quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

LENDAS DE PORTUGAL - XXVI CARTAXO -

As panelas de libras e a cobre

Quando as tropas napoleónicas invadiram o nosso país, a par das operações militares, faziam assaltos às casas da população civil, levando consigo tudo quanto encontrassem de valor. Ora, obrigadas a fugir de um lado para o outro, as populações tiveram de ocultar os seus valores. As mais das vezes, metiam-nos em panelas de barro e em baús e enterravam-nos. Acantonados em Santarém, aqui tinham a base para todo a espécie de desmandos. Diz a lenda que tudo pilhavam "numa área de vinte léguas em redor"!
Entretanto, as populações procurava abrigar-se. E nas bandas do Cartaxo, os de Ereira foram acolher-se ao Bicho Feio, assim como um grande parte das gentes de Pontével se acolheu à vizinha Quinta da Fonte da Telha, onde existia um nicho de almas que, segunda a lenda, lhes daria protecção. Aí houve alguma organização, determinando-se que cada qual procurasse esconder, sobretudo enterrar, os seus melhores pertences até à chegada de melhores dias. É verdade que houve muitos que morreram ou foram mortos sem poderem desenterrar os seus valores, perdendo-se estes no segredo cujos donos levavam para a cova! E o interessante é que aquela comunidade temerosa do inimigo comum, defendia-se também dos seus próprios instintos, fazendo correr: "No Bicho Feio existe um tesouro. Quem o encontrar, morrerá sem dele desfrutar."
Porém, nem todos têm receado a maldição, sobretudo com o correr dos anos, chegando-se a uma altura em que não se sabe o que é de cada um. No entanto, a verdade é que ninguém tem conseguido deitar a mão ao mais pequeno espólio, quanto mais tesouro!
Falando-se de tesouros, mesmo que estes sejam provenientes de situações aflitivas como estas, a um par de séculos de nós, a verdade é que entra no jogo das lendas uma qualquer moura encantada. Pois não vamos deixar fugir a história desta.
Ela era bem linda e encontra-se, vejam lá!, junto a fonte do Bicho Feio. Pois aí mesmo a moura encontrou um homem que andava à caça. Ela gostou dele e ele dela, logo ali trocaram promessas e juramentos de amor. Bem, mas aquilo foi tão de repente que, passado algum tempo, o caçador lembrou-se que, afinal, ainda tinha de ir a sua casa e ela que o esperasse ali, pois não tardaria a regressar.
Bem esperou a linda moura...
Nunca mais voltou o seu apaixonado à fonte do Bicho Feio!
Todos os dias, a linda moura ia para ao pé da fonte esperar pelo caçador. E tantas vezes o fez que acabou por transformar-se numa cobra e,desde aquela altura, ainda não acabou a sua solidão.
E é curioso verificar, vão lá ver um destes dias!, que apesar da fonte ser de mergulho, as suas águas nunca estão quietas. Ao anoitecer elevam-se umas vozes num canto tão suave como triste.Olhando as águas nestas circunstâncias, vê-se a formação de imagens, uma delas será o vulto da infeliz moura. E quem ali passa escuta também o rastejar da cobra a caminho da água. Diz ainda a lenda que nas noites de maior calor tudo isto se escuta num bom espaço...

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

TRIO ODEMIRA - Anel de Noivado

A MINHA OPINIÃO

TRIO ODEMIRA - 50 ANOS

Vi ontem um concerto do Trio Odemira na televisão para assinalar os 50 anos de existência (1955 - 2005).
A primeira vez que vi e ouvi este grupo a cantar foi em 1971 em Lisboa, num restaurante de Fado. Foi o meu primeiro contacto com a música portuguesa. E gostei!
As vozes dos dois irmãos Júlio e Carlos Costa já estão um pouco mais fracas mas a melodia continua lá. Quando cantaram "Malagueña" o Júlio conseguiu aguentar aquele tom agudo até ao máximo.
Foi bom recordar as canções antigas e também ouvir de novo a minha canção preferida: "Anel de Noivado".
Podem ver o vídeo em cima publicado; espero que também gostem.
Werngard

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

NOTÍCIA DA SEMANA


15 minutos de riso mudam a vida

Com 15 minutos de riso por dia ganham-se quatro anos e meio de vida. Mas há mais. Para mostrar que rir é mesmo o melhor remédio, um estudo indica que as pessoas que combatem o stress com o riso têm menos 40% de possibilidade de sofrer um enfarte ou um derrame e têm menos dores nos tratamentos dentários. E ainda não se pode esquecer como o riso contribui para o emagrecimento: 15 minutos equivale a menos 40 calorias.
"O humor e a felicidade são genuinamente humanos", explicou, citada pelo "El Mundo", Natalia López Moratalla, professora de bioquímica da Universidade de Navarra, que liderou o estudo. Acrescentou ainda que ao prolongar-se os sentimentos negativos, o corpo humano começa a "esgotar-se", prejudicando o organismo.
Este estudo foi apresentado num vídeo intitulado "Cérebro feliz: o riso e o sentido de humor". E se este indica que rir faz bem à saúde, um outro, da Universidade de Stanford, nos EUA, centrou-se nas vantagens do emagrecimento. Com os mesmos 15 minutos, pode perder-se até 40 calorias. A investigação indica ainda que rir 100 a 200 vezes por dia implica o mesmo esforço cardiovascular de dez minutos de corrida.
Mulheres preferem humor inteligente.
Para um homem, a chamada "piada fácil" serve para rapidamente rir. Já as mulheres analisam mais. O resultado é o mesmo, o processo cerebral é que é mais longo, segundo Natalia López Moratalla. "Primeiro usamos as áreas do cérebro que processam as palavras e tentam perceber que aquilo que ouve ou lê não faz sentido. Nesta primeira etapa, praticamente não há diferenças entre homens e mulheres", referiu. É na segunda de três fases que se revela a diferença. O feminino percorre mais áreas do cérebro até entender a razão para rir.
As mulheres utilizam a parte do cérebro que processa os sentimentos. A detecção do "erro" (que dá origem à piada) é recompensado com uma agradável emoção. E tudo graças à dopamina, também conhecida como hormona da felicidade. As mulheres dão mais atenção aos conteúdos semânticos, comparando com dados memorizados. Segundo Natalia López Moratalla, é por isso que se diz que as mulheres preferem o "humor inteligente".
Enquanto as mulheres fazem uma ligação entre o conhecimento e a emoção para depois rir, o homem separa as duas áreas, evitando a análise à piada, fazendo com que riam com mais facilidade.
DN -27.12.2010-

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Uma História de Natal

História de um muro branco e de uma neve preta

Este conto (se o é) de José Saramago tem origem em duas crónicas “Um Natal Há Cem Anos”e “A Neve Preta”, publicadas no jornal A Capital no final dos anos 60.

