terça-feira, 30 de junho de 2015

LENDAS DE PORTUGAL - LXXIX - ALFÂNDEGA DA FÉ

OS CAVALEIROS DAS ESPORAS DE OIRO

Esta lenda transmontana remonta ao séc. XII, quando os povos peninsulares travavam decidia luta com os moiros. E perto de Chacim, o Monte Carrascal era uma fortaleza moura, a derradeira no que é hoje o Nordeste Transmontano. Hoje esta zona é ocupada pelo santuário de Nossa Senhora de Balsamão, correndo ali cerca o Rio Azibo. Comandava a fortaleza, e mandava também nos arredores, o terrível emir Abdel-Ali que, para além de pesados impostos pecuniários na região, exigia o tributo de donzelas. Isto é, que a primeira noite das noivas das redondezas era passada com ele. Sanguinário, feroz e sensual, diz a lenda. No Castro, hoje Castro Vicente, a quinze quilómetros de Alfândega da Fé, nesta altura apenas Alfândega, vivia o cristão e rico homem Rodrigo Ventura de Melo com a sua filha, a bela Teodolinda. A jovem recusava todos os pretendentes por receio ao tributo de donzela. Ora o emir, sabendo que D. Rodrigo queria mudar a situação, foi a Castro reiterar o seu direito de pernada. Nessa altura viu filha do inimigo e desejou-a. Ora de Castro, foi o cristão a Alfândega pedir apoio a Pedro Malafaia, que capitaneava uma força de duzentos cavaleiros, os Cavaleiros das Esporas de Oiro. Foi com a filha, e ela e Casimiro Malafaia, filho de Pedro, enamoraram-se. E decidiram casar, embora a rapariga vivesse no terror do tributo ao emir. E os pais dos jovens planearam um ataque ao emir durante o dia do casamento. 
Porém, o emir tinha espiões por toda a parte e soube do casamento, mandando o seu melhor cavaleiro e um bando de guerreiros raptar a noiva à saída da igreja. E assim aconteceu, numa altura em que os Cavaleiros das Esporas de Oiro ainda vinham a caminho. Mas, à notícia do rapto, os povos cristãos da região levantaram-se em armas e atacaram o castelo do Monte Carrascal, impedindo que o emir violasse Teodolinda, pois tinha de estar atento à luta. Em campo aberto, moiros e cristãos lutaram desesperadamente, morrendo dezenas de homens. Diz a lenda que,  a uma súplica de Teodolinda, encerrada nos aposentos do emir, no campo de batalha apareceu uma misteriosa enfermeira que curava os feridos reabilitando-os fisicamente para prosseguirem o combate. Que era Nossa Senhora, garantem as vozes, a verdade é que ela desapareceu no final da luta.
Graça à atempada intervenção dos Cavaleiros das Esporas de Oiro, os cristãos ganharam a batalha, tendo conquistado o castelo.  E Casimiro conseguiu entrar no quarto do emir no preciso momento em que este, vendo tudo perdido, não podendo violar a jovem noiva, se preparava para a apunhalar.  A lança do noivo trespassou-o matando-o e Casimiro levou a cabeça do terrível moiro ao alto das muralhas, acabando logo ali os raros focos de resistência por parte dos últimos moiros, que ainda dominavam aquelas bandas do território português.
E o lugar da batalha, em que tantos morreram, uma verdadeira chacina, acabaria por chamar-se Chacim e a  Alfândega foi acrescentado: da Fé.      

          

segunda-feira, 22 de junho de 2015

INAUGURAÇÃO DA PONTE DA ARRÁBIDA FAZ 52 ANOS

Edgar Cardoso transformou a engenharia em evento de massas, e foi a construção da Ponte da Arrábida, união do Porto a Gaia que é agora monumento nacional, que fez dele, digamos assim, produtor de eventos. Não se leia aí ofensa, antes gratidão a um homem  que tornou apaixonante algo que outros deixariam à indiferença que junto dos leigos suscita o projeto e cálculo de estruturas de betão. Com Edgar Cardoso, as coisas eram diferentes, não apenas por o notável professor ser uma figura cativante mas também pela genialidade que transparecia da idealização de modelos laboratoriais, da busca de soluções inéditas e, sobretudo, do arrojo dessas soluções em que mais ninguém parecia acreditar. 


