terça-feira, 29 de janeiro de 2013

LENDAS DE PORTUGAL - L SÃO PEDRO DO SUL -

O MORTO QUE MATOU O VIVO

Lá para Covas do Rio, a cinco léguas de S. Pedro do Sul, conta-se a lenda do morto que matou o vivo. Dizem que foi entre a aldeia da Pena, que na altura ainda não tinha cemitério, e a aldeia de Covas, que o tinha. E o trajecto era forçosamente feito a pé, em que havia quatro homens para o transporte da urna. Pois a dada altura, conta o povo, um dos homens de trás, lá escorregou ou coisa assim e os outros não seguraram tão bem e o caixão caiu-lhe em cima, matando-o! Foi assim que o morto matou o vivo, dizem por lá...

Pois bem, neste concelho fica a Serra de S. Macário, cujo cimo sobe a mil metros.Pois conta a lenda que "Macário era caçador e, num dia de caça, acompanhado de seu pai, pensando que arqueava a flecha contra um javali, feriu mortalmente o pai. Em desespero, correu de um lado para o outro o sucedido, mas sem nunca ter coragem de voltar a casa. Daí em diante viveu sempre na Serra em isolamento, sobrevivendo de esmolas e penitenciando-se pelo seu erro. "Um dia pediu a alguém que lhe desse um montinho de brasas para fazer uma fogueira. Obtendo a graça do seu benfeitor, pegou as brasas com as mãos sem se queimar, ficando desde aí com o nome de santo. Morreu e viveu nesta serra junto à capela onde ainda hoje muitas pessoas o veneram. Em seu nome é feita uma festa anual que ocorre no último domingo de Julho."
Desde que foi feita a Ponte do Cunhedo sobre o Vouga, é muito simples a passagem do rio, não importa a estação do ano. Porém, esta lenda passa-se - se é verdade que as lendas se passam fora da cabeças das pessoas - quando ainda não havia tal passagem, embora o convento de S. Cristóvão já lá estivesse. Bem, e estamos numa bela manhã de Junho, acompanhando a jornada do frade superior dessa pequena comunidade religiosa. Na sua bela égua Estrela, o frade acompanha a margem direita do Vouga. Vai devagar, gostava daquele longo passeio que lhe proporcionara uma vista pastoral. Umas roupas aqui, um dinheirito ali, boas palavras além, conhecia bem aqueles descaminhos, mas também se confiava ao instinto do animal. Dera uma boa volta e regressava satisfeito. Mas o tempo é que estava a mudar de aspecto conforme entravam as negruras da noite.
A égua era fina e o cavaleiro dava-lhe rédea solta, para lhe evitar constrangimento, mas ela parara e acenara com a cabeça, como a dizer ao frade  que se segurasse bem porque o pior ainda estava para vir. E o pior eram as poldras, que ela soube atravessar com extremo cuidado. E daí a pouco o frade estava no convento, quase sem dar por isso.
Nessa noite, ele soube que, apesar de tudo, passara por milagre o Rio Vouga. Não era só a sabedoria da Estrela a salvá-lo, e no dia seguinte voltou ao sítio das poldras e, desmontando, ficou estarrecido, vendo claramente o perigo por que passara. Era tamanhos os estragos que a tempestade da véspera fizera! De repente, sentiu um frémito percorrer-lhe o corpo, encostou-se ao pescoço da égua e apercebeu-se que o rio já não era o Vouga, mas outro, muito mais longo e profundo. Já apoiado numa árvore, cadáver há já umas horas, aí o foram encontrar outros seus irmãos que o procuravam.

domingo, 27 de janeiro de 2013

PRÉMIO PORTUGUÊS NO MASHABLE


A foto do Padrão dos Descobrimentos, num final da tarde foi tirada por um português e foi considerada a melhor de 2012 pelo popular site Mashable.
O autor, Francisco Salgueiro, não é propriamente um fotógrafo profissional. É escritor e empresário, mas desde que teve a sua primeira máquina fotográfica, aos 8 anos, a paixão nunca mais o largou. Sempre leu tudo relacionado com fotografia e há um ano comprou uma máquina profissional. Colabora com a Photo Vogue e um dia decidiu enviar fotos para o Mashable, que é tido como o mais importante site/bloque de new media norte-americana.
No ano passado, o Mahable fez concursos temáticos e Francisco Salgueiro participou com duas imagens. Uma delas foi eleita a melhor do ano, a do Padrão dos Descobrimentos. Ainda teve um 14º lugar para outra fotografia, com um pescador da Ericeira. Foi a única pessoa a ter duas fotos premiadas no Top 15.
A fotografia não é a única paixão de Francisco Salgueiro, que é escritor e tem publicados dez livros, entre quais "Homens Há Muitos" e "O Fim da Inocência".
"A fotografia premiada tem pouco que ver com o estilo de fotografias a que me dedico agora: street photography. Cada vez gosto mais de captar pessoas. Captar memórias irrepetíveis. Para mim, uma boa fotografia é uma imagem a partir da qual eu possa contar uma história. Para mim, essas fotografias são um prolongamento dos meus livros. São livros sob a forma de imagens."
A mesma fotografia do Padrão dos Descobrimentos está também como finalista do concurso National Geographic Traveller.