A terra, àquela hora, cobria-se de uma noite tão escura que parecia impossível que dela pudesse nascer o Sol. Não tem chovido, as tempestades andam por longe, o rio descansa da sua primeira cheia de Inverno, os charcos são de mercúrio. O ar está frio, parado, e estala quando respiramos, como se nele se suspendesse uma ténue rede de cristais de gelo. Há uma casa e luz lá dentro. E gente: a Família. Na lareira ardem grossos troncos de lenha de donde se desprendem, lentas, as brasas. Quando à fogueira se lhes juntam gravetos, ramos secos, um punhado de palha, a labareda cresce, divide-se em trémulas línguas, sobe pela chaminé encarvoada de fuligem, ilumina os rostos da Família e logo volta a quebrar-se. Ouve-se o ferver das panelas, o frigir do azeite onde bóiam as formas redondas das filhós, entre o fumo espesso e gorduroso que vai entranhar-se nas traves baixas do telhado e nas roupas húmidas. São talvez nove horas, as modesta mesa está posta, o momento é de paz e de conciliação, e a Família anda pela casa, confusamente ocupada em pequenos trabalhos, como um formigueiro.
Não tarda que saiam todos para o quintal. Vai ser lançado ao ar o foguete de três respostas. Esse que, cumprindo a tradição, anunciará aos vizinhos que naquela casa já a última filhós saiu do tacho, a escorrer, e foi cair no alguidar profundo onde aguardará o retoque final da canela e da calda de açúcar. Entre portas, a Criança vê a Família a sorrir, fazendo e desfazendo grupo ao redor do Avô, que sopra um rição trazido da lareira e o aproxima do cartucho de pólvora amarrado ao caniço. Tinha pedido que o deixassem ajudar, mas responderam-lhe como das outras vezes:”Ainda és muito pequeno, para o ano que vem”. A Família tem razão: é preciso ter cuidado com as crianças.
A pólvora inflama-se bruscamente, lança um jacto de fagulhas vivíssimas, silva como uma serpente, e logo é um dragão rugindo que sobe para o ar gelado, corta-o como uma espada de fogo, e lá muito no alto, quase tocando as primeiras estrelas, estala, estraleja, cobrindo os ecos do outro foguete distante. O caniço desce com uma luz mortiça que desmaia, e vai cair longe, nos olivais que rodeiam a casa, sobre as ervas cobertas de geada. Com este tempo não há perigo que pegue fogo às árvores. De súbito, a Família diz que está frio e volta para casa, levando entre os braços, entre os anéis, entre os tentáculos, a Criança a quem não deixaram ajudar a lançar o foguete. Tinham deixado a porta aberta. O interior da cozinha arrefecera. A Avó acode a espalhar na fogueira uma mão-cheia de aparas, desgalha um ramo seco de oliveira, parte-o com as mãos calejadas, mas é com suavidade que depois chega os troços à chama, como se estivesse a alimentá-la. O lume hesita, escolhe o lado mais acessível da lenha, e depois, indiferente, alheado, a pensar noutra coisa, recomeça o seu eterno ofício de fabricante de cinzas.
A Família gira em redor da mesa, arruma-se nas poucas cadeiras que há, trazidas algumas de outras casas, uns quantos escabelos pouco firmes, um caixote velho posto em pé. Os rostos estão sorridentes e corados, e têm nomes e apelidos, mas, para a Criança, são, antes de tudo, os Pais, os Avós, os Tios, os Primos, um enorme e complicado corpo de animal que lhe lembra a história da Bicha-de-Sete-Cabeças ou o Dragão-Que- Não-Dorme. Sobre a mesa trava-se uma gesticulação ruidosa de facas e garfos, de mãos, de dentes, uma contínua mastigação que deforma os rostos e engordura as bocas. Contam-se casos, anedotas, todos riem. O frio está lá fora, e a geada, e a noite impenetrável. A Criança anima-se, já esqueceu a decepção, para o ano talvez a deixem lançar o foguete sozinha. Também tem uma história para contar, só está à espera de uma pausa, de um momento mágico em que todos se calem, acaso emudecidos por um anjo que passou deixando apenas a imagem de um dedo imperioso sobre os lábios cerrados. O momento está a chegar por fim, calam-se as bocas da Família, é agora ou nunca, a Criança inspira fundo, rompe o silêncio, começa a falar. A Família olha surpreendida, dá alguma atenção, mas não muita nem por muito tempo, não dura, não pode durar, as vozes regressam do silêncio, e é o Pai que corta a narrativa com uma frase que faz rir toda a gente. Uma frase que vai fazer chorar a Criança. Porque o Menino, a Criança é um menino, levanta-se da mesa, abre a porta, separa-se da Família e desce os degraus de pedra que conduzem ao mundo. Ali adiante há um muro caiado, baixo, como uma varanda dando para terras ignotas. A Criança vai debruçar-se sobre o muro, deixa cair a cabeça sobre os braços cruzados, e o terrível nó das lágrimas desata-se dentro de si. Da casa vêm risos e vozes, alguém fala muito alto, e depois soam gargalhadas. Ninguém está pensando na Criança.
Faz muito frio. Visto daqui, o céu parece estar feito de veludo negro. E há estrelas. Duras, nítidas, implacáveis, quase ferozes. A Criança levanta os olhos. Lá estão elas a brilhar. Olhadas através das lágrimas, as estrelas são diferentes. Mundo estranho, estranho mundo este. Sob os passos da Criança, o chão duro e gelado range. E, em frente, as árvores negras, misteriosas, onde à noite os grandes medos se vão esconder, tomam o ar confidencial de quem conhece todos os segredos futuros, a hora e o lugar onde acontecerá o terceiro nascimento, e o quarto, e o quinto, todos os aqueles que ainda esperam a esta Criança, até mesmo quando de havê-lo sido já não lhe restar memória.
As Crianças estão sempre a nascer. Às vezes nascem de explosivas alegrias, de achados incríveis, de deslumbramentos únicos, nas o mais frequente, uma vez após outra, é nascerem de cada tristeza sofrida em silêncio, de cada desgosto padecido, de cada frustração imerecida. Há que ter muito cuidado com as Crianças, nunca me cansarei de o dizer. Um dia uma Professora teve uma ideia de Professora e mandou aos seus alunos que fizessem uma composição plástica sobre o Natal. Claro está que não empregou esta linguagem, o que disse foi: “Façam um desenho sobre o Natal. Usem lápis de cores, ou aguarelas, ou papel de lustro, o que quiserem. E tragam na segunda-feira”. Uns com lápis, outros com aguarelas, outros com papel recortado, alguns pintando com os dedos, todos cumpriram o melhor que puderam. Apareceu tudo quanto é costume nestes casos: o presépio, os reis magos, os pastores, São José, a Virgem e, inevitavelmente, o menino Jesus. Bem feitos uns, mal feitos outros, toscos ou esmerados, os desenhos caíram na segunda-feira em cima da secretária da Professora. Ali mesmo ela os viu e lhes pôs nota. Ia marcando “bom”, “mau”, “suficiente”, como se com esses juízos os marcasse para a eternidade. De repente. Ah, quantas vezes teremos de dizer que é preciso muito cuidado com as crianças. A Professora segura um desenho nas mãos, um desenho que não é melhor nem pior que os outros. Mas ela tem os olhos fixos, está confusa, perturbada: o desenho mostra a invariável manjedoura, a vaca e o burrinho, e toda a respeitante figuração. Sobre esta cena já sem mistério cai a neve, e esta neve é preta. Porquê?
“Porquê?”, pergunta a Professora à Menina que fez o desenho. A Menina não responde.
Talvez mais nervosa do que quereria mostrar, a Professora insiste. Há na sala os risos cruéis e os murmúrios de troça que sempre aparecem em ocasiões destas. A Menina está de pé, muito séria, um pouco trémula. E responde, por fim “Pintei a neve preta porque foi nesse Natal que a minha mãe morreu”. Fez-se silêncio e a Professora pensou, assim o veio a contar mais tarde “À Lua já chegámos, mas quando e como conseguiremos chegar ao espírito de uma criança que pintou a neve preta porque a mãe lhe morreu?”
Muitos anos depois de estas histórias terem acontecido, contei-as a uma outra Menina, que me perguntou: “E eles ainda estão tristes?”. Nessa altura disse-lhe que sim, que há tristezas que o tempo não consegue apagar, mas hoje conforta-me a ideia de que talvez o Menino do Muro Branco e a Menina da Neve Negra se tenham encontrado na vida, e que talvez por causa deles o mundo já esteja a mudar sem que nós tenhamos dado por isso.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ZÍNIA