Quanto foi feita, a Ponto da Arrábida era um fenómeno - o maior arco de betão pré-esforçado alguma vez feito - e gente do mundo inteiro esteve no Porto à espera de a ver cair. A técnica de construção já havia sido testada em menor escala, bem perto do Porto, na ponte que cruza o rio Sousa e sobre a qual tanta gente passa sem se aperceber de que é uma miniatura da grande obra que viria depois. E que teve no fecho do cimbre - realizado em junho de 1961 e aqui documentado - o mais espetacular e fotografado momento. e, à medida que era montado, ia sendo enchido com betão. O tramo central, que fechou o arco, foi construído a montante e transportado, Douro abaixo, sobre batelões puxados  por rebocadores, sendo depois içado por gruas, postas de ambos os lados da construção. Tinha 78 metros de comprimento, pesava 500 toneladas e demorou cinco dias a chegar lá ao alto. Depois de pronto o primeiro arco de betão, o cimbre foi deslocado lateralmente para o segundo arco ser construído.
A ponte foi inaugurada a 22 de junho de 1963.

Notícias Magazine - 22.6.2015

sábado, 13 de junho de 2015

JUNTOS...


Juntos conseguimos atravessar
Todos os Montes e Vales que se avistam lá longe
Juntos, enfrentaríamos a hora da nossa morte
Só por isso, perdemos o medo
Juntos, passo a passo caminhamos
Por ti deixaria tudo
Enfrentaria o cair da noite, os meus silêncios
Serias a minha luz
O meu espelho, a minha imagem
Abandonaria tudo
Da minha velha janela, olhava a luz da lua
E com surpresa vi que estava nu
Nu neste descampado, a que chamam tempo

Por tudo que vi e senti
Os teus gestos ajudaram-me a vestir
E assim aprendi a viver ao sabor do vento.

Alberto David

sábado, 6 de junho de 2015

FLOR-CADÁVER


Amorphophallus titanum




O jarro-titã, flor-cadáver ou titan arum em inglês, (Amorphophallus titanum) é a maior e mais malcheirosa "flor" do mundo. Trata-se de fato, não de uma flor, mas de uma inflorescência apelidada de espádice. Quando desabrocha, ela chega a atingir três metros de altura e pode pesar até 75 quilogramas.
Ela exala um forte odor que atrai insetos carniceiros (principalmente besouros), por isso a fama de maior planta carnívora do mundo.
Começa sua vida como um pequeno tubérculo, então solta uma única coluna afilada que cresce furiosamente, até 16,6 centímetros por dia.
Essa planta tuberosa, cultivada em diversos jardins botânicos, permanece endemica somente às florestas tropicais do oeste da Sumatra, uma ilha da Indonésia, no Oceano Índico, onde é conhecida como "flor cadáver". Este nome pode derivar do cheiro nauseador que exala.
Quem a descobriu foi o botânico italiano Odoardo Beccari, em 1878.
Seu nome científico, Amorphophallus titanum significa, literalmente: Falo gigante sem forma
Pode viver até 40 anos, mas só floresce duas ou três vezes.

