quarta-feira, 27 de junho de 2012

LENDAS DE PORTUGAL -XLIII GONDOMAR-

A TRAGÉDIA DE RIO TINTO

A batalha entre cristãos e muçulmanos tinha sido tão violenta e tantos foram os mortos à lança e à espadeirada, que o sangue correu para as águas do rio, onde não poucos eram os cadáveres mutilados que boiavam. Rio tinto, Rio Tinto.
Os mouros pouseram-se em fuga e eram perseguidos encarniçadamente. E a lenda diz que uma princesa cristã percorria o campo da refrega tentando encontrar o irmão, que pertencia ao exército vencedor e ainda não aparecera. Aflita, ela invocava Santa Justa, mas do irmão nem sinal. Ouviu gemer entre uns arbustos e foi até lá para tentar salvar aquele sobrevivente. Era um príncipe mouro chamado Almançor. Ferido, exangue, ela mesma o tratou.
O jovem mouro contou-lhe que o pai, Abdel-raman, um dos chefes mouros e califa de Córdova, com a vergonha da derrota o abandonara. Que Alá, afinal, o abandonara também e era ela, uma cristã, que se interessava pela sua sorte. Por isso, doravante seguiria o cristianismo. Dulce, assim se chamava o princesa, chamou um frade que também por ali andava em busca de sobreviventes, o qual ali mesmo baptizou o mouro dando-lhe o nome de Fernando. Entretanto, apareceu o irmão de Dulce, que andara desencontrado nas últimas escaramuças da batalha.
A princesa e o frade ajudaram Fernando a esconder-se nos fojos da Serra de Santa Justa, onde ficou não só sob a protecção espiritual do frade como apoiado por Dulcer, que lhe levava roupas e alimentos. Em claro, os jovens apaixonaram-se e o frade casou-os na capela de Santa Justa. Porém, D. Ramiro, o pai de Dulce, é que nunca aceitou este casamento, amaldiçoando a filha. E os dois jovens passaram a viver na serra. Ele caçava e ela encarregava-se da choupana em que viviam.
Como gostava muito do irmão, Dulce, às escondidas de todos descia a um ermo a encontrar-se com ele. D. Ramiro começava a aceitar a casamento e ela estava pendente do perdão paterno para ambos regressarem a casa. Mas fernando, ignorando este relacionamento de Dulce com o irmão, um dia seguiu-a e quando os viu encontrarem-se com manifestações de carinho, deu um salto e apunhalou o rapaz. O moço, ao cair varado ainda conseguiu balbuciar de modo que o casal o ouviu:
"Trazia-te o perdão do nosso pai...." e morreu.
Fernando apercebeu-se do que fizera e gritou:
"Ai de mim, que de infiel me tornei cristão por amor e por amor me perdi!"
E com um gesto rápido, manobrou o alfange e matou-se de um só golpe.
E a lenda diz que o espírito deste lugar se confundiu com a memória dos dois apaixonados "que pensavam zelar a sua honra com o sangue da própria vida", pelo que ficou a chamar-se Montezelo, como mente do zelo, que é como quem diz do ciúme...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

JOSÉ, O PESCADOR

Este é o homem que, depois do naufrágio que matou seis pescadores das Caxinas, foi sozinho a Lisboa exigir do poder político mais segurança para os homens do mar. Eis o pescador José Festas.



Cinco dias depois do trágico naufrágio do barco "Luz do Sameiro", e pela primeira vez, os homens do mar passaram a ter  uma só voz, a de José Festas. Pescador humilde, de linguagem popular,    pouco habituado a formalismos e "documentos complicados que não resolvem nada", foi sozinho a Lisboa e exigiu ser pessoalmente recebido por ministros e pelo presidente da República.
Filho e neto de pescadores, farto de ver o luto das Caxinas constantemente renovado, deixou o mar, onde se iniciara   a pescar aos 9 anos num velho barquinho de madeira, para fundar, em 2007, a Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.
"Foi difícil deixar o mar. Ainda hoje me custa." Mas todos os dias a P´ro-Maior revela ser muito mais do que uma associação. Há sempre gente à espera. Os pescadores dizem, meio a sério, meio a brincar, que é "pior do que o centro de saúde."
O "mestre" -como lhe chamam- dá apoio jurídico, trata da burocracia dos barcos e serve de bombeiro e polícia quando a tragédia bata à porta -é sempre o primeiro a chegar. É também quase psicólogo. "É um emprego 24 horas por dia."
Cinco anos depois, a associação representa cinco mil pescadores de 585 barcos e pós a segurança no mar na ordem do dia.
"Somos a maior associação de pescadores do país e somos ouvidos pelos nossos governantes." Depois de muita luta, há finalmente   um helicóptero em Ovar para salvamentos em mar, mais e modernos salva-vidas; 450 barcos receberam novos e modernos equipamentos e 4500 pescadores terão formação prática.

NM - 24.6.2012 -

quinta-feira, 21 de junho de 2012

JOHANN WOLFGANG VON GOETHE


A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

FACAS PRODUZIDAS ARTESENALMENTE NO ALGARVE


Os cabos são de chifre de veado, osso de mamute ou pénis de baleia. As lâminas são fabricadas com a mesma técnica que é usada nas espadas de samurais. A partir do Algarve, o alemão Hubertus Nees - Hubs - produz facas para chefs de cozinha, pescadores submarinos e caçadores de ursos-polares. Histórias de uma arte afiada.