Nome Científico: Zinnia elegans
Sinonímia: Zinnia violacea, Zinnia peruviana
Nome Popular: Zínia, capitão, moça-e-velha, canela-de-velho, zínia
Família: Asteraceae
Divisão: Angiospermae
Origem: América do Norte
Ciclo de Vida: Anual

A zínia é uma florífera anual de verão, muito apreciada por jardineiros de todo o mundo. Suas flores pequenas são reunidas em capítulos solitários, grandes, que podem ser simples, semi-dobrados ou dobrados. Estes apresentam diversas cores vivas, como o rosa, amarelo, vermelho, branco, roxo, laranja, creme, entre outras, além de listrados ou bicolores. Sua folhagem também é muito vistosa, tornando-a uma planta excelente para compor maciços e bordaduras no jardim, assim como fica óptima em floreiras e vasos. Ocorrem ainda variedades anãs. A zínia também é muito apreciada para o corte e apresenta grande durabilidade.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

JOHN FITZGERALD KENNEDY


Pode-se enganar a todos por pouco tempo,
pode-se enganar alguns o tempo todo,
mas não se pode enganar a todos o tempo todo!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

UMA AUTÊNTICA TRAGÉDIA EM 5 ACTOS!


CONSEGUEM LER SEM RIR ?
Transmito explicação de um operário português, acidentado no trabalho, à sua companhia seguradora. A Cia. de Seguros havia estranhado tantas fracturas, e numa só pessoa num mesmo acidente. Chamo a atenção para o facto de que se trata de um caso verídico, cuja transcrição foi obtida através de cópia dos arquivos da companhia seguradora envolvida. O caso foi julgado no Tribunal da Comarca de Cascais - Portugal.
À Cia. Seguradora.
Exmos. Senhores,
Em resposta ao seu gentil pedido de informações adicionais, esclareço: No quesito nr. 3 da comunicação do sinistro mencionei: 'tentando fazer o trabalho sozinho' como causa do meu acidente. Em vossa carta V. Sas. me pedem uma explicação mais pormenorizada. Pelo que espero sejam suficientes os seguintes detalhes:
Sou assentador de tijolos e no dia do acidente estava a trabalhar sozinho num telhado de um prédio de 6 (seis) andares. Ao terminar meu trabalho, verifiquei que haviam sobrado 250 kg de tijolos. Em vez de os levar à mão para baixo (o que seria uma asneira), decidi colocá-los dentro de um barril, e, com ajuda de uma roldana, a qual felizmente estava fixada num dos lados do edifício (mais precisamente no sexto andar), descê-lo até ao térreo. Desci até ao térreo, amarrei o barril com uma corda e subi para o sexto andar, de onde puxei o dito cujo para cima, colocando os tijolos no seu interior. Retornei em seguida para o térreo, desatei a corda e segurei-a com força para que os tijolos (250kg) descessem lentamente. Surpreendentemente, senti-me violentamente alçado do chão e, perdendo minha característica presença de espírito, esqueci-me de largar a corda. Acho desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade. Nas proximidades do terceiro andar dei de cara com o barril que vinha a descer. Ficam, pois, explicadas as fracturas do crânio e das clavículas. Continuei a subir a uma velocidade um pouco menor, somente parando quando os meus dedos ficaram entalados na roldana. Felizmente, nesse momento já recuperara a minha presença de espírito e consegui, apesar das fortes dores, agarrar a corda. Simultâneamente, no entanto, o barril com os tijolos caiu ao chão, partindo seu fundo. Sem os tijolos, o barril pesava aproximadamente 25kg. Como podem imaginar comecei a cair vertiginosamente, agarrado à corda, sendo que, próximo ao terceiro andar, quem encontrei? Ora, pois, o barril que vinha a subir. Ficam explicadas as fracturas dos tornozelos e as lacerações das pernas. Felizmente, com a redução da velocidade de minha descida, veio minimizar os meus sofrimentos quando caí em cima dos tijolos em baixo, pois felizmente só fracturei três vértebras.. No entanto, lamento informar que ainda houve agravamento do sinistro, pois quando me encontrava caído sobre os tijolos, estava incapacitado de me levantar, porém pude finalmente soltar a corda. O problema é que o barril, que pesava mais do que a corda, desceu e caiu em cima de mim fracturando-me as pernas.
Espero ter fornecido as informações complementares que me haviam sido solicitadas. Outrossim, esclareço que este relatório foi escrito por minha enfermeira, pois os meus dedos ainda guardam a forma da roldana.

domingo, 28 de novembro de 2010

ADVENTO

O Advento (do latim Adventus: "chegada", do verbo Advenire: "chegar a") é o primeiro tempo do Ano litúrgico, o qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.
Origem
A primeira referência ao "Tempo do Advento" é encontrada na Espanha, quando no ano 380, o Sínodo de Saragossa prescreveu uma preparação de três semanas para a Epifania, data em que, antigamente, também se celebrava o Natal. Na França, Perpétuo, bispo de Tours, instituiu seis semanas de preparação para o Natal e, em Roma, o Sacramentário Gelasiano cita o Advento no fim do século V.
Há relatos de que o Advento começou a ser vivido entre os séculos IV e VII em vários lugares do mundo, como preparação para a festa do Natal.
No final do século IV na Gália (actual França) e na Espanha, tinha carácter ascético com jejum, abstinência e duração de 6 semanas como na Quaresma (quaresma de S. Martinho). Este carácter ascético para a preparação do Natal se devia à preparação dos catecúmenos para o baptismo na festa da Epifania.
Somente no final do século VII, em Roma, é acrescentado o aspecto escatológico do Advento, recordando a segunda vinda do Senhor e passou a ser celebrado durante 5 domingos.
Só mais tarde é que o Advento passou a ser celebrado nos seus dois aspectos: a vinda definitiva do Senhor e a preparação para o Natal, mantendo a tradição das 4 semanas. A Igreja entendeu que não podia celebrar a liturgia, sem levar em consideração a sua essencial dimensão escatológica.
Surgido na Igreja Católica, este tempo passou também para as igrejas reformadas, em particular à Anglicana, à Luterana, e à Metodista, dentre várias outras. A igreja Ortodoxa tem um período de quarenta dias de jejum em preparação ao Natal.
A coroa de advento
Hoje, na Alemanha, a Coroa de Advento está dentro de Igrejas, de escolas e até de residências particulares. É impossível se imaginar os festejos de Advento sem a presença da referida e suas quatro velas queimando durante os 24 dias. Pois andei pesquisando a respeito. A Coroa de Advento não é antiga. Ela foi concebida em Hamburgo, há mais de cem anos. Havia muitas crianças órfãs naquela cidade portuária. Meninas e meninos sem tecto que perambulavam pelas ruas pedindo esmolas. Conhecemos este “filme”.
As coisas não precisam ser sempre assim. Um pastor evangélico luterano morava naquela cidade. Seu coração pulsava por aquelas meninas e por aqueles meninos “sem eira nem beira”. Mexe daqui, puxa dali, ele construiu uma enorme casa onde passou a abrigar o máximo possível de crianças de rua. Naquela casa o povo miúdo tinha espaço para dormir e fazer suas refeições. Mais do que isso: tinha a chance de aprender uma profissão. Muitos saíram dali formados como sapateiros, desenhistas, costureiras e até jardineiros. A ideia era que, assim, não precisariam mais perambular pelas ruas pedindo esmolas, uma vez que juntavam seus próprios dinheiros a partir do suor do seu rosto.
Foi assim que, em 1833, nasceu a “Rauhes Haus” (Casa Rústica). O pastor visionário chamava-se Johann Heinrich Wichern (*1808 +1881). Todo ano ele celebrava o tempo de Advento com meditações, cânticos e reflexões que enfocavam este tempo bonito que antecede o Natal. Para contextualizar aqueles momentos o pastor Wichern pendurou uma roda velha, dessas que ainda hoje se vê em carroças, no tecto na “Casa” que dirigia. No primeiro domingo de Advento colocou a primeira grande vela a queimar sobre a roda. Depois, nos seis dias seguintes, seis velas pequenas. Daí, no segundo domingo de Advento, novamente a segunda vela grande... Um dia antes do Natal queimavam 24 velas referida roda.
Corria o ano de 1840. As meninas e os meninos que moravam na referida casa gostavam muito daqueles encontros. A roda ia iluminando mais e mais a sala, a medida que o Natal se aproximava. Cada vela tinha o seu significado. Foram eles, as meninas e os meninos, que “baptizaram” aquele tempo de “Meditação das Velas”. Passaram-se dois anos e aquela pequena Comunidade decidiu enfeitar a roda iluminada com ramos de pinheiro (sinal de vida). Foi assim que nasceu a primeira Coroa de Advento dentro da Igreja Luterana.
Muitas pessoas que visitavam a “Rauhes Haus” achavam aquele símbolo muito significativo. Como nas suas moradias particulares não havia muito espaço para uma Coroa de Advento com 24 velas, optaram por uma menor com quatro, uma para cada domingo. Viva o Advento, esse tempo no qual nos preparamos para receber a visita que vem: Jesus Cristo!