sábado, 30 de maio de 2015

LENDAS DE PORTUGAL - LXXVIII - CELORICO DE BASTO

A SANTA SENHORINHA

Deve-se a Braamkamp Freire, em Os Brasões da Sala de Sintra, uma concisa biografia de Santa Senhorinha, venerada em Terras de Basto. Pois essa biografia tem foro de lenda. E esta lenda começa com a morte de D. Teresa, a condessa de Basto, poucos dias após ter dado à luz aquela que viria a chamar-se Senhorinha. E este nome nasce da exclamação de seu pai ao vê-la tão pequena quando nasceu: "Ai! Quão miudinha és, minha senhorinha!"
Filha segunda dos condes de Basto, a menina foi educada por uma sua tia freira, Godinha por nome e irmã de Teresa. E a educação foi de tal modo que Senhorinha apenas pensava na sua entrega a Deus. Por isso, cumprindo sete anos, o filho de um conde muito rico apaixonou-se por ela. E disse-lho. Apesar da sua pouca idade, a menina respondeu-lhe que ela não estava reservada a fazer vontades a ninguém, nem ao pai nem ao pretendente. E este correu a contá-lo ao pai de Senhorinha.
O conde ficou irritado com a desfaçatez da filha, chamou-a logo. E ela lembrou-lhe que desde havia muito estava traçado o seu futuro como esposa de Deus! O conde ficou perplexo com a resposta da filha. Pensativo passou o resto do dia e, quando adormeceu, apareceu-lhe em sonho um anjo do Senhor a confortá-lo, dizendo-lhe que, afinal, Senhorinha escolhera o melhor destino e, uma vez ela tinha decidido ser esposa de Jesus, que a deixasse seguir a vocação.
Logo pela manhã, o conde contou a visão que tivera à filha e nesse mesmo dia providenciou o início da construção de um mosteiro que passaria a designar-se como de S. João de Vieira. Seria sua primeira abadessa a cunhada freira beneditina, D. Godinha. Aí, em 970, o conde assistiu à profissão de fé de Senhorinha, que tinha pouco mais de oito anos.
Quando faleceu a abadessa Godinha, Senhorinha, que lhe herdou o cargo, pressionou a família para que edificasse um novo mosteiro em Basto e nele se recolheu.
No entanto, o estado de saúde da jovem não era muito bom. Os frequentes jejuns e a mortificação com os cilícios abalaram-na muito. Porém, já a nova abadessa tinha uma áurea de santidade. Fez com que aparecesse farinha quando já não havia que comer no mosteiro de Basto, mandou também calar as rãs cujo coaxar perturbava os cantos religiosos, arredou tempestades e quebrou os grilhões com que seu irmão foi preso. Porém, depois de morta, diz a lenda que deu vista a um cego, entre outros milagres que lhe são atribuídos.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

JACARANDÁ



Félix de Avelar Brotero, botânico português que conheceu dois séculos -viveu entre 1744 e 1828- terá sido o responsável pela introdução em Portugal, em 1811, do jacarandá, uma árvore originária da América do Sul. Os primeiros exemplares terão sido plantados no Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa. Depois de aclimatizado, foi plantado por toda a capital portuguesa. O seu nome científico é Jacaranda mimosifolia e é considerada uma árvore de pequena porte, que ainda assim pode alcançar os 15 metros de altura. No inverno perde a folhagem e os seus frutos são autênticas cápsulas de madeira que, quando estão maduras, libertam centenas de sementes aéreas. 

DN -22.5.2015-

quinta-feira, 21 de maio de 2015

BORBOLETA 88


88 é o número gravado nas asas de uma borboleta, que habita o Pantanal brasileiro, e ao qual deve o nome.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

SAPO COCAS EXISTE!



Um cientista da Costa Rica anunciou a descoberta de uma nova espécie de "Sapo de Vidro" (glass frog), nas Montanhas de Talamanca. Brian Kubicki explica que o pequeno espécime semitransparente, cuja pele permite ver os órgãos, é um excelente indicador da "boa saúde deste ecossistema". A caricata imagem do sapo fez furor nas redes sociais, pelo seu aspecto curioso, de olhos esbugalhados e boa sorridente, que faz lembrar o célebre Cocas, dos Marretas. Ficamos em saber se também tem o seu característico bom humor.

Dica da Semana - 7.5.2015-

ÁRVORE DE PLÁSTICO VALE BRONZE



O fotógrafo português Eduardo Leal conquistou o terceiro prémio na edição de 2015 dos Sony World Photography Awards, na categoria de Campanha Profissional. Nascido no Porto e residente em Londres, o fotógrafo documental freelancer foi seleccionado entre 87 mi candidatos pela série de fotografias batizada de "Árvores de Plástico" ("Plastic Trees"). Este trabalho chama a atençºão para o efeito ambiental do abandono de sacos de plástico e foi produzido no planalto Altiplano, na região dos Andes, na Bolívia. Honrado com o reconhecimento, o fotógrafo espera acima de tudo que a distinção dê visibilidade ao projecto, que alerta para o problema da contaminação da natureza com sacos de plástico. Considerada uma das maiores competições de fotografia do mundo, os prémios Sony distinguiram o norte-americano John Moore com a Iris d'Or pelo trabalho "Ebola Crisis Overwhelms Liberian Capital".

