quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

LENDAS DE PORTUGAL - 123ª - OLIVEIRA DE AZEMÉIS

DO SIGNO-SAIMÃO AO PINTO NEGRO

No concelho de Oliveira de Azeméis, vamos ao lugar de Silvares, na freguesia de Macinhata da Seixa. Além fica a casa dos Soares de Pinho, estão a vê-la? Agora reparem no brasão, que está voltado para o Largo do Cruzeiro. Ora, é "uma raposa a formar salto" e "uma águia de pescoço vergado". Qualquer dirá que se trata de "um ameaço, um fantasma dentro de um signo-saimão". E tal medo aquilo inspira às pessoas que como umas mulheres andassem por ali a apanhar trapos, ao darem  como o dianho da pedra, assustaram-se mesmo. Pois benzeram-se três vezes e foram buscar um livro de S. Cipriano para completarem a expulsão do mafarrico daquele sítio. Não queriam que ele lhes entrasse na pele, pois então!
Ainda em Macinhata da Seixa, porque é que as pessoas receiam tanto passar pelo caminho do cemitério, da Cavada à igreja? Porque, dizem, por ali apareciam almas penadas, caixões abertos, mesmo fogos fátuos e outros sinais reais ou imaginados que perturbavam os que não tinha itinerário alternativo. Ora, esses sustos todos acabaram porque o velho caminho foi substituído por um estradão que parece não seduzir os espectros...
Também se conta que cada vez que o moleiro da casa dos Barbedo tinha de atravessar a ponte antiga do Requeixo, que se supõe romana, tinha sempre problemas. Sempre o jumento que utilizava no transporte do grão e da farinha tropeçava num calço da ponte. Pois uma vez, o homem rogou a praga:
"Um raio te deite abaixo!"
Não se ria o leitor que a praga cumpriu-se....
Porém, a ponte não caiu exactamente de um raio, mas de uma cheia...
Mas há algo que o leitor talvez possa experimentar, se tiver a pachorra de se deslocar a Macinhata da Seixa. Pois procurará, entre a Escravilheira e o Alvão, o conhecido sítio do Sarrado. Ali havia, e julgamos  que ainda haverá, um penedo em que se encontrava gravada uma ferradura de cavalo. Ora acontece que quando alguém ali passava e se punha a olhar fixamente para aquilo que diziam ser uma  pintura dos mouros, a cabeça começava a andar à roda, como se a pessoa andasse à volta.E o sujeito adormecia, acordando muito tempo depois meio enjoado. Porém, se o passante olhasse ligeirinho para o penedo da ferradura escutava, isso sim, umas gargalhadas de mulher, como se alguém estivesse a fazer pouco dele ao abrigo da mole granítica!


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