sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

BOMBONS "CASAM" BOLOTA COM CHOCOLATE


A bolota, que outrora "matou" a fome no Alentejo, é pouco utilizada hoje em dia na alimentação, mas está na base de uma receita de bombons de chocolate comercializados por uma empresa de Arraiolos, no Alentejo.
O Moinho de Pisões foi criado há cerca de seis meses para se dedicar à produção e venda de ervas aromáticas e de plantas alimentares, mas a abundância de bolota na propriedade fez Teresa Barrocas alterar os planos.
"Estamos num montado de sobro e azinho e temos imensa bolota, pelo que pareceu-me interessante apostar neste produto, antes de mais porque tem proteínas, previne o cancro, faz bem à saúde e é recomendado para a alimentação", afirma a empresária. Teresa Barrocas conta que ainda experimentou confecionar outros produtos, mas não obtiveram o sucesso desejado. Não desistiu e arriscou, ao "casar" a bolota com o chocolate negro e de leite.

"Este bombon é muito simples, mas, daquilo que foi descrito pelas pessoas que provaram, tem um toque refinado", realça, mostrando-se radiante com o êxito das vendas.
A empresária, e agora pasteleira, desvenda que "a bolota é partida ao meio, longitudinalmente, para se fazer a sua seleção, é cozida ao vapor e triturada", sendo depois utilizada a sua farinha para o recheio de bombom.
"O recheio leva água, açúcar, chocolate negro e farinha de bolota e a cobertura é de chocolate de leite ou de chocolate negro", acrescenta.

Em "cima da mesa", adianta, "está a possibilidade de desenvolver novos produtos com a bolota, possivelmente bolachas, em que se relaciona novamente com o chocolate".
"A bolota tem muito pouca utilização na alimentação humana", mas "tem utilidade na alimentação animal", refere Teresa Barrocas, defendendo que o produto deveria ser mais explorado porque existe em quantidade e qualidade em Portugal.
Além dos bombons, o Moinho de Pisões comercializa ervas aromáticas, certificadas biologicamente, em sacos de pano, como segurelha e lúcia-lima, entre outras.

DN - 28 .2.2014 -







quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

LENDAS DE PORTUGAL - LXIII - ALCOBAÇA

A PADEIRA DE ALJUBARROTA

Dizem que era tão feia e tão grandalhona que muitas vezes se fazia passar por homem! Conta a lenda que terá nascido em Faro, onde o pai era taberneiro. Brites de Almeida, era o seu nome, apresentando seis dedos em cada mão! Desde criança que se mostrou de feitio desordeiro. Órfã aos 26 anos, vendeu o que tinha lá foi de vila em feira, adestrando-se no manejo das armas.
Apesar de tudo, um soldado alentejano pediu-a em casamento, tendo ela aceite se ele a vencesse em luta. Bem, o desgraçado ficou às portas da morte e Brites teve de desandar dali. Em Faro, embarcou para a Espanha, mas o barco em que seguia foi assaltado por piratas mouros, que a levaram para o Norte de África. E foi vendida como escrava.
Brites foi comprada por um homem que já tinha outros escravos portugueses. Pois ela combinou com eles matarem o dono e fugirem para Portugal. Assim aconteceu, mas na viagem de regresso, um temporal que acabou por atirar com o barco para a costa de Ericeira.
Julgando-se procurada por ter matado o soldado, Brites vestiu-se de homem e cortou o cabelo, tornando-se almocreve. E almocreve foi durante alguns anos. Até que um dia, farta de vagabundagem, foi parar a Aljubarrota, tendo sido admitida como ajudante de padeira. Ora por morte da patroa, ficou ela com o negócio, acabando mesmo por casar, já mostrando-se mulher, com um honrado lavrador.
Ora a 14 de Agosto de 1385, logo pela manhã, chegaram a Brites de Almeida, conhecida como Brites Pesqueira, os ruídos tremendos de uma tropa preparando-se para um combate. Sentindo ferver-lhe nas veias a vontade de lutar, agarrou na primeira arma que encontrou, decerto abandonada por algum ferido, e juntou-se, como um soldado mais, às tropas portuguesas.
Após a grande batalha da Aljubarrota, que se traduziu na rotunda vitória das tropas portuguesas e inglesas contra o invasor castelhano, Brites regressou a casa, contente, mas estafada. Porém, mal entrou na padaria, sentiu no ar algo estranho. Algum fugitivo castelhano estaria por ali escondido...