Dica da Semana - 7.5.2015-

quarta-feira, 6 de maio de 2015

PAEONIE


Classificação científica:

Reino: Plantae
Classe: Angiosperms
Ordem: Eudicots
Família: Saxifragales
Género: Paeonia



Paeonia é um género de plantas com flor, frequentemente considerado como o único da família monotípica Paeoniaceae. O género tem ampla distribuição natural nas regiões temperadas do Hemisfério Norte, estando presente na Eurásia, Norte de África e oeste daAmérica do Norte. As fronteiras entre espécies deste género são pouco claras, razão pela qual as estimativas do seu número variam de 252 a 40.3 São maioritariamente plantas herbáceas, perenes, com 0,5 a 1,5 m de altura, mas algumas são arbustivas, com 1,5 a 3 m de altura.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

LENDAS DE PORTUGAL - LXXVII - ALENQUER

ALÃO QUER E A MERCEANA

Eis a lenda da Merceana. tal como a contou o primeiro investigador da história local, Guilherme Henriques em 1873:
No centro de Alenquer está o templo majestoso em honra de Nossa Senhora da Piedade, objecto de um fervoroso culto durante quinhentos anos. Conta a tradição que em 1305 um pastor de Aldeia Galega, pastando seus bois nas charnecas vizinhas,  notou que todas as tardes a certa hora lhe faltava um boi da manada chamado Marciano, tornando mais tarde a aparecer. Admirado o caso, espreitou o animal e, seguindo-lhe o rasto, foi achá-lo ajoelhado aos pés de um carvalheiro e entre a folhagem da árvore via-se uma imagem pequenina de Nossa Senhora.
O pastor apressou-se em avisar o prior de Aldeia Galega e ele com os habitantes foram buscar a imagem, e a trouxeram para a igreja paroquial. Na mesma noite, a imagem desapareceu e foram achá-la novamente no carvalheiro. Entenderam que a Senhora assim queria mostrar desejos de estar para sempre naquele sitio e por isso fizeram uma ermida ali mesmo, que logo se tornou muito concorrida pela fama dos  milagres que por intervenção da Senhora se faziam.
O pastor que  descobriu a imagem dedicou-se ao serviço da Senhora, servindo de ermitão da mesma ermida, e quando faleceu foi enterrado debaixo do altar dela. Nos anos posteriores os devotos vinham colher terra da sua sepultura para curar mos padecimentos que os afligiam.
Seguindo a lição do mesmo cronista de Alenquer, eis a lenda do cão Alão Quer, donde terá nascido o topónimo:
Conta a tradição que na manhã do dia em que teve lugar o combate final, indo o rei cristão com o seu séquito banhar-se no rio e fazer as suas correrias, notaram que um cão grande e pardo, que vigiava as muralhas e que se chamava Alão, calou-se e lhes fez muitas festas. O rei, tomando isso como um bom presságio mandou começar o ataque dizendo: "O Alão quer!", palavras que serviram como futuro apelido à vila. A batalha foi sanguinolenta e renhida e os cavaleiros cristãos fizeram prodígios de valor. Especialmente no postigo próximo onde estava a igreja de Santiago, a luta foi renhidíssima, mas os portugueses inspirados pela fé que Santiago em pessoa pelejava na sua frente, venceram todos os obstáculos e tomaram a praça.
                             

Há uma segunda tradição que diz que o cão Alão era encarregado de levar as chaves na boca todas as noites, pela muralha fora, até à casa do governador. Os cristãos, aproveitando os instintos do animal, prenderam uma cadela debaixo de uma oliveira à vista do cão que para lhe chegar galgou os muros, passando assim as chaves aos portugueses.


quarta-feira, 29 de abril de 2015

CAMPO DE CONCENTRAÇÃO - DACHAU/ALEMANHA



Faz hoje 70 anos que o Campo de Concentração em Dachau na Alemanha  foi libertado por militares norte-americanos.
Aqui, entre 1933 e 1945, estiveram presas 200 mil pessoas, entre opositores do III Reich, judeus, homossexuais, ciganos e deficientes. 40 mil morreram.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

JULES RENARD


A FANTASIA NÃO É MAIS QUE UM RAIO DE LUAR DO PENSAMENTO

segunda-feira, 6 de abril de 2015

VICTÓRIA - RÉGIA


Classificação científica:
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Nymphaeales
Família: Nymphaeaceae
Género: Viuctória
Espécie: Victória amazonica


