terça-feira, 30 de junho de 2015

LENDAS DE PORTUGAL - LXXIX - ALFÂNDEGA DA FÉ

OS CAVALEIROS DAS ESPORAS DE OIRO

Esta lenda transmontana remonta ao séc. XII, quando os povos peninsulares travavam decidia luta com os moiros. E perto de Chacim, o Monte Carrascal era uma fortaleza moura, a derradeira no que é hoje o Nordeste Transmontano. Hoje esta zona é ocupada pelo santuário de Nossa Senhora de Balsamão, correndo ali cerca o Rio Azibo. Comandava a fortaleza, e mandava também nos arredores, o terrível emir Abdel-Ali que, para além de pesados impostos pecuniários na região, exigia o tributo de donzelas. Isto é, que a primeira noite das noivas das redondezas era passada com ele. Sanguinário, feroz e sensual, diz a lenda. No Castro, hoje Castro Vicente, a quinze quilómetros de Alfândega da Fé, nesta altura apenas Alfândega, vivia o cristão e rico homem Rodrigo Ventura de Melo com a sua filha, a bela Teodolinda. A jovem recusava todos os pretendentes por receio ao tributo de donzela. Ora o emir, sabendo que D. Rodrigo queria mudar a situação, foi a Castro reiterar o seu direito de pernada. Nessa altura viu filha do inimigo e desejou-a. Ora de Castro, foi o cristão a Alfândega pedir apoio a Pedro Malafaia, que capitaneava uma força de duzentos cavaleiros, os Cavaleiros das Esporas de Oiro. Foi com a filha, e ela e Casimiro Malafaia, filho de Pedro, enamoraram-se. E decidiram casar, embora a rapariga vivesse no terror do tributo ao emir. E os pais dos jovens planearam um ataque ao emir durante o dia do casamento. 
Porém, o emir tinha espiões por toda a parte e soube do casamento, mandando o seu melhor cavaleiro e um bando de guerreiros raptar a noiva à saída da igreja. E assim aconteceu, numa altura em que os Cavaleiros das Esporas de Oiro ainda vinham a caminho. Mas, à notícia do rapto, os povos cristãos da região levantaram-se em armas e atacaram o castelo do Monte Carrascal, impedindo que o emir violasse Teodolinda, pois tinha de estar atento à luta. Em campo aberto, moiros e cristãos lutaram desesperadamente, morrendo dezenas de homens. Diz a lenda que,  a uma súplica de Teodolinda, encerrada nos aposentos do emir, no campo de batalha apareceu uma misteriosa enfermeira que curava os feridos reabilitando-os fisicamente para prosseguirem o combate. Que era Nossa Senhora, garantem as vozes, a verdade é que ela desapareceu no final da luta.
Graça à atempada intervenção dos Cavaleiros das Esporas de Oiro, os cristãos ganharam a batalha, tendo conquistado o castelo.  E Casimiro conseguiu entrar no quarto do emir no preciso momento em que este, vendo tudo perdido, não podendo violar a jovem noiva, se preparava para a apunhalar.  A lança do noivo trespassou-o matando-o e Casimiro levou a cabeça do terrível moiro ao alto das muralhas, acabando logo ali os raros focos de resistência por parte dos últimos moiros, que ainda dominavam aquelas bandas do território português.
E o lugar da batalha, em que tantos morreram, uma verdadeira chacina, acabaria por chamar-se Chacim e a  Alfândega foi acrescentado: da Fé.      

          

segunda-feira, 22 de junho de 2015

INAUGURAÇÃO DA PONTE DA ARRÁBIDA FAZ 52 ANOS

Edgar Cardoso transformou a engenharia em evento de massas, e foi a construção da Ponte da Arrábida, união do Porto a Gaia que é agora monumento nacional, que fez dele, digamos assim, produtor de eventos. Não se leia aí ofensa, antes gratidão a um homem  que tornou apaixonante algo que outros deixariam à indiferença que junto dos leigos suscita o projeto e cálculo de estruturas de betão. Com Edgar Cardoso, as coisas eram diferentes, não apenas por o notável professor ser uma figura cativante mas também pela genialidade que transparecia da idealização de modelos laboratoriais, da busca de soluções inéditas e, sobretudo, do arrojo dessas soluções em que mais ninguém parecia acreditar. 


Quanto foi feita, a Ponto da Arrábida era um fenómeno - o maior arco de betão pré-esforçado alguma vez feito - e gente do mundo inteiro esteve no Porto à espera de a ver cair. A técnica de construção já havia sido testada em menor escala, bem perto do Porto, na ponte que cruza o rio Sousa e sobre a qual tanta gente passa sem se aperceber de que é uma miniatura da grande obra que viria depois. E que teve no fecho do cimbre - realizado em junho de 1961 e aqui documentado - o mais espetacular e fotografado momento. e, à medida que era montado, ia sendo enchido com betão. O tramo central, que fechou o arco, foi construído a montante e transportado, Douro abaixo, sobre batelões puxados  por rebocadores, sendo depois içado por gruas, postas de ambos os lados da construção. Tinha 78 metros de comprimento, pesava 500 toneladas e demorou cinco dias a chegar lá ao alto. Depois de pronto o primeiro arco de betão, o cimbre foi deslocado lateralmente para o segundo arco ser construído.
A ponte foi inaugurada a 22 de junho de 1963.

Notícias Magazine - 22.6.2015

sábado, 13 de junho de 2015

JUNTOS...


Juntos conseguimos atravessar
Todos os Montes e Vales que se avistam lá longe
Juntos, enfrentaríamos a hora da nossa morte
Só por isso, perdemos o medo
Juntos, passo a passo caminhamos
Por ti deixaria tudo
Enfrentaria o cair da noite, os meus silêncios
Serias a minha luz
O meu espelho, a minha imagem
Abandonaria tudo
Da minha velha janela, olhava a luz da lua
E com surpresa vi que estava nu
Nu neste descampado, a que chamam tempo

Por tudo que vi e senti
Os teus gestos ajudaram-me a vestir
E assim aprendi a viver ao sabor do vento.

Alberto David

sábado, 6 de junho de 2015

FLOR-CADÁVER


Amorphophallus titanum




O jarro-titã, flor-cadáver ou titan arum em inglês, (Amorphophallus titanum) é a maior e mais malcheirosa "flor" do mundo. Trata-se de fato, não de uma flor, mas de uma inflorescência apelidada de espádice. Quando desabrocha, ela chega a atingir três metros de altura e pode pesar até 75 quilogramas.
Ela exala um forte odor que atrai insetos carniceiros (principalmente besouros), por isso a fama de maior planta carnívora do mundo.
Começa sua vida como um pequeno tubérculo, então solta uma única coluna afilada que cresce furiosamente, até 16,6 centímetros por dia.
Essa planta tuberosa, cultivada em diversos jardins botânicos, permanece endemica somente às florestas tropicais do oeste da Sumatra, uma ilha da Indonésia, no Oceano Índico, onde é conhecida como "flor cadáver". Este nome pode derivar do cheiro nauseador que exala.
Quem a descobriu foi o botânico italiano Odoardo Beccari, em 1878.
Seu nome científico, Amorphophallus titanum significa, literalmente: Falo gigante sem forma
Pode viver até 40 anos, mas só floresce duas ou três vezes.