NM - 27.01.2013 -

domingo, 20 de janeiro de 2013

VESPA ASIÁTICA INVADE PENÍNSULA IBÉRICA E AMEAÇA PRODUÇÃO DE MEL

Especialistas acreditam que vespa velutina, espécie que já conta com mais de 40 ninhos no Alto Minho, vai concentrar-se no Norte do País, mas alcançará todo o território, colocando em perigo os ecossistemas. Apresenta riscos para a apicultura porque come as abelhas e pilha as colmeias.


Cada ninho pode ter duas mil ao mesmo tempo e só em Viana do Castelo foram já detetados 23, o que levará a vespa asiática, mais perigosa do que a nacional, a tornar-se uma ameaça real dentro de meses.
Numa década poderá ter colonizado todo a península ibérica, alimentando-se de abelhas e dizimando colmeias, enquanto, no terreno, os apicultores lutam contra o tempo. A vespa velutina nigrithorax também conhecida por "vespa asiática", é originária do Sudoeste da Ásia, nomeadamente da China, e foi introduzida na Europa através do porto de Bordéus (França) no ano de 2004. Nesta altura já conquistou um terço do território francês e colonizou parte do Norte de Espanha a partir de 2010. Precisou de mais um ano para entrar em Portugal e, em 2012, a presença dos enormes e característicos ninhos começou a ser cada vez mais comum na zona do Minho.
O concelho de Viana do Castelo será já o mais afetado do País, com 23 ninhos desta vespa detetados nas últimas semana, num total de 40 em toda a região. "Até ao momento não temos conhecimento de ninhos de velutina noutras zonas do país. Pensamos que a entrada tenha sido por Viana do Castelo, possivelmente pelo transporte de madeiras de Espanha ou França, portanto, de zonas já invadidas por esta vespa", explicou o técnico Miguel Maia.
Em Portugal, os ataques da vespa cabro, espécie autóctone e controlada, poderão rapidamente começar a mudar, substituídos pela "familiar" asiática que, com os seus 4 centímetros de tamanho, constitui uma ameaça à produção de mel. "Em relação às abelhas, a vespa velutina apresenta técnicas de captura mais sofisticadas. É a predação sobre os apiários que faz com que aumenta a possibilidade de mortalidade de colónias, além do declínio da biodiversidade, já que também se alimenta de outros insetos", acrescenta este especialista, da Associação Apícola Entre Minho e Lima.
Segundo a Quercus, a vespa velutina é um risco para a prática da apicultura mas também para o ser humano, até porque pode afetar seriamente a atividade das colmeias, uma vez que esta vespa come as abelhas e pilha as colmeias de forma voraz. As abelhas asiáticas têm uma defesa muito específica para lidar com a vespa velutina mas a abelha ibérica, apis mellifera, não tem grandes defesas contra a vespa velutina, explicou Ricardo Marques, dirigente da associação. Acrescenta que com a introdução de espécies novas há o risco de desequilíbrio dos ecossistemas, mas desconhece-se ainda exatamente quais as consequências exatas da interação desta vespa nos ecossistemas portugueses em que ela se está introduzir. "Este é mais um exemplo dos malefícios da introdução de espécies exóticas, assunto muitas vezes abordado pela Quercus e ainda mais vezes incompreendido pela população e muitas vezes também pelos decisores", acrescenta a associação.
Citando uma projeção realizada nas últimas semanas por especialistas do País Basco, a imprensa espanhola admite que com o atual nível de crescimento da presença da espécie em cerca de dez anos a vespa velutina terá colonizado toda a Península Ibérica.
Em Portugal, apesar de uma presença concentrada ainda na faixa litoral do Alto Minho, todas as semana surgem novos ninhos para o interior, que chegam já a concelhos como Barcelos e Bragança, não havendo "ainda" registo de ataques diretos à colmeias. "As zonas mais húmidas do Norte serão colonizadas. É possível que a vespa cheque ao Alentejo e ao Algarve, mas a densidade de ninhos poderá ser inferior", assume o especialista, advertindo: "Até ver, será mais uma ameaça."