A vitória-régia ou victória-régia (Victoria amazonica) é uma planta aquática da família das Nymphaeaceae, típica da regiãoamazônica. Ela possui uma grande folha em forma de círculo, que fica sobre a superfície da água, e pode chegar a ter até 2,5 metros de diâmetro e suportar até 40 quilos se forem bem distruibuídos em sua superfície.
Uma flor de Vitória-régia.
Sua flor (a floração ocorre desde o início de março até julho) pode ser branca, lilas, roxa, rosa e até amarela , e expelem uma divina fragrância noturna adocicado do abricó, chamada pelos europeus de "rosa lacustre", mantem-se aberta até aproximadamente as nove horas da manhã do dia seguinte. No segundo dia, o da polinização, a flor é cor de rosa. Assim que as flores se abrem, seu forte odor atrai os besouros polinizadores (Cyclocefalo casteneaea), que a adentram e nelas ficam prisioneiros. Hoje existe o controle por novas tecnologias (adubação e hormônios)em que é possível controlar o tamanho dos pratos e com isso é muito usada no paisagismo urbano tanto em grandes lagos e pequenos espelhos d'água.

Outros nomes: irupé (guarani), uapé, aguapé (tupi), aguapé-assú, jaçanã, nampé, forno-de-jaçanã, rainha-dos-lagos, milho-d'água e cará-d'água. Os ingleses que deram o nome Vitóriaem homenagem à rainha, quando o explorador alemão a serviço da Coroa Britânica Robert Hermann Schomburgk levou suas sementes para os jardins do palácio inglês. O suco extraído de suas raízes é utilizado pelos índios como tintura negra para os cabelos. Também utilizada como folha sagrada nos rituais da cultura afro brasileira e denominado como Oxibata.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

FELIZ PÁSCOA

Sentado na beira da calçada, com um ovo de chocolate pequenino nas mãos, olhar sério, aquele menino pôs-se a imaginar. Havia muitas coisas que ele não entendia, por mais que tentasse.
Durante a semana toda, na escola, na rua, em casa, em todos os lugares só se ouvia falar de Páscoa, coelhinho e ovos de chocolate.
A professora até colocou Jesus no meio da história, mas só aumentou a sua confusão; ele não conseguia organizar o pensamento.
Jesus não é aquele que nasceu no Natal?
Faz tão pouco tempo, e ele já morreu??!!
Não, decididamente ele não entendia nada. Não sabia exatamente o que uma coisa tinha a ver com a outra.
Afinal de contas, porquê comemorar, se Jesus morreu? Porquê os ovos de chocolate?
E o coelho, o que ele faz nesta história?
Complicado!
Separava somente as coisas que entendia, e sabia o que era.
Entendia que estava à espera de ganhar um ovo bem grande, daqueles que tinha visto na televisão, embrulhado num papel brilhante e com um laço de fita vermelha, que não veio, e ele sabia porquê:
O dinheiro não deu.
Ele sabia. Nem o seu pai e nem a sua mãe tinham prometido dar-lhe um ovo de páscoa; e ele sabia, também, que o coelhinho não o trazia para ninguém.
Então, como é que ele poderia satisfazer a sua vontade de comer chocolate?
Como ia passar o domingo de páscoa sem comer um ovo?
E a idéia veio assim, de repente! Porque não?
Foi até ao primeiro semáforo daquela movimentada avenida e, quando o sinal ficava vermelho ele lançava-se entre os carros e ia pedindo:
'Moço, dá-me um ovo de páscoa?'
'Senhor, poderia me dar um ovo de páscoa?'
'Moça, dá-me um ovo de chocolate?'
Assim, ia pedindo e ouvindo as mais esfarrapadas respostas, quando alguém respondia.
Até que, enfim, parou um carro velho, todo manchado de ferrugem.
Dentro, um homem com cara de bravo... Ele tomou coragem, foi até lá e arriscou o mesmo pedido:
'Moço, eu quero um ovo de páscoa'.
E qual não foi sua surpresa quando aquele homem pegou, no banco do passageiro, um embrulhinho e lho estendeu pelo vidro.