domingo, 21 de novembro de 2010

LENDAS DE PORTUGAL - XXV - PAMPILHOSA DA SERRA

O morto que falou
Conta a lenda que, certa vez, ao fundo do sítio chamado Reboludo, em Pampilhosa da Serra, estava um homem a cortar a pernada de um castanheiro. Porém, em vez de se sentar onde deveria, empoleirou-se, isso sim, na parte que havia de cair. E serrava, serrava. A dada altura, passou por ali um almocreve, que se dirigia a Fajão. Viu o que estava para acontecer e logo se dirigiu ao serrador:
"Boa tarde, o senhor vai desculpar-me, mas está sentado na parte da pernada que vai cair ao chão..."
O serrador olhou-o irritado e respondeu-lhe:
"Olhe lá, meta-se na sua vida! Eu sei muito bem o que estou a fazer!"
Irritado com a má recepção da sua sensata observação, o almocreve ripostou:
"Ai ele é isso? Pois passe muito bem!"
E foi-se embora. Naturalmente, o serrador acabou de cortar a pernada e veio por ali abaixo, dando com o corpo no chão. E pensou que se o outro adivinhara o que se iria passar deveria ser santo. Largou então a correr atrás do almocreve, apanhando-o à entrada de uma ponte.

"Ouça lá, bom amigo, já que adivinha tudo tão bem, diga-me lá quando é que vou morrer..."
"Bem", respondeu o almocreve, admirado de tanta ingenuidade, "o senhor carregue o seu burro de madeira e vá andando com ele até Fajão. Quando ele der o terceiro traque o senhor morre!"
O Homem serrou mais madeira, carregou o burro e lá o foi conduzindo a caminho de Fajão. Daí a nada, o burro, experimentando uma passada sobre umas pedras soltas, deu um traque.
"Mau", exclamou o homem. "O primeiro já saiu!"
Não tardou que o burro, de novo em apuros, devido ao carrego, lá deixou escapar outro.
"Oh, diabo! Isto agora é a sério! Já só me falta um! Tenho de tomar providências!"
O homem agarrou num bocado de cortiça, fez uma rolha e meteu-a no rabo do burro. Conseguiria suster o terceiro traque? Porém, ao entrar na calçada de Reboludo, o burro, aflito, largou gás e a rolha foi bater na testa do homem, que abriu os braços e deixou-se cair, considerando-se morto. As gentes de Fajão, vendo o burro chegar à aldeia, foram procurar o dono e encontraram-no estendido. O barbeiro verificou o óbito. Meteram o corpo num caixão e quiseram fazer-lhe o funeral. Iam em cortejo, já com orações e cantilenas, quando chegaram ao sítio das Almas, onde o caminho se bifurca: um atravessa a aldeia e o outro vai directo ao cemitério. Discutiram o itinerário, a ponto de alguém dizer que fosse o morto a decidir. Então o homem sentou-se no esquife e disse:
"Quando eu era vivo costumava ir por ali, agora que estou morto, vocês vão lá por onde entenderem!"
E tornou-se a deitar. E os do funeral levaram-no por onde ele disse que ia em vida...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O ABRAÇO

É demonstração de afecto
Carinho e muito amor
É saudade e lágrima
Mas também o calor
Abraço é amar
É querer aconchego
É sentir um amigo
Com todo o seu apego
Podemos abraçar
Uma causa uma pessoa
Abraço é abraço
É cingir e cercar
É não sentir espaço
Abraçar uma causa
É o que nos faz sentir
Que quem luta acredita
E nunca deve desistir
Abraçar uma criança
Transmitir-lhe carinho
É dizer-lhe com os braços
Que nunca estará sozinho
Abraçar um amigo
Com toda a fraternidade
E como dizer estou aqui!
Para a toda a eternidade
Abraçar um amor
Com toda a compreensão
É desatar todos os nós
E fazer um laço de união
Vamos assim abraçar
Uma criança, uma causa
Um amigo e o nosso amor?
Custa tão pouco abraçar...
Acreditem não dá dor!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Classificação científica:
Reino:
Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malvales
Família: Malvaceae
Género: Malva

Malva L. é um género botânico, bem como o nome vulgar de diversas espécies de plantas herbáceas da família Malvaceae. O género distribui-se geograficamente pelas regiões tropicais, subtropicais e temperadas de África, Ásia e Europa. As suas folhas são alternadas, lobadas e palmadas. As flores medem de meio a 5 cm, com cinco pétalas rosa ou brancas.
Algumas espécies são utilizadas como plantas ornamentais em jardins, enquanto outras são invasivas, como na América, continente onde foram introduzidas.
Algumas são comestíveis como verdura. A M. verticillata é produzida, em escala limitada, na China.
Além da Malva medicinal existe a Malva têxtil, que chega a 3 metros e serve para a fabricação de fibras para confecção de roupas e artesanatos.
O exemplo fotográfico abaixo trata-se de um equivoco grave, mas infelizmente frequente entre duas plantas parecidas e entre um nome que se popularizou no Brasil por essa semelhança e o nome científico! Ou seja a planta da foto não é a medicinal! É até tóxica, não se deve fazer chá dela! No Brasil chamada de Malva e até em revistas aparecendo erroneamente como Malva Silvestris a foto abaixo mostra uma planta semelhante de outra família! Trata-se não da Malva Silvestris com as propriedades medicinais frequentemente indicadas, mas sim de Pelargonium Graveolens, um Pelargonium da família das Geraniaceae, uma planta usada para afastar mosquitos na Europa! Não para fazer chá!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

sábado, 6 de novembro de 2010

NOTÍCIA DA SEMANA

Açafrão em vez de ópio

De acordo com números da ONU, a área de cultivo do ópio foi reduzida de dois mil para quinhentos hectares na região de Herat (Afganistão), nos últimos anos. Em simultâneo, grupos de mulheres afegãs organizados em cooperativas são incentivados a plantar as flores do crocus, a planta cujos estigmas são transformados em açafrão: à razão de cem mil flores para um quilo da especiaria. De acordo com as autoridades locais, o açafrão rende aos agricultores da região 6500 euro por ano e por hectare, o triplo do que obtinham com a cultura das papoilas para a preparação do ópio. Esse lucro é um dos argumentos mais fortes para convencer as populações a abandonarem a agricultura que sustenta o tráfico da droga e a produzirem alimentos tradicionais. O mais poderoso adversário desta reconversão pacífica e o que justifica a presença e o apoio de tropas internacionais - como as italianas estacionadas na região - é a resistência dos senhores da guerra, que atacam os camiões que transportam os bolbos para cultivo do açafrão e matam os motoristas. O exército transalpino tem ajudado cooperativas de mulheres no acesso ao microcrédito e, quando o transporte por terra falha, mandam helicópteros suprir as necessidades e dar protecção. Aos poucos, o azul da flor do crocus substitui o vermelho das papoilas nos campos de Herat.


