Entre o castelo de Alter do Chão e o castelo de Alter Pedroso - um lugar da freguesias, distando três quilómetros da sede do concelho - terá havido um túnel de ligação. Com um bocado de trabalho, ainda hoje se encontram vestígios dessa passagem. Ora, diz-nos ainda a lenda, ali perto havia a Cova da Moura Encantada. Aproximando-se desta, um homem ficaria preso para sempre aos seus encantos; caso fosse uma mulher, teria de submeter-se a um salto sobre o buraco -passando sem cair, seria feliz, caso contrário a vida amorosa transformar-se-ia numa desgraça!
Mas o povo não deixava de acrescentar que junto do portão - portão gótico - do castelo de Alter Pedroso aparecia uma serpente, que atacava e matava quem se aproximasse de olhos abertos.
Bem, a verdade é que ainda hoje há raparigas que se dispõem a saltar ao buraco para saberem da sua sorte aos amores e também quem passe ao portão apenas de olhos fechados, não vá sair-lhes a serpente...
Na Rua de S. Sebastião, em Alter do Chão, fica a igreja do Senhor jesus do Outeiro, exactamente no lugar onde consta ter existida a ermida do santo que dá o seu nome à artéria.
Nas Ordenações Afonsinas está exarado haver nobres que conseguiam viver à custa dos camponeses, chegando a suas casas e exigindo-lhes quanto de bom tinham para seu sustento. Muitos deles até se sentiam no direito de se hospedarem abusiva e gratuitamente em casa dos homens mais ricos das terras, quando andavam pelo país.
Ora isto ocasionava constantes queixas. E o mais grave destes casos refere-se a um fidalgo alentejano que se quis hospedar dentro de Alter e os homens bons recusaram permitir-lho. Vai o fidalgo, incomodado, apresentou queixa ao rei. Este não teve dúvidas em dar razão aos alterenses. Então, o fidalgo arregimentou uns quantos homens de armas e, de surpresa, caiu sobre Alter do Chão e matou os doze melhores que lá moravam - seja os lavradores mais abastados, que governavam o concelho. E não consta nenhum desfecho correctivo para este crime que terá ficado sem castigo.