'Obrigado
'E saiu em disparada.
De volta à sua calçada, ele olhou o ovinho e sorriu feliz.
Afinal, agora ele comemoraria a Páscoa.



sábado, 28 de março de 2015

LENDAS DE PORTUGAL - LXXVI - PONTA DELGADA

AS ROSAS E O PESCADOR

Quem visita Ponta Delgada não deixa de ir visitar o Senhor Santo Cristo dos Milagres. Mesmo que vá fora do tempo das festas, a curiosidade ou a devoção impelem. E o visitante, se for bom observador,. decerto há-de notar que há uma belíssima rosa a adornar-lhe o altar. Mas saberá que essa rosa tem genealogia e vem de uma vara do século XVI? Pois vamos à lenda da roseira sempre florida, como já lhe chamaram.
No século XVI, vivia naquele convento a Madre Teresa da Anunciada. Esta religiosa passava o tempo em oração e a recolher fundos para a reconstrução da capela nova. E um dos  meios de rendimento  era um pequeno roseiral na cerca do convento, que ela própria tratava. Na altura em que chegamos está o verão em toda a sua força. E ops jardins andam pelas ruas da amargura devido à seca.
A madre Teresa da Anunciada vivia angustiada com a carência de meios. Ora num dia, que dizem ter sido quarta-feira, levantou-se cedo, como sempre, foi ouvir uma missa e rezar. Depois dirigiu-se para os seus canteiros. E logo foi a uma vara de roseira, aliás enterrada no domingo anterior. E ficou maravilhada, havia uma belíssima rosa, que ela imediatamente colheu e foi levar ao Senhor Santo Cristo dos Milagres. Depois orou diante da sua imagem.
Passados dias, a vara que normalmente deveria estar seca, encheu-se de botões de rosa bem bonitos. E durante muitos anos, sempre o Senhor Santo Cristo foi adornado daquele mesmo pé. Ora, passados alguns tempos, a madre Teresa da Anunciada entregou a alma ao Criador. A sua roseira mais querida também secou. As raízes desta foram guardadas como relíquias. Mas fixou um rebento cuja descendência chegou aos nossos dias. É lá que continua a ser colhida a rosa de adorno do Senhor Santo Cristo, e também dali saem botões de rosa para as doentes do hospital de S. José que se sentem reconfortadas ao acariciarem as suas aveludadas pétalas.
A antiga freguesia do Rosário situava-se, há uns bons séculos atrás, na zona norte da ilha de S. Miguel, entre as Capelas e Santa Bárbara. Os seus habitantes viviam da terra e do mar. Ora uma vez, um pescador dali, andando na faina, viu que, ao longe, havia um objecto que brilhava ao sol. Fez deslizar o barquinho até lá e, deu com uma bela imagem de Santo António. Apanhou-a e, muito feliz, regressou a terra.


Dirigindo-se imediatamente à igreja do Rosário, contou ao padre o que tinha acontecido, mostrando-lhe a imagem. Não tardou que todo o povo da freguesia se juntasse ao pescador, admirando aquele Santo António. E tornou-se voz comum que se tratava de um sinal de Deus para que a freguesia tomasse o seu nome. E assim a freguesia do Rosário mudou de nome, tendo a imagem do taumaturgo ocupado o melhor dos seus altares. (Mas a lenda não tem final feliz porque, não há muito, a imagem foi roubada...)

sábado, 21 de março de 2015

DIA MUNDIAL DA ÁRVORE E DA FLORESTA



O Dia Mundial da Árvore ou da Floresta celebra-se anualmente a 21 de março .Neste dia decorrem várias ações de arborização e reflorestação, em diversos locais do mundo.
O objetivo da comemoração do Dia Mundial da Árvore é sensibilizar a população para a importância da preservação das árvores, quer ao nível do equilíbrio ambiental e ecológico, como da própria qualidade de vida dos cidadãos. Estima-se que 1000 árvores adultas absorvem cerca de 6000 kg de CO2 (dióxido de carbono).
30% da superfície terrestre está coberta por florestas, sendo nestas que se realiza a fotossíntese - produção de oxigénio a partir de dióxido de carbono. As florestas são apelidadas dos pulmões do mundo, não apenas pela sua função de manutenção e renovação dos ecossistemas, como também pela sua importância em áreas estratégicas como a economia e a produção de bens e alimentos.