NS - 6.11.2010




sexta-feira, 5 de novembro de 2010

RIR É O MELHOR REMÉDIO

Numa manhã, a professora pergunta ao aluno:
- Diz-me lá, quem escreveu 'Os Lusíadas'?
O aluno, a gaguejar, responde:
-Não sei, Sra. Professora, mas eu não fui.E começa a chorar.
A professora, furiosa, diz-lhe:- Pois então, de tarde, quero falar com o teu pai.
Em conversa com o pai, a professora faz-lhe queixa:
-Não percebo o seu filho. Perguntei-lhe quem escreveu 'Os Lusíadas' e ele respondeu-me que não sabia, que não foi ele...
Diz o pai:- Bem, ele não costuma ser mentiroso; se diz que não foi ele, é porque não foi. Já se fosse o irmão...
Irritada com tanta ignorância, a professora resolve ir para casa e, na passagem pelo posto local da G.N.R., diz-lhe o comandante:- Parece que o dia não lhe correu muito bem...
- Pois não, imagine que perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas' e respondeu-me que não sabia, que não foi ele, e começou a chorar.
O comandante do posto:- Não se preocupe. Chamamos cá o miúdo, damos-lhe um 'aperto', vai ver que ele confessa tudo!
Com os cabelos em pé, a professora chega a casa e encontra o marido sentado no sofá, a ler o jornal. Pergunta-lhe este:- Então o dia correu bem?
- Ora, deixa-me cá ver. Hoje perguntei a um aluno quem escreveu 'Os Lusíadas'.Começou a gaguejar, que não sabia, que não tinha sido ele, e pôs-se a chorar.O pai diz-me que ele não costuma ser mentiroso. O comandante da G.N.R.quer chamá-lo e obrigá-lo a confessar. Que hei-de fazer a isto?
O marido, confortando-a:- Olha, esquece. Janta, dorme e amanhã tudo se resolve. Vais ver que se calhar foste tu e já não te lembras...!

domingo, 31 de outubro de 2010

HALLOWEEN ou DIA DAS BRUXAS


Introdução
O Halloween é uma festa comemorativa celebrada todo ano no dia 31 de Outubro, véspera do dia de Todos os Santos. Ela é realizada em grande parte dos países ocidentais, porém é mais representativa nos Estados Unidos. Neste país, levada pelos imigrantes irlandeses, ela chegou em meados do século XIX.
História do Dia das Bruxas
A história desta data comemorativa tem mais de 2500 anos. Surgiu entre o povo celta, que acreditavam que no último dia do verão (31 de Outubro), os espíritos saiam dos cemitérios para tomar posse dos corpos dos vivos. Para assustar estes fantasmas, os celtas colocavam, nas casas, objectos assustadores como, por exemplo, caveiras, ossos decorados, abóboras enfeitadas entre outros.Por ser uma festa pagã foi condenada na Europa durante a Idade Média, quando passou a ser chamada de Dia das Bruxas. Aqueles que comemoravam esta data eram perseguidos e condenados à fogueira pela Inquisição.Com o objectivo de diminuir as influências pagãs na Europa Medieval, a Igreja cristianizou a festa, criando o Dia de Finados (2 de Novembro).
Símbolos e Tradições
Esta festa, por estar relacionada em sua origem à morte, resgata elementos e figuras assustadoras. São símbolos comuns desta festa: fantasmas, bruxas, zumbis, caveiras, monstros, gatos negros e até personagens como Drácula e Frankenstein.As crianças também participam desta festa. Com a ajuda dos pais, usam fantasias assustadoras e partem de porta em porta na vizinhança, onde soltam a frase “doçura ou travessura”. Felizes, terminam a noite do 31 de Outubro, com sacos cheios de guloseimas, balas, chocolates e doces.

domingo, 24 de outubro de 2010

LENDAS DE PORTUGAL - XXIV - CORUCHE

O Funileiro Varandas
Naquele tempo, no tempo que hoje já ninguém consegue datar, na zona do Couço, em terra de Coruche, havia um homem que era um verdadeiro Zeca Diabo. Mau como as cobras, muitas vezes chegava a ser provocador, pelava-se por uma cena de pancadaria. Chamava-se Varandas e come era funileiro de profissão, apontavam-no dizendo: o funileiro Varandas. Ora uma festa qualquer, ele pôs-se a rondar umas raparigas, dirigindo-lhes palavrões, ameaçando-as do que estava disposto a fazer.
Porém, a rapaziada dali estava atenta e uma dúzia de rapazes atraiu o desordeiro para fora do recinto. Mal o conseguiram fazer, caíram-lhe em cima e deram-lhe tantas, tantas que o homem já não se conseguiu levantar. Os rapazes mexeram-lhe, voltaram-no e acabaram por verificar que o tinham matado. Então, agarraram no corpo e levaram-no para junto da Ribeira Santa, tendo-o enterrado perto da água.

As pessoas, claro, deram pela falta do funileiro e não atinavam com justificação. Subitamente, deixara de aparecer na tabernas da zona, onde era bom cliente! E o tempo corria, havendo gente que dizia ouvir bater no ferro quando passava na margem da Ribeira Santa. Dez anos passaram e a história não morria, sobretudo por causa daqueles ruídos. Pois numa taberna, quando alguém se referiu a eles, um dos matadores do funileiro, já bebido, disse:
"Ora! Como é que ele pode bater no ferro se está morto e bem morto?"
O problema é que na taberna estava um homem chamado baptista, que era da Guarda e o prendeu, obrigando-lhe mesmo a confessar o que se tinha passado. E depois daquele, denunciados, foram os outros presos. E não tardaram a serem levados ao sítio onde se ouvia o bater no ferro. A ribeira levava pouca água e foi possível abrir a cova.
Para admiração de quantos assistiram, o corpo do funileiro estava como se tivesse sido acabado de enterrar! E o povo dizia que o funileiro Varandas lançava aqueles sons como aviso de que se encontrava ali e queria que o vingassem.
Ah, é verdade, ainda hoje quer na Vila do Couço quer na aldeia de Santa Justa, quando alguém se mete com uma rapariga, há sempre quem resmunga:
"Dizes isso porque não sabes o que aconteceu ao Varandas..."

sábado, 23 de outubro de 2010

TERESA DE CALCUTÁ


Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo. Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo. Não viva de fotografias amareladas... Continue, quando todos esperam que desistas. Não deixe que enferruje o ferro que existe em você. Faça com que em vez de pena, tenham respeito por você. Quando não conseguir correr através dos anos, trote. Quando não conseguir trotar, caminhe. Quando não conseguir caminhar, use uma bengala. Mas nunca se detenha.

sábado, 16 de outubro de 2010

BELLIS PERENNIS

Classificação científica:
Reino:
Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Género: Bellis