Ninhos destruídos com fogo depois da 18 horas.
A presença désta vespa é feita através de dois ninho diferentes: o primário é construído durante a época primaveril, constituído pela vespa fundadora e algumas obreiras; a 500 metros fica o ninho secundário, que também se torna o definitivo. Uma das formas de destruição dos ninhos é com fogo, como têm feito os bombeiros de Viana do castelo. Acontece por volta das 18 horas par maximizar o ataque. É uma forma adequada e é feita a essa hora porque é quando as vespas estão todas no ninho.

DN - 20.01.2013 -

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

MAHATMA GANDHI



A lei de ouro do comportamento é a tolerância mútua, já que nunca pensamos todos da mesma maneira, já que nunca veremos senão uma parte da verdade e sob ângulos diversos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

SOLANUM DULCAMARA (Doce Amarga)

Classificação científica:

Reino: Plantae
Divisão: Angiosperms
Classe: Eudicots
Ordem: Solanales
Família: Solanaceae
Género: Solanum
Espécie: S. dulcamara


Solanum dulcamara, é uma espécie de videira de batata do género Solanum, da família Solanaceae. espécie de videira de batata do género Solanum, da família Solanaceae. Brota em variados ambientes, bosques, matagais e sebes arbustivas. É uma espécie evasiva na região dos Grandes Lagos e foi pela primeira vez detectada em 1843. Doce amarga é uma semi-herbácea videira perene que trepa pelas plantas, podendo atingir uma altura de 4 metros se tiver o devido suporte, mas na maior parte da vezes atinge 1 - 2 metros de altura. As folhas têm 4 - 12 cm de comprimento, em forma de flecha e são muitas vezes lobulares na base. As flores são em cachos de 3 - 20, 1 - 1,5 cm, em forma de estrela com pétalas roxas e estames amarelos. O fruto é uma baga oval, com cerca de 1 cm de comprimento, macia e suculenta, comestível para os pássaros que dispersam as sementes.

O fruto é uma baga vermelha ovóide com o aspecto e odor dum pequeno tomate. A baga é venenosa para os humanos. O seu aspecto familiar e atractivo, torna-a perigosa para as crianças. A folhagem é também venenosa para os humanos. É nativa da Europa e Ásia, e é amplamente naturalizadas em outros lugares, incluindo América do Norte, onde é uma espécie invasora de erva daninha. A planta é relativamente importante na dieta de algumas espécies de pássaros, tais como tordos europeus que se alimentam dos seus frutos aos quais são imunes, dispersando as sementes. Cresce em todo o tipo de terrenos, de preferência em zonas húmidas e de bosques de matas ciliares. Em conjunto com outras trepadeiras, cria um impenetrável e escuro abrigo para vários animais. A planta cresce bem em locais escuros onde pode receber a luz da manhã ou da tarde. Uma área que receba luz brilhante durante muitas horas reduz o seu desenvolvimento.















domingo, 6 de janeiro de 2013

SALVAR UM PEQUENO PEIXE DO GUADIANA



O Saramugo (Anaecypris hispânica) é o mais pequeno peixe da fauna da bacia do Guadiana. O seu comprimento raramente ultrapassa os 7 cm, sendo que, regra geral, as fêmeas são maiores que o macho. Possuem um corpo estreito, coberto com escamas finas e pequenas de coloração prateada na zona do ventre, castanho-claro na zona dorsal e quase amarelo na lateral, apresentando por vezes reflexos rosados e alguns pontos negros espalhados pelos flancos.

Tem uma reduzida longevidade, de 3 a 4 anos. O que os coloca ainda mais na lista de espécies ameaçadas da Europa correndo o risco de extinção. Foi classificado como “Criticamente em Perigo” pelo Novo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e como “Em Perigo” pela IUCN Red List of Threatened Species, constando também na lista de espécies da Rede Natura 2000.

É uma espécie endémica da Bacia do Guadiana, não existindo em qualquer outro sistema fluvial; contudo, curiosamente, este peixe nunca foi detectado no troço principal do rio, mas sim em dez das ribeiras afluentes do Guadiana: Xévora, Caia, Álamo, Degebe, Ardila, Chança, Carreiras, Vascão, Foupana e Odeleite.

No Fluviário de Mora estão uma dúzia de animais juvenis cedidas pelo Instituto de Conservação das Florestas e da Natureza. Estão aguardar a sua maturação num aquário com todas as condições para garantir um sucesso reprodutor o que pode ocorrer já na próxima primavera.

A ideia é fazer a reprodução em cativeiro e depois fomentar o repovoamento nos locais onde a espécie ocorre, ou mesmo reintroduzir onde já não existam, procurando a sua área de implementação.