Então reparou que a porta do forno estava fechada, pelo que foi abri-la. E viu que estavam lá dentro sete castelhanos, fingindo-se os soldados adormecidos. Chamou-os, mas o pânico era tanto, que eles nem se mexiam. Ela, mesmo com a própria pá do seu ofício, deu-lhes tantas que os matou todos. Depois, galvanizada por isto, arregimentou gente e foi perseguir outros fugitivos, que estavam espalhados por toda a região.
Conta ainda a lenda que a pá de Brites de Almeida foi guardada como símbolo de Aljubarrota, e quando os Filipes foram reis de Portugal, o instrumento esteve entaipado numa parede. Seria retirado da parede quando D. João IV foi aclamado! E sempre que se comemorou a batalha, a pá de Brites foi exibida como relíquia! No entanto, com a idade, a padeira de Aljubarrota tornou-se numa calma esposa de lavrador...

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

AVES, FLORES, SAUDADES


Sol a sol, desde a serra até ao mar,
Das pegas-rabilongas às gaivotas,
A orquestra alada, requintado as notas,
De nascente a poente é só tocar:

Ocarinas em fila – terras-cottas
Em beirais de telhado; à beira-mar,
Flautas de abibes; harpas de luar
Em garças ribeirinhas, nas marnotas;

Ao longo das ribeiras são as filas
Dos violinos – sílvias e fringilas –
Violetas, violas-trisonoras

E no alto do céu, flamas em jogo,
A regê-los, o Pássaro de Fogo

Aeneira as grandes asas criadoras.

Emiliano da Costa

sábado, 22 de fevereiro de 2014

GRAHAM BELL


Nunca ande pelo caminho traçado,
pois ele conduz somente até onde os outros foram.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

FABRICAÇÃO DE CERVEJA

O surgimento desta bebida parece ter acontecido de forma concomitante em diversas partes do mundo antigo. Encontraram-se vestígios da sua  preparação  na antiga Mesopotâmia e no Egito. Os romanos a chamavam de cerevisia e os celtas korma. Na Idade Média existiam variedades com um teor alcoólico bastante baixo para consumo inclusive de crianças.

Hoje, ele é uma das bebidas mais consumidas no mundo e faz parte da cultura de muitos povos, mas em pouco deles se fundiu de maneira mais intima e harmónica com a sociedade e suas tradições do que no mundo germânico, especificamente na Baviera. Bebida para todas as idades e classes sociais, era preparada para crianças. adultos e anciãos, camponeses, estadistas, nobres e clérigos.
As abadias e conventos da região costumavam fabricar cerveja para consumo próprio, variando a forma de preparo segundo os diversos tempos do ano. Assim, por exemplo, a Paulaner Salvatore era elaborada pela Ordem dos Mínimos, com vistas ao jejum feito pelos monges durante a oitava da festa do Fundador. Como essa bebida, embora muito nutritiva, não quebrava o preceito, seu consumo ajudava a sustentar os religiosos nos períodos de penitência.
Muitos mosteiros beneditinos também produziam sua própria cerveja e não apenas para consumo próprio. A abadia Weltenburg, situada nas margens bávaras do Danúbio,é a que possui a mais antiga destilaria, fundada em 1050. Desde então vem produzindo sem interrupção a mesma variedade de cerveja e transcorrido um milénio sua qualidade por certo não deixa a desejar, pois consta ter sido fornecida regularmente para a mesa de Bento XVI.

