domingo, 20 de janeiro de 2013

VESPA ASIÁTICA INVADE PENÍNSULA IBÉRICA E AMEAÇA PRODUÇÃO DE MEL

Especialistas acreditam que vespa velutina, espécie que já conta com mais de 40 ninhos no Alto Minho, vai concentrar-se no Norte do País, mas alcançará todo o território, colocando em perigo os ecossistemas. Apresenta riscos para a apicultura porque come as abelhas e pilha as colmeias.


Cada ninho pode ter duas mil ao mesmo tempo e só em Viana do Castelo foram já detetados 23, o que levará a vespa asiática, mais perigosa do que a nacional, a tornar-se uma ameaça real dentro de meses.
Numa década poderá ter colonizado todo a península ibérica, alimentando-se de abelhas e dizimando colmeias, enquanto, no terreno, os apicultores lutam contra o tempo. A vespa velutina nigrithorax também conhecida por "vespa asiática", é originária do Sudoeste da Ásia, nomeadamente da China, e foi introduzida na Europa através do porto de Bordéus (França) no ano de 2004. Nesta altura já conquistou um terço do território francês e colonizou parte do Norte de Espanha a partir de 2010. Precisou de mais um ano para entrar em Portugal e, em 2012, a presença dos enormes e característicos ninhos começou a ser cada vez mais comum na zona do Minho.
O concelho de Viana do Castelo será já o mais afetado do País, com 23 ninhos desta vespa detetados nas últimas semana, num total de 40 em toda a região. "Até ao momento não temos conhecimento de ninhos de velutina noutras zonas do país. Pensamos que a entrada tenha sido por Viana do Castelo, possivelmente pelo transporte de madeiras de Espanha ou França, portanto, de zonas já invadidas por esta vespa", explicou o técnico Miguel Maia.
Em Portugal, os ataques da vespa cabro, espécie autóctone e controlada, poderão rapidamente começar a mudar, substituídos pela "familiar" asiática que, com os seus 4 centímetros de tamanho, constitui uma ameaça à produção de mel. "Em relação às abelhas, a vespa velutina apresenta técnicas de captura mais sofisticadas. É a predação sobre os apiários que faz com que aumenta a possibilidade de mortalidade de colónias, além do declínio da biodiversidade, já que também se alimenta de outros insetos", acrescenta este especialista, da Associação Apícola Entre Minho e Lima.
Segundo a Quercus, a vespa velutina é um risco para a prática da apicultura mas também para o ser humano, até porque pode afetar seriamente a atividade das colmeias, uma vez que esta vespa come as abelhas e pilha as colmeias de forma voraz. As abelhas asiáticas têm uma defesa muito específica para lidar com a vespa velutina mas a abelha ibérica, apis mellifera, não tem grandes defesas contra a vespa velutina, explicou Ricardo Marques, dirigente da associação. Acrescenta que com a introdução de espécies novas há o risco de desequilíbrio dos ecossistemas, mas desconhece-se ainda exatamente quais as consequências exatas da interação desta vespa nos ecossistemas portugueses em que ela se está introduzir. "Este é mais um exemplo dos malefícios da introdução de espécies exóticas, assunto muitas vezes abordado pela Quercus e ainda mais vezes incompreendido pela população e muitas vezes também pelos decisores", acrescenta a associação.
Citando uma projeção realizada nas últimas semanas por especialistas do País Basco, a imprensa espanhola admite que com o atual nível de crescimento da presença da espécie em cerca de dez anos a vespa velutina terá colonizado toda a Península Ibérica.
Em Portugal, apesar de uma presença concentrada ainda na faixa litoral do Alto Minho, todas as semana surgem novos ninhos para o interior, que chegam já a concelhos como Barcelos e Bragança, não havendo "ainda" registo de ataques diretos à colmeias. "As zonas mais húmidas do Norte serão colonizadas. É possível que a vespa cheque ao Alentejo e ao Algarve, mas a densidade de ninhos poderá ser inferior", assume o especialista, advertindo: "Até ver, será mais uma ameaça."

Ninhos destruídos com fogo depois da 18 horas.
A presença désta vespa é feita através de dois ninho diferentes: o primário é construído durante a época primaveril, constituído pela vespa fundadora e algumas obreiras; a 500 metros fica o ninho secundário, que também se torna o definitivo. Uma das formas de destruição dos ninhos é com fogo, como têm feito os bombeiros de Viana do castelo. Acontece por volta das 18 horas par maximizar o ataque. É uma forma adequada e é feita a essa hora porque é quando as vespas estão todas no ninho.

DN - 20.01.2013 -

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