Hubs é um tipo alto, magro, com barba rala e bigode comprido. Tem 60 anos e, como gosta de motos, costuma usar um casaco de cabedal que lhe dá um ar de duro. É frequente vê-lo chegar a qualquer lado com duas malas de aço que parecem saídas de um filme de gangsters. Lá dentro, viajam as suas «meninas», facas de vários tamanhos e formatos, com múltiplas aplicações. «Não há duas iguais, cada uma é obra única.» Há-as para homem e senhora, para a cozinha, caça, pesca ou simplesmente para decoração. São feitas de materiais peculiares como ossos de animais, alguns já extintos. Ou pedras preciosas. Ou madeiras raras. “Tento sempre perceber quem vai ficar com a faca, conhecer a sua personalidade e a sua história. E depois criar um objeto o mais personalizado possível.» A oficina onde os utensílios ganham forma fica numa quinta junto de Espiche, perto de Lagos.

Cada faca leva uns bons quatro ou cinco dias a estar pronta. E se as mais pequenas custam 750 euros, há outras que facilmente chegam aos milhares de euros, tendo em conta os materiais usados e a qualidade da lâmina.

«As facas acompanham o homem desde os primórdios dos tempos. Ajudaram-no a marcar território, a caçar e a sobreviver. Não são armas, são utensílios. Mas devemos-lhes o mesmo respeito que devemos à natureza. São a peça fundamental da nossa afirmação enquanto raça dominante do planeta. Se a dominamos bem ou mal, porra, isso já é outra história.»

terça-feira, 19 de junho de 2012

UM BOM EXEMPLO

A autarquia já apoiava uma centena de famílias com cabazes de alimentos, mas, ao saber que uma mãe de quatro filhos, desempregada e com o marido a ganhar o salário mínimo, não podia pagar uma vacina para a asma que custava 180 Euro, o presidente da Junta de Freguesia de Vilar do Paraíso passou uma noite em branco.
Nessa insónia, teve uma ideia que em poucas semanas mudou a vida a dezenas de pessoas. Elísio Pinto, 57 anos, lembrou-se de bater à porta das muitas empresas daquela freguesia cheia de indústria, pedindo-lhes um contributo mensal destinado a resolver problemas sociais. Nasceu assim o projeto Paraíso Solidário, que começou, em março, a pagar as pequenas despesas que se tornam imensas para uma família sem recursos: medicamentos, vacinas, óculos, fraldas, contas da água e da luz, mensalidades da creche e propinas da faculdade. O autarca ficou surpreendido com a adesão. "Parecia que as empresas estavam à espera que lhe batessem à porta para serem solidários." Em três meses, aderiram 26 e mais revelaram interesse, entre elas uma grande mulitnacional.Também há particulares entre os doadores. O resultado é animador: desde março foram apoiadas sessenta famílias e 120 pessoas e, com os seus modos gentis de cavalheiro à moda antiga, Elísio Pinto já foi explicar o conceito do Paraíso Solidário a freguesias e concelhos vizinhos. "Não podemos cair na tentação de nada fazer. É preciso envolver toda a comunidade para encontrar respostas em conjunto". Até porque, para o presidente da junta, que está no seu último ano no cargo, é ponto assente que "a pobreza não é criada pelos pobres".

NM-17.06.2012

sábado, 16 de junho de 2012

CALCEOLÁRIA

Classificação científica:
Nome Científico: Calceolaria  herbeohybrida
Sinonímia: Calceolaria herbacea, Calceolaria youngii
Nome Popular: Calceolária, sapatinho-de-Vénus, chinelinho-de-madame, tamanquinho
Família: Calceolariaceae
Divisão: Angiospermae
Origem: Chile
Ciclo de Vida: Perene

Calceolária é o nome popular de um grupo de híbridos, originários do cruzamento entre três diferentes espécies de Calceolaria: C. crenatiflora, C. corymbosa e C. cana, todas originárias do Chile. Ela é uma florífera perene, muito cultivada especificamente como planta envasada. Apresenta caule ramificado, de textura herbácea e pequeno porte, alcançando cerca de 30 cm de altura. Suas folhas são verdes, ovaladas, pubescentes, bastante rugosas, com nervuras bem marcadas e bordos denteados.

As inflorescências são retas e ramificadas, compostas por numerosas flores amarelas, vermelhas ou alaranjadas, além de misturas destas cores e pontilhados marrons. A flor é muito singular, com a pétala inferior inflada, semelhante a uma pequena bolsa. A floração estende-se pelo inverno e primavera. Apesar de perene é tratada como anual. Multiplica-se por sementes que germinam em 10 dias.


sexta-feira, 15 de junho de 2012

IMAGEM DO DIA


O calor invadiu a Alemanha onde se esperam nos próximos dias temperaturas acima dos 30 graus. Pelo país fora, as flores despertaram e pintam todo o território.

domingo, 10 de junho de 2012

PALÁCIO DA PENA, SINTRA

D. Maria II teve dois maridos alemães. O primeiro, de uma família nobre da Baviera, morreu jovem. Casou-se depois com aquele que viria ser o nosso D. Fernando II e ainda bem. Oriundo da casa de Saxe-Coburgo-Ghotta, foi sua a ideia de construir o Palácio da Pena. Teve a ajuda no projeto de outro alemão, o barão Von Eschwege, um mineralogista há décadas radicado em Portugal e que até acompanhou D. João VI no Brasil. Concluído em 1847, o palácio deu à serra de Sintra um toque de romantismo que só é comparável aos castelos do Reno e aos palacetes que abundam na Baviera. E D. Fernando II, mesmo depois de enviuvar, gostava tanto de Portugal que até recusou ofertas para ser rei de Espanha e depois da Grécia.