O Decreto de Pureza de 1516

Ora, para produzir uma cerveja como a de Weltenburg, os ingredientes não podiam, ser mais simples: lúpulo, malte e água. Quase cinco séculos depois, esses três elementos foram sancionados num decrete promulgado em 23 de Abril de 1516 p+elo duque Guilherme IV da Baviera: o Reinheitsgebot ou  "Lei da Pureza". Além de estipular os preços do líquido dourado entre as festas de São Jorge e de São Miguel, prescreve o decreto: "Desejamos enfatizar que no futuro em todas as cidades, nos mercados e no país, os únicos ingredientes usados para a fabricação da cerveja devem ser lúpulo, malte e água. Qualquer um que negligenciar, desrespeitar ou transgredir estas determinações, será punido pelas autoridades da corte que confiscarão tais barris de cerveja."
A simplicidade e candura deste dispositivo legal não podem deixar de chamar a atenção nos nossos dias, tão pródigos em conservantes, estabilizantes, corantes, espessantes, acidulantes, aromas artificiais e demais aditivos, usados às vezes em   tais proporções que tornam difícil distinguir o sabor degustado.
Transmitido e respeitado de geração em geração, o procedimento de fabricação da cerveja alemã, muitas vezes artesanal, tem se imposto ao longo dos tempos como condição indispensável para a preparação de uma cerveja arquetípica. Muitas embalagens ostentaram com orgulho a indicação: "Fabricada de acorde com a Lei da Pureza de 1516".


Património da humanidade

No fim do ano passado, a Associação de Cervejeiros Alemães pediu à UNESCO o reconhecimento da cerveja assim fabricada como património da humanidade. A decisão poderá ser tomada em 2016, quando se comemorará o V Centenário da promulgação do mencionado decreto.
Alguns produtores, inclusive alemães, têm objetado que tal lei condena à imobilidade de algo que poderia ser aperfeiçoado. Em suma: ela é retrógrada. Mas basta analisar a questão com um pouco de isenção de ânimo para constatar quão errado  é esse posicionamento. Atualmente existem, por exemplo na Bélgica, cervejas excelentes feitas segundo outros métodos que acrescentam ingredientes tão pouco "ortodoxos" como a cerveja.
Não se trata de proibir os aprimoramentos, mas sim de proteger da voragem moderna uma tradição venerável que, queiramos ou não, está na essência de uma das mais populares bebidas dos nossos dias.

Revista Arautos do Evangelho -Fevereiro 2014 -



sábado, 8 de fevereiro de 2014

VIBURNUM



Viburnum L. é um género botânico pertencente a família das Adoxaceae. Este género já pertenceu a família das Caprifoliaceae. É constituído por aproximadamente 340 espécies.
São arbustos ou pequenas árvores, nativas das regiões temperadas do hemisfério norte, com algumas espécies se estendendo pelas regiões tropicais montanhosas da América do Sul e sudeste da Ásia. Na África, o género é encontrado confinado na Cordilheira do Atlas.
Muitas espécies híbridas e cultivares do viburnum se tornaram populares como plantas ornamentais usadas em paisagismo, devido a beleza de sua flores e bagas.


domingo, 2 de fevereiro de 2014

TARTARUGAS VERDES SÃO EXTERMINADAS PELA PESCA

Alerta: Carne das tartarugas é vendida a 72 cêntimos cada quilo em mercados clandestinos noturnos, violando as leis em vigor.


Várias tartarugas verdes, uma espécie marinha em vias de extinção, estão a ser exterminadas por pescadores em ilhas a norte de Moçambique. A sua carne é vendida à noite no mercado clandestino para consumo, denunciou o ambientalista moçambicano Carlos Serra. Carlos Serra disse que os casos mais alarmantes estão a ocorrer na ilha de Moçambique e num conjunto de ilhas à volta, que descreveu como "pontos ecológicos muito atrativos onde as tartarugas nidificam".
"Os pescadores usam a rede mosquiteira para as caçar. O que está a acontecer é uma autêntica chacina da tartaruga, cuja carne é muito apetecida. A carne chega durante a noite e entra no circuito de venda de forma clandestina a preço de 30 meticais/quilo" (72 cêntimos), disse Carlos Serra.
As tartarugas marinhas, que podem viver cem anos, são animais protegidos devido a sua importância no estudo da longevidade dos vertebrados, pois sendo animais de ciclo de vida longo, elas são usadas como modelo de investigação para se perceber como os animais superiores evoluíram para estarem aptos a suportar diferentes condições ambientais.
Algumas tartarugas "são exterminadas antes de pôr ovos. É assustador o que acontece. São muitas (as que foram mortas)", considerou Carlos Serra, que publicou nas redes sociais dois vídeos onde se podem ver carcaças de inúmeras tartarugas verdes abatidas nos últimos dias.

DN -2.2.2014-