sábado, 26 de setembro de 2009

FESTA DA CERVEJA

Foram precisas duas marteladas do presidente da câmara na rolha do tonel para a cerveja começar a correr. Com o grito "Ozapft is", Christian Ud abriu a famosa Oktoberfest, a festa da cerveja de Munique. O festival começou sábado e dura 16 dias. Cerca de seis milhões de litros de cerveja esperam por seis milhões de ávidos visitantes. Esta é a 176º edição da festa que se realizou pela primeira vez há 199 anos, em honra do príncipe da Baviera e só foi interrompida nos anos de guerra. A folia é a palavra de ordem mas... com limites. Preocupada com a imagem de excessos, a organização proibiu as fotografias de bêbedos e de mulheres seminuas.
Diário de Notícias -22.09.2009-

domingo, 20 de setembro de 2009

NOTÍCIA DA SEMANA

Limpeza do fundo do mar revela bicicleta e gerador submarinos

Algarve: Dia Internacional da Limpeza foi ontem assinalado com faxina em praias e no fundo do oceano. Mil quilos de lixo removidos.

A manhã na praia de Quarteira foi de grande azáfama. Mais de 60 pessoas, na praia e no mar, juntaram-se com o objectivo comum de preservar um bem que é de todos, no Dia Internacional da Limpeza 2009. Uma manhã chegou para retirar cerca de mil quilos de lixo: redes, pneus e muitas garrafas. Mas as maiores surpresas estavam guardadas no fundo do mar: uma bicicleta e um gerador.
"O objecto que sobressaiu mais foi uma bicicleta e um gerador, o resto foi plásticos e outras coisas mais", explicou Felizardo Pinto, membro do Centro de Mergulho que organizou o evento em parceria com a junta de freguesia e a Câmara de Loulé.
Do Sotavento ao Barlavento Algarvio, as iniciativas multiplicaram-se. Na praia dos Caneiros, no concelho de Lagoa, foram mais de cem as pessoas que se uniram para limpar arribas, praia e fundo do mar. Dos mais pequenos aos maiores, puseram mãos à obra para recolher todo género de objectos. "Existe muito lixo, mesmo em praias onde se realizam limpezas quase diárias, mas mesmo assim acabamos por deixar muitos resíduos nas praias. É necessário consciencializar as pessoas que isto é de todos nós e todos devemos participar", explicou Nuno Monteiro da Portisub que, conjuntamente com a autarquia, organizou a limpeza.
E consciência é o que não pareceu faltar aos voluntários que em pouco mais de duas horas juntaram quase 200 quilos de lixo. Carla Correia percorreu o areal com três sobrinhos para tentar incutir esta mensagem pedagógica. Tomé Correia, com seis anos, foi um dos ajudantes da tia Carla. "Ando aqui a apanhar lixo porque as pessoas atiram lixo para o chão. Já apanhámos copos, cigarros, papéis". Com apenas três anos, também Violeta Santos pôs mãos à obra. No final todo o lixo foi pesado e os participantes receberam uma T-shirt e um certificado de presença.
Diário de Notícias -20.09.2009-

sábado, 19 de setembro de 2009

A MENINA E O PÁSSARO ENCANTADO

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar.Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão."- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça."... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga.Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.E de novo começavam as estórias.A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre.Mas chegava sempre uma hora de tristeza."- Tenho que ir", ele dizia."- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar...."."- Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "-- Eu também vou chorar.Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades.Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar.Assim ele partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma ideia malvada."- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera.Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar.Cansado da viagem, adormeceu.Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro."- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias...".Sem a saudade, o amor irá embora...A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente.Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar.Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo...Até que não mais aguentou.Abriu a porta da gaiola."- Pode ir, pássaro, volte quando quiser..."."- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito.Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar...E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia."- Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...".E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos..."- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje...Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro.Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar.AH! Mundo maravilhoso que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento.- Quem sabe ele voltará amanhã....E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.
Rubem Alves

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ISTO É ACROBACIA!

