sábado, 31 de dezembro de 2016

LENDAS DE PORTUGAL - 97ª - ALMODÔVAR

O CAVALEIRO NEGRO

A lenda do Cavaleiro Negro é a mais simples de contar. Pois não é que quando começava formar-se a povoação de Almodoura, um cavaleiro de armadura negra, que não gostava do sítio onde se construíam as casas, passava a noite a desfazer o que os pedreiros faziam de dia? Até que a população decidiu fixar-se ali perto, mas em sítio mais apaziguador de ânimos. E é curiosa esta lenda porque ainda hoje, junto de Almodôvar há uma pequena localidade chamada Almodôvar-a-Velha, decerto que mais antiga. Mas vamos  é passar a uma outra lenda, que poderíamos chamar de complementar.
Assim, quem for a Almodôvar, dirija-se à igreja da Misericórdia, que está voltada para a Praça da República. Essa capela é dedicada ao Senhor do Calvário, o Cristo Crucificado de amplas tradições locais. Os milagres atribuídos ao Senhor Jesus do Calvário ganharam muita fama. Ora isto fez criar invejas em muitas localidades, que queriam ter nas suas igrejas imagem tão importante. E, assim, num belo dia de sol, um batalhão de cavaleiros, armados de lanças e espadas, encaminhou-se para Almodôvar para conquistarem à força o Senhor Jesus do Calvário!
Porém, ao aproximar-se essa força da vila, formou-se um nevoeiro tão escuro que ocultou a povoação. Mesmo os habitantes, que escutavam o tropel dos cavaleiros e o tilintar das armas, iam às janelas e às portas e nada viam! E, no dia seguinte, quando perceberam que Almodôvar tinha sido milagrosamente salva de um bando de ladrões da imagem, a população fez uma procissão e passeou o Cristo Crucificado pelas ruas floridas de Almodôvar. Por esta razão a vila é designada por Vila Negra e é tão venerada a imagem.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

MÁRMORE - AS CATEDRAIS INVISÍVEIS DO ALENTEJO PROFUNDO


A natureza criou há milhões de anos uma jazida do melhor mármore do mundo entre Sousel e Alandroal. Existem poços desde o tempo dos romanos, alguns já com 140 metros de fundo, e de onde seguiram blocos até para construir o Taj Mahal na Índia.
Há números para todos os gostos quando se quer radiografar a indústria mineral desta região, uma língua de terra estreita e única no planeta localizada entre o Alandroal e Sousel, passando por Vila Viçosa, Estremoz e Borba. Foi aí que há milhões de anos, quando a crosta terrestre estava em formação, nasceu um oásis do melhor mármore do mundo. Este carácter único da região é também sinónimo de várias qualidades de mármore, desde os cinzentos, azul, ruivina, claros, cremes e róseos, ou de vergada fina castanha e acinzentada. Variedade que se pode observar no Museu do Mármore, em Vila Viçosa, que se intitula Capital do Mármore, ou nos espaços expositivos para clientes das muitas empresas que ali existem.
Há números fascinantes e existem os trágicos nesta indústria. Neste último caso, cada vez em menor quantidade, como era a morte de muitos operários dentro dos poços. Hoje é difícil imaginar como era retirar blocos com muitas toneladas à força dos músculos, como quando os faziam deslizar desde o fundo sobre paus ensebados. De vez em quando, lá faltava a força, e era a tragédia. Uma situação fácil de imaginar enquanto o elevador vai na sua corrida até ao fundo do poço e se observa um bloco de mármore a subir, preso em cabos de aço que suportam o seu peso gigantesco. Se os cabos se rompem, o impacto no fundo da pedreira fará o bloco partir-se em milhares de bocados que se espalharão como estilhaços de uma granada em todas as direções.
Há escultores que comprem  bocados nas pedreiras para fazer esculturas e estátuas. Estes bocados para as pedreiras é lixo.