A espécie Bellis perennis, também designada pelos termos populares (pouco precisos) de margarida-vulgar, margarida-menor, margarida-comum, margarida-inglesa, bonina, bela-margarida, sempre-viva, margaridinha, mãe-de-família, margarida-rasteira, rapazinho ou rapazinhos é uma planta vivaz da família das Asteraceae. Existem muitas variedades híbridas, utilizadas em floricultura, com lígulas brancas, rosadas, vermelhas ou roxas, de forma simples ou dobrada
As suas inflorescências aparecem isoladas, sobre um comprido pedúnculo que parte de uma roseta basal (as folhas ficam dispostas no chão, em forma circular). Não atingem grandes dimensões, variando a sua altura entre 2 e 5 centímetros. Multiplica-se por pequenos estolhos que formam um rizoma. As folhas têm forma espatulada (ligeiramente semelhantes a colheres, com o pecíolo medindo cerca de metade do comprimento do limbo), com algumas variações, com margem crenada ou serrada, com alguma penugem, pelo menos na sua forma juvenil. As flores, hermafroditas, têm a forma de pequenos tubos amarelos, dispostos em capítulo (o disco amarelo, no centro), com lígulas ou flores femininas brancas ou avermelhadas à sua volta (chamadas impropriamente de pétalas pela linguagem corrente). As suas sementes são ovadas (cipsela) e pubescentes (com penugem).

Distribuição
É uma planta comum no continente europeu onde é espontânea junto aos caminhos e nos pastos de erva rasteira. Durante a época colonial, foram levadas para o continente americano. É espontânea também nos Açores e na Madeira.
História
Na Idade Média era costume alimentar algumas crianças com as suas flores, de modo a impedir o seu crescimento, já que os anões eram muito populares entre as classes nobres para o seu entretenimento.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

RESGATE DOS MINEIROS CHILENOS


Ao fim de 69 dias fechados numa mina no Chile os 33 mineiros foram resgatados com sucesso.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O CONTO DO BURRO

Dois estudantes encontraram, numa estrada, um azeiteiro com um burro carregado de bilhas de azeite. Os estudantes estavam sem dinheiro; por isso, decidiram roubar o animal. Enquanto o pobre homem seguia o seu caminho, um deles tirou a cabeçada do burro e colocou-a no pescoço. O outro estudante fugiu com o animal e a carga. De repente, o azeiteiro olhou para trás e viu um rapaz em vez do burro.
Nesse momento, o estudante exclamou: «Ah! senhor, quanto lhe agradeço ter-me dado uma pancada na cabeça! *Quebrou-me o encanto que durante tantos anos me fez ser burro!...» O azeiteiro tirou o chapéu e disse-lhe: «Afinal, o meu burro estava enfeitiçado! Perdi o meu ganha-pão! Peço-lhe muitos perdões por tê-lo maltratado tanta vez - mas que quer? - o senhor era muito teimoso!»
- Está perdoado, bom homem! - disse o estudante. O que lhe peço é que me deixe em paz.
O pobre azeiteiro lamentou-se porque já não podia vender o azeite. Então, foi pedir dinheiro a um compadre para ir à feira comprar outro burro. Quando lá chegou, viu um estudante a vender o seu burro. O azeiteiro pensou que o rapaz se tinha transformado, outra vez, num animal! Aproximou-se do burro e gritou com toda a força: «Olhe, senhor burro, quem o não conhecer que o compre».

Conto Tradicional Português recolhido por Adolfo Coelho

domingo, 10 de outubro de 2010

JERICÓ AO LONGO DA HISTÓRIA

Na Bíblia
Moisés libertou os hebreus do Egipto e liderou-os nos 40 anos de travessia no deserto mas morre sem entrar na Terra Prometida. Josué sucede-lhe. Passado o rio Jordão chegam a Jericó. Mas os autóctones não abrem as portas da cidade nem se deixam conquistar. Josué, por orientação divina, ordena ao seu povo que marche durante seis dias em redor da cidade e que, ao sétimo dia, o cerco seja feito por sete vezes enquanto sete sacerdotes tocam trombetas. E o som das trombetas derrubou as muralhas.
Entre Intifadas
Primeira cidade da Cisjordânia a ter autonomia (1994), Jericó torna-se local de romaria de israelitas e árabes que não resistem ao som das slot machines e da roleta no Casino Oásis. Mas tudo isso irá durar muito pouco: em 2000, a segunda Intifada - bem mais violenta do que a primeira, em 1987 - chega a Jericó. E de novo, a cidade vê chegar as tropas israelitas e é isolada do exterior.

Nos dias de hoje
Situada no vale do Jordão, o que fez sempre dela um local apetecível para passar os Verões quentes que por ali se fazem sentir, Jericó volta agora a apostar no turismo para ganhar alguma vida. Não muito longe do Mar Morto, a cidade está cheia de locais ligados à tradição judaico-cristã - como é, por exemplo,o caso do Monte da Tentação.

NOTÍCIA DA SEMANA

A nova vida da Árvore de Zaqueu

A cidade mais antiga do mundo festeja hoje o seu aniversário. O plátano aonde dizem que Zaqueu subiu para ver Jesus foi integrado num complexo museológico construído pelos russos em Jericó, cidade bíblica da Cisjordânia e um verdadeiro oásis no vale do rio Jordão, que hoje completa dez mil anos.
A cidade palestiniana de Jericó completa hoje dez mil anos, segundo a tradição judaico-cristã. O aniversário começa a ser assinalado com uma série de actividades das quais faz parte a inauguração, quarta-feira, de um museu cujo centro é um velhinho plátano com um tronco de dois metros de diâmetro. Mas não se trata de um plátano qualquer: é a conhecida árvore de Zaqueu.
Este homem, diz a Bíblia, era um odiado cobrador de impostos desta cidade da Cisjordânia. Certo dia ouviu que Jesus iria ali chegar e queria vê-lo. Mas acontece que Zaqueu era de pequena estatura e, como tal, não conseguia vier Jesus por entre a multidão, que lhe dificultava a vida. Astuto, Zaqueu resolveu o seu problema: trepou ao plátano que ficava no percurso de Jesus. E o cobrador de impostos não só viu o Mestre como teve de o receber em casa, porque, conta a Bíblia, ao passar ali, Jesus levantou a cabeça e ordenou-lhe que descesse porque nesse dia ficaria em sua casa.


Foi esta árvore que a Rússia escolheu para ser o centro do complexo museológico que está a construir na cidade de Jericó e que abrirá as suas portas ao público na próxima quarta-feira. O museu, em terreno comprado no séc. XIX pelo Governo russo e cuja construção terá custado cerca de três milhões de dólares, conterá obras de arte russas e artefactos encontrados aquando das escavações para a construção do edifício. Será também utilizado para exposições e eventos culturais russo-palestinianos, com o objectivo de ajudar a relançar o turismo na pequena cidade palestiniana.
As festividades dos dez mil anos da cidade de Jericó irão prolongar-se por cinco anos. Para já, uma reunião especial do gabinete palestiniano, um concerto pela banda militar palestiniana, uma maratona, workshops de rua e fogo de artifício são as actividades assinaladas para marcar o aniversário da pequena cidade situada no deserto da Judeia e que acolhe 20 mil habitantes.
É de presumir que outras actividades venham a ser agendadas com o tempo até porque a Autoridade Palestiniana pretende atrair investimento estrangeiro à cidade na área do turismo, tirando partido do bom clima de que goza a "Cidade das Palmeiras" e dos monumentos que dela fazem parte. Alguns destes estão a ser já objecto de exploração turística, como é o caso das ruínas, velhas de nove mil anos, de Tel al-Sultan, na base do Monte da Tentação, onde segundo a tradição, Jesus terá sido tentado pelo demónio.
Jericó é uma excepção na região pobre e árida onde se situa, um oásis no vale do rio Jordão, condição que a transformou desde tempos imemoriais na "cidade de Verão" da elite regional. A cidade que fica 240 metros abaixo do nível do mar, sendo considerada por alguns como a mais baixa do globo, situa-se a uns meros quilómetros do célebre mar Morto e é conhecida pelas suas famosas tâmaras e papaias, sendo estas especialmente utilizadas na medicina.