LENDAS DE PORTUGAL - XI - ALMEIRIM

A sopa de pedra
A lenda que corresponde a Almeirim tem a particularidade de ser raras cuja repercussão atravessou o tempo e ainda hoje nos senta à mesa, água na boca, colher na mão, para um saboreio a preceito. Seja, trata-se de uma festa mitográfica carregada de actualidade. Eis, pois, a sopa de pedra. Especialidade desta terra, a lenda enquadra-se num frade que tinha tanto de esfomeado -e não de comilão, como por aí se diz - como de imaginativo.
Andava o frade no seu peditório e foi bater ao portão de um lavrador, onde esperava matar a fome. Porém, o lavrador era demasiado avarento e nada lhe quis dar. Não perdendo a bonomia, o frade disse:
-Bem, então vou ver se faço um caldinho de pedra...
Dito isto, baixou-se pegou numa pedra, deitou-a fora, depois noutra, até que encontrou uma que pareceu agradar-lhe. O lavrador e a mulher, que entretanto acudira, observavam-no com atenção. A princípio, o casal riu-se, mas o frade encarou-os e perguntou:
-Nunca comeram caldo de pedra, pois não? É um petisco de truz!
Curiosos, os lavradores dispuseram-se a apreciar. Então, ele pediu-lhes emprestado uma panela de barro, que encheu de água e nela meteu a pedra bem lavada.
-Se me deixassem pôr isto a cozer aí à lareira...
E quando a panela começou a chiar, o frade comentou:
-Com um pedacinho de unto, ficava um primor!
Veio o unto. Depois pediu sal para matar o insosso.
-Com um nadinha de chouriço é que isto ganhava graça!
Depois pediu feijão encarnado, umas batatinhas, e tudo ia para a panela, donde saía um cheiro de aguçar o apetite a um morto. Os lavradores, aparvalhados, apreciavam o cozinhado e o frade lambia os beiços.
-E ficará bom?- perguntava o lavrador.
-Não se nota só pelo cheiro?- respondia o frade.
A mulher do lavrador anotava tudo num papel, que não conhecia a receita. O frade tirou a panela do lume e serviu-se numa malga que também lhe emprestaram. Em três malgas bem saboreadas, o espertalhão despejou a panela. O lavrador e a mulher foram espreitar e viram a pedra no fundo.
-E a pedra, ó fradinho?
-Ora, a pedra... lavo-a e vai no alforge para servir outra vez...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

CARDO

Classificação científica:
Reino: Plantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Asterales
Família: Asteraceae
Género: Cynara
Espécie: C. cardunculus

O cardo pertence à família das Asteraceae e cresce em locais rochosos, sobretudo com terrenos barrentos, podendo ser encontrado na forma selvagem ou cultivada em Portugal, nas zonas meridionais e ocidentais do mar Mediterrâneo, no norte da África, nos arquipélagos da Madeira e das Canárias e na Argentina.Seu caule é lanoso e varia entre 20-100 cm; as folhas são verdes na página superior e brancas na página inferior, podendo ter dimensões até 50x35 cm; o invólucro, de forma globoso-ovóide e com 45-60x40-55 mm, é composto por brácteas ovadas terminadas num espinho com 10-50x2-3 mm; a corola é violeta.
Aplicações
De todas as espécies do género Cynara, apenas C. cardunculus spp. flavescens (cardo) é referida como sendo usada no fabrico de queijo. Contudo, tanto C. humilis como C. scolymus (agora C. cardunculus spp. scolymus (alcachofra)) mostraram possuir actividade coagulante.
As flores são colhidas quando a planta começa a ficar senescente, isto é, durante os meses de Junho e Julho, sendo armazenadas em locais secos de forma a serem usadas na coagulação de leite durante o Outona e o Inverno. A propriedade coagulante de leite da planta deve-se à presença de três proteases (ciprozinas 1, 2 e 3) produzidas na flor, principalmente nas pétalas e nos pistilos.
Em Espanha, usa-se muito o talo do cardo na alimentação. Este é cozido e depois misturado com outros ingredientes.
Etimologia
Cardo deriva do latim cardùus, que significa "fazer sinal com a cabeça", em alusão à flor de forma ovóide apoiada no caule oscilante.

sábado, 5 de setembro de 2009

Poema dum poeta algarvio

Minha terra embalada pelas ondas,
Lindo país de mouras encantadas,
Onde o amor tece lendas e onde as fadas
Em castelos de lua dançam rondas...

Oh meu Algarve, quero que me escondas...
Que na treva da morte haja alvoradas!
Hei-de sonhar com moiras encantadas,
Se eu dormir embalado pelas ondas...

Quando o sol emergir detrás da serra,
Sempre será... da minha terra
A fecundar-me o chão da sepultura...

Ao pé dos meus, na minha aldeia querida,
A morte será quase uma ventura,
A morte será quase como a vida...

(Francisco Xavier Cândido Guerreiro)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009