sábado, 17 de dezembro de 2016

OS SAPATOS E AS SUAS HISTÓRIAS



O Museu do Calçado de São João da Madeira proporciona uma viagem no tempo através da moda do design, dos processos de produção e dos pés que andaram calçados com alguns modelos em exposição.
Seis anos de investigação deram nisto: a evolução do calçado desde a pré-história, máquinas e processos explicados do início ao fim, modelos de criadores nacionais e internacionais, exemplares de diferentes épocas. O novo Museu do Calçado de São João da Madeira instalou-se na antiga metalúrgica Oliva, um enorme edifício emblemático da cidade, e da sua tradição industrial.
Tudo o que diz respeito a esta indústria pode ser ali visto, ao perto. Maquinaria pesada, como o balancé que corta a matéria-prima e o pantógrafo que tira medidas às peças conforme os tamanhos. A máquina de costura que as gaspeadeiras usam para coser as peças. Ou ainda a máquina de fechar calcanheiras que dá a primeira forma e a máquina de polir materiais.
Neste museu, os sapatos não são apenas resguardos para os pés. Valter Hugo Mãe doou os sapatos cinzentos com ares de turista com que voltou a pisar Saurimo, em Angola. Eunice Muñoz cedeu os sapatos pretos com que pisou o palco na peça "Mary May" em Dezembro de 1964. Manuela Azevedo enviou os botins que calçou na digressão do álbum "Cintura" e que perderam o salto várias vezes. Há também sapatos castanhos e simples de António Guterres. E sapatos de Mário Zambujal, sapatilhas azuis de Pedro Abrunhosa, sapatos altos de  Catarina Furtado, sapatos-luva de Carlos do Carmo. As sapatilhas Sanjo, outrora as mais procuradas do mercado, têm espaço reservado, assim como os grandes estilistas portugueses e estrangeiros desta arte.
O recuo ao passado é obrigatório. O túnel do tempo é feito em ziguezague com réplicas de sapatos. Cascas de árvores, folhas, peles e fibras vegetais entrelaçadas no pé durante a pré-história. Sandálias encontradas no túmulo de Tutancámon no Egito. O sapato branco com fivela de metais preciosos e salto vermelho de Luís XIV de França. Sabrinas rasas, macias e decotadas do século XIX. Cunhas e plataformas dos anos 30, os Chelsea boots popularizados pelos Beatles nos 60, saltos altos e rasos nos loucos 70, o glamour dos 90, o design cada vez mais apurado no século XXI, Tudo isso num museu de dois pisos.



Evasões # 90

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

FELIZ NATAL


A pequena Pepita não sabia o que oferecer ao Menino Jesus. Muito triste e desolada foi consolada por seu primo Pedro quando disse que o Amor a Deus é a melhor de todas as oferendas. Mesmo assim Pepita em sua fé e devoção sente a necessidade de oferecer algo ao Menino Jesus e pelo caminho até a capela vai colhendo plantas e folhagens as quais deposita aos pés do altar. Ali a menina chora e suas lágrimas caem sobre as plantas e diante de toda congregação estas assumem um lindo tom avermelhado e se transformam em poinsétias e desde então esta é a Flor do Natal.

(Luís Alves)

sábado, 10 de dezembro de 2016

CRAVO DOS POETAS



Nome científico: Dianthus barbatus L.
Nomes comuns: Cravo-dos-poetas, Mauritânias, Cravina-dos-poetas
Família: Caryophyllaceae
Origem: Europa e Ásia



O cravo-dos-poetas é uma planta herbácea bianual que pode atingir 25 a 50 cm de altura. As suas flores perfumadas formam cachos densos e arredondados, podendo ser vermelhas, brancas, cor-de-rosa ou lilás. A sua floração ocorre de maio a agosto.

Utilizações: No jardim, esta planta pode ser usada em vasos, canteiros e floreiras. 
A sua floração atrai abelhas, pássaros e borboletas.

As suas flores possuem uma longa duração, pelo que podem ser usadas como flor de corte. 

As suas flores são comestíveis, têm um sabor suave e podem ser utilizadas para enfeitar saladas, bolos, sobremesas ou bebidas.

Cultivo: Deve ser cultivada em locais com boa exposição solar e cresce facilmente em solos soltos e férteis. Devemos fertilizar abundantemente a planta no início da primavera para obtermos muitas e bonitas flores. A primeira floração ocorre no ano seguinte à sementeira. Multiplica-se por semente ou divisão da planta.

Curiosidades: O nome Dianthus significa “flor divina”, pois deriva da palavra grega dios(divino) e anthous (flor); O nome da espécie barbatus deriva do latim e significa 'barbudo' em referência às marcas que cercam a entrada do pólen e que atraem os insetos polinizadores; Esta planta em Inglaterra é comumente conhecida como Sweet William (William doce), pelo que no casamento do príncipe William e Catherine Middleton, a noiva incluiu esta flor no seu bouquet em homenagem ao noivo.