DN 10.10.2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

PARABÉNS!

A REPÚBLICA PORTUGUESA FAZ HOJE 100 ANOS
5 DE OUTUBRO DE 1910 - 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O VENTO

Sopra o vento, sopra o vento.
Vento que passa lá fora.
Faz voar meu pensamento
que se consome e devora,
numa forma fugas e alegria
que se transforma em desespero.

Sopra o vento, sopra o vento.
De onde sopra este vento?
Que vento com tanto tamanho?
Vem do mar, vem da montanha
isso não sei dizer...
sei que passa pela alma
E deixa um grande saber!

Amadeu Henrique (Algarve)

sábado, 25 de setembro de 2010

LENDAS DE PORTUGAL - XXIII - ALCANENA

Os Olhos de Água
Naquele tempo era assim, um pai rei impunha um casamento e ele tinha de cumprir-se. Mesmo que filha não gostasse do príncipe muito rico que lhe estava reservado!
Ora a princesa desta lenda apaixonara-se por um rapaz pobre (cujo destino nem sequer fica registado na lenda...). E quando o pai lhe impôs o casamento, a jovem conseguiu fugir de casa, indo abrigar-se numa grutas que há junto à nascente do rio Alviela.
Porém, o rei, hábil, não mandou soldados atrás dela, encomendou foi o trabalho a uma bruxa, que não tardou a conseguir localizá-la. Embora não regressasse ao palácio, a princesa todos os dias era procurada pela tal bruxa que lhe acenava com outros pretendentes que o pai tinha para ela. E aquilo foi uma discussão que um dia teve fim.
Aconteceu quando o pai, furioso, mandou o nome do que seria o derradeiro pretendente. Tratava-se de um boi encantado na forma de um belo rapaz! E a princesa, uma vez mais, recusou. Queria o namorado pobre a mais nenhum.
Logo a seguir, o rei mandou à filha novo recado: "Como não aceitas nenhum dos pretendentes que para ti arranjei e a possibilidade de seres rainha do meu condado, viverás eternamente nessas grutas, rodeada de bois e de vacas e as tuas lágrimas serão tantas e tão grossas que os teus olhos se tornarão enormes e para sempre essas lágrimas regarão as terras do Alviela e darão de beber a animais e pessoas".

Ah, quem quiser respirar o ambiente desta lenda, pois vá até à nascente do Alviela, aos Olhos de Água. Das lágrimas da morgadinha bebe água boa parte de Lisboa....

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

RIR É O MELHOR REMEDIO

São Pedro junto à Porta do Céu aguardava novas entradas quando surgiram dois irmãos que tinham morrido no mesmo dia. Um era padre e o outro taxista.
O padre mais próximo de S. Pedro adiantou-se para receber a sua túnica (vestimenta oficial do céu). S. Pedro acolhe-o e entrega-lhe uma túnica de algodão. O padre agradece e fica a aguardar pelo irmão taxista.
S. Pedro acolhe-o e entrega-lhe uma túnica de seda natural!
O padre, não sendo invejoso, mas ficando surpreendido com a descriminação, questionou S. Pedro: "Porque me deste uma túnica de inferior qualidade, quando dediquei toda a minha vida a rezar?
Responde S. Pedro: "Aqui no Céu o que conta são resultados. Quando celebravas missas os fiéis adormeciam; o teu irmão quando transportava clientes, conduzia tão mal que fazia com que todos rezassem!
Moral da história: Não há mal que não tenha uma ponta de bem.

sábado, 11 de setembro de 2010

ECHINACEA

Classificação científica:
Reino: Lantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Género: Echinacea

Echinacea é um género botânico pertencente à família Asteraceae, constituído por nove espécies.
A equinácea é uma planta originária da
América do Norte, à qual são atribuídas propriedades imunoestimulantes que promovem os mecanismos de defesa do organismo. O extracto de equinácea é usado em tratamento complementar de infecções respiratórias, gripes, resfriado, faringite, rinite e sinusite.
Seus constituintes químicos são o
ácido caféico, ácido chicórico, polialcanos, polissacarídeos, tusselagina, acetato de bornil, alcamídeos, borneol, cariofileno, cinarina, equinacosídeo, isotussilagina.
Suas propriedades medicinais são antibacteriana, antibiótico, antiviral, anticéptica, anti-inflamatória, antimicrobiana, imunoestimulante, fortificante.
Universidade de Connecticut
Depois de considerar os elementos de 14 estudos prévios sobre o uso da equinácea, pesquisadores da Escola Farmacêutica da Universidade de Connecticut,
Estados Unidos, concluíram que o consumo da planta pode atenuar as chances de desenvolver resfriado comum, em mais de 58% dos casos. O estudo, divulgado na revista científica The Lance Infectious Diseases, alega, além disso, que a equinácea auxiliaria reduzir em até quatro dias a duração do resfriado. Prudentes, os pesquisadores afirmam que outros estudos em larga escala ainda são indispensáveis para admitir o uso da planta para prevenção e tratamento do resfriado comum.
O interesse do estudo da equinácea não é novidade, pois se trata do fitoterápico, mais frequente na
Europa e nos Estados Unidos, como preventivo para gripes e resfriados. Os índios americanos foram os precursores na utilização da planta.
A planta da equinácea é abundante, arbustiva, chegando a aproximadamente de 60 cm de altura, na maioria das vezes. Parece-se com uma toupeira das margaridas. As folhas são lanceoladas, grosseiras e opostas. As flores apresentam-se com pétalas brancas ou rosadas e núcleo amarelo.
Um dos resultados mais extraordinários da equinácea é a estimulação da
fagocitose. Esse acontecimento é responsável pela identificação e eliminação de estruturas invasoras. A planta, apresentada como capaz de aumentar a capacidade de resposta do sistema imunológico, é útil para todos os tipos de infecções: bacterianas, virais e por fungos.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

