma fonte. E que boa água!


Soube a pastorinha que estava com Nossa Senhora e ela pretendia ter ali uma capelinha. Mal o souberam, os de Reguengo meteram mãos a obra e então começaram as romagens e as festas de todas as partes da província. E quando a pequenina capela se tornou  insuficiente, ergueram a igreja maior. E a família da pastorinha sempre zelou pelas casas da Senhora do Fétal que lhes matou a fome.