Origem do Dia

A celebração do Dia Mundial da Árvore ou da Floresta começou a 10 de abril de 1872, no estado norte-americano do Nebraska (EUA). O seu mentor foi o jornalista e político Julius Sterling Morton, que incentivou a plantação ordenada de árvores no Nebraska, promovendo o "Arbor Day".
Em Portugal, a 1.ª Festa da Árvore comemorou-se a 9 de março de 1913 e o 1.º Dia Mundial da Floresta a 21 de março de 1972.

A 21 de março comemora-se também o Dia Mundial da Poesia.


sexta-feira, 20 de março de 2015

PRIMAVERA



O início da primavera em 2015 ocorre a 20 de março, às 22h45. Esta é hora do equinócio da primavera, ou seja, o instante exato em que começa a primavera.

Equinócio da Primavera

Entende-se por equinócio da primavera o momento em que o sol cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre que é projetada na esfera celeste). Quando este acontecimento decorre em março, ele recebe o nome de equinócio da primavera no hemisfério norte. Já no hemisfério sul o equinócio da primavera tem lugar em setembro.

quinta-feira, 19 de março de 2015

ALGARVE

Peço-te, Algarve, que digas
Por que és terra feiticeira?
A graça das raparigas...
As flores d'amendoeira...
Os gracejos, as cantigas...
O trajar da montanheira...
Os bailaricos mandados
Com poesia brejeira...
Os doces aprimorados...
A suave medronheira...
Lendas... Mouras encantadas...
O encanto da cor trigueira
E as chaminés rendilhadas
Quem seria a bordadeira?..
Diz, Algarve, como tu és
Um amor p'ra a vida inteira!
Comer figos da figueira...
Os saborosos mariscos...
Cataplanas, que petiscos!
Tentação à bebedeira...
Nadar no mar ternura
O oceano é banheira...
Praias sem fim de lonjura
A areia é longa esteira...
O sol! O sol está despido
É um Deus à soalheira...
O luar dá-lhe um vestido
E sonhos por travesseira...
Simplesmente enfeitiçados
Os corações, os sentidos,
Há lindos olhos fechados
A ti, ALGARVE, rendidos!

Manuel Ponce 

domingo, 8 de março de 2015

FLOR-PAPAGAIO

Classificação científica:

Reino: Plantae
Ordem: Ericales
Família: Balsaminacaea
Género: Impatiens
Espécie: I. Psittacina



“Impatiens psittacina” diversamente conhecida como “flor do papagaio” ou “bálsamo do papagaio” é  uma espécie  de balsamo   do sudeste  asiático  que foi   descrito pelo  botânico    Joseph    Dalton   Hooker   e   notado   pela   sua  semelhança   com   uma
“catatua voando”. É conhecida na Tailândia, Burma e partes de India.

História
O  bálsamo   “Impatiens psittacina”   ou flor  do  papagaio,  é uma  das espécies  raras   nos estados elevados de Burma, descoberta por AH. Hildebrand, um oficial britânico. 
As  suas  sementes   foram   apresentadas   nos “Royal  Gardens”   (Kew) em 1899 e
floresceu em 1900. A sua descrição foi publicada em 1901 por Joseph Dalton Hooker. A espécie em  Kew não apresentou  sementes,  mas verificou-se que   as cápsulas não
rebentaram e espalharam sementes como em muitas “impatiens “.
A espécie cresce na pequena região bravia do norte da Tailândia (perto de Chiang Mai)
Burma e no estado nordeste indiano de Manipur. É chamada a flor  do papagaio porque
a sua flor assemelha-se a um papagaio em voo quando visto de lado.

Descrição
A  planta  é erecta,  muito  ramalhuda  e cresce compacta  atingindo  uma  altura
de cerca  de meio  metro.   Como outras espécies  “impatiens”  tem hastes espessas, as folhas  são serrilhadas. A flor é dum purpura claro e vermelho carmim. As sépalas  são
orbiculares e verde claro.  A  sépala inferior é bulbosa  afunilando   num esporão    em gancho com ponta carmim. A pétala dorsal  é orbicular sendo as pétalas laterais longas. 
Esta espécie de “impatiens” é conhecida como “Dork Nok Khaew” a qual se traduz por “Flor do Papagaio”.