JOAQUIM LOPES - Lobo-do-mar

Joaquim Lopes, que ficou para a história como Patrão Lopes, nasceu em Olhão, no Algarve, no ano de 1798. O seu pai era pescador e a família muito pobre, mas mesmo assim o rapaz foi à escola e aprendeu a ler, a escrever e a contar. Com 10 anos, foi trabalhar com o pai à pesca e nadava tão bem que parecia que tinha nascido no mar. Apesar de gostar muito da sua terra e da sua família, a pobreza era muita e havia que fazer pela vida. Então Joaquim Lopes partiu para Paço de Arcos, uma vila entre Cascais e Lisboa, onde o rio Tejo encontra o mar e muitos algarvios encontravam "abrigo". Ao largo, havia uma fortificação, o Forte do Bugio, que é hoje um farol, mas onde naquela altura estava "estacionada" uma força de cinquenta militares, que iam e vinham numa falua. Em 1820, Joaquim Lopes tornou-se remador dessa falua e pescador no tempo que lhe restava. Passava os dias e as noites naquele mar, a observá-lo e a conhecê-lo melhor, o que seria de grande utilidade no seu futuro. Um futuro em que salvou mais de trezentas vidas e socorreu 53 navios.
As duas primeiras vidas que salvou foram as de um pai e um filho que estavam quase a afogar-se junto ao rio Oeiras. A força das águas arrastou-os para longe e ninguém teve coragem de se atirar ao mar. Ninguém, a não ser Joaquim Lopes, que primeiro salvou o filho e depois o pai. A sua profissão não era salva-vidas, mas tornou-se a sua missão. Um salvamento em particular tornou-o famoso em Portugal e no mundo: o de uma embarcação inglesa -Howard Primrose- que estava a afundar-se na barra do Tejo. O Patrão Lopes salvou seis dos sete marinheiros a bordo e por esse feito foi recompensado pela coroa inglesa com a Medalha de Prata da Rainha Vitória.
Outro salvamento -do comandante do navio British Queen e do seu cão- valeu-lhe mais uma medalha vinda do Reino Unido, desta vez de ouro.
Medalhas de fora, de Espanha e de França, não faltaram na sua carreira, mas demorou até a coroa portuguesa perceber que tinha um herói à porta. Finalmente, em 1859 transferiu o salva-vidas de Belém para Paço de Arcos e pôs Joaquim Lopes ao comando. O lobo-do-mar tinha 61 anos, mas apesar da idade ainda socorreu muitos náufragos durante a sua longo vida, de 92 anos.

Nota: Quando em 1890 a Inglaterra lançou um ultimatum a Portugal, ameaçando o nosso país por causa da disputa do território africano, Patrão Lopes, então com 92 anos, encheu-se de patriotismo e devolveu ao governo inglês as condecorações que este lhe tinha dado.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

NELSON MANDELA


Depois de escalar uma montanha alta, descobrimos que há muitas outras montanhas por escalar...!

sábado, 28 de agosto de 2010

NOTÍCIA DA SEMANA

O "Peixe-Médico"

Usado, com êxito, no ataque às doenças de pele, o garra-rufa será protagonista de um centro medicinal, no Algarve.


Rodrigo Capoulas, 30 anos, e as suas duas irmãs, mais velhas, herdaram uns terrenos em Alte, Loulé, Algarve, e não sabiam o que fazer com eles. Pensaram em vendê-los ou concretizarem projectos na área da agricultura tradicional ou ligados à terceira idade. Até que um familiar for à Turquia passar umas férias numa estância de turismo medicinal que trata problemas de pele recorrendo a ....peixinhos. A ideia de fazer algo semelhante em Portugal andou três anos a marinar. Mas foi só quando ganhou o prémio do concurso "Realiza o Teu Sonho", da associação Acredita Portugal, que se viu que o projecto tinha pernas para andar.

"Foi muito importante, sobretudo em termos de credibilização", diz Rodrigo, licenciado em Engenharia e Gestão Industrial pelo ISCTE. "Ganhar entre cerca de 700 candidatos e com um júri que tem nomes como o do professor Marcelo Rebelo de Sousa abre muitas portas." Já a Acredita Portugal venceu a aposta a que se propusera: mobilizar iniciativas, apesar da crise económica e também, diz Susana Bandarrinha, daquela associação, de "uma certa crise psicológica".
O prémio que Rodrigo ganhou - 10 mil euro em dinheiro e 30 mil em serviços de partners da Acredita Portugal - permitiu-lhe dar os primeiros passos de um sonho que deverá ver a luz do dia em três anos. Trata-se de abrir, num terreno com cinco hectares em Alte, na serra algarvia, uma estância de turismo medicinal que recorre ao peixe garra-rufa para aliviar eczemas, psoríases e outras doenças de pele. Como? O peixe alimenta-se das peles mortas do doente, aliviando-lhe assim os sintomas. "O tratamento já existe na Alemanha, na Holanda e em outros locais da Europa, mas não em Portugal." Em simultânio - e porque a ideia é a de que os utentes tragam a sua família -. o centro medicinal deverá também oferecer alternativas de entretenimento para turistas "normais".
Uma das ideias é a de se organizarem visitas aos locais de maior interesse de Alte, onde deverão nascer, graças a esta iniciativa, 20 postos de trabalho. O projecto ainda está no princípio e é assim mesmo que a Acredita Portugal o quer. "Há bons apoios, por exemplo do IAPMEI, na área da concretização das ideias", diz Susana Bandarrinha. "Nós queremos ajudar antes, na germinação."
O garra-rufa habita as bacias dos rios Jordão, Orontes, Tigre e Eufrates, no Médio Oriente. Existe também na Turquia e no Norte da Síria.

Visão Nº912

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O SAL DO LUDO / ALGARVE

LENDAS DE PORTUGAL - XXII - SERTÃ

A arma de Celinda


Viriato assassinado pelo longo e traiçoeiro braço de Roma, substituiu-o na defesa da Lusitânia um homem chamado Sertório, romano exilado. Sila odiava-o desde os tempos em que Sertório apoiara a causa de Mário, e perseguia-o a ele e aos seus amigos lusitanos. Mas das três ou quatro vezes que lhe mandaram legiões para o eliminarem, sempre a estratégia do romano, que sabia como os outros romanos pensavam, os esmagava com a maneira guerrilheira que os lusitanos tinham de lutar. E os Montes Hermínios eram território em que se moviam bem os valentes lusitanos.
Pois as tropas lusitanas atravessavam uma aldeia, Vinham vitoriosas, comandadas por Hirtuleio, questor de Sertório. Esperava-as um período de repouso para retemperar as forças e de novo caíram com gosto sobre os romanos, que não lhes largavam os calcanhares. E dentre os lusitanos que ali iam, o mais alto deles, um jovem de ombros largos, olhava para as casas com particular atenção. De repente, abriu-se uma porta e uma rapariga correu para ele gritando-lhe o nome:
"Marcelo!"
Abraçaram-se. Era Celinda, a namorada do militar. Ela queria que ele ficasse já na aldeia, que era deles, mas o rapaz tinha ordem de se apresentar pessoalmente a Sertório. Hirtuleio apreciara-o em combate e enviara uma mensagem ao chefe recomendando que lhe fosse dado um lugar de responsabilidade.
"Só aparecem coisas destas para nos afastar um do outro!", queixava-se a rapariga. "Quando acabarão estas lutas?"
"Quando corrermos com os romanos desta terra."
Nisso Celinda estava de acordo e o pé atrás que tinha contra Sertório não era só porque ele lhe afastava o namorado de casa, mas também porque se tratava de um romano. Amigo dos lusitanos, mas romano.
Daí a alguns dias, quando regressava à sua aldeia, Marcelo trazia a boa nova de ter sido nomeado governador do castelo de lá. Casar-se-ia com Celinda e ali ficariam como sentinelas da Lusitânia, com oficiais e soldados às suas ordens. E os meses seguintes foram calmos e felizes para os recém-casados.
Mas um dia os romanos aproximaram-se demasiadamente do castelo daquela aldeia e Marcelo saiu a combatê-los. Houve recontros sangrentos e Marcelo foi gravemente ferido. Celinda estava a cozinhar quando os romanos conseguiram entrar no castelo e havia lusitanos já descoroçoados. Mas ela, munida de uma sertã com azeite a ferver, deu-lhes combate directo, o que galvanizou de novo as forças defensoras do castelo que conseguiram expulsar dali os romanos.


Enquanto combatiam, Marcelo, muito ferido, foi introduzido na fortaleza por uma porta falsa e imediatamente tratado. Celinda estava na primeira linha de combate espantando os romanos por verem uma mulher assim enfurecida contra eles.
A arma da castelã acabaria por dar o nome à então pequena aldeia, hoje uma bela terra, Sertã.