sexta-feira, 31 de agosto de 2018

LENDAS DE PORTUGAL - 117ª - POMBAL

O MOURO SEDUTOR E O FORNO

Pois deste município de Pombal, quantas lendas vamos contar? Pois duas. E vamos começar com um mouro de olhos . verdes e um notável poder de sedução. Chama-se ele Al-Pal-Omar, que em linguagem corrente e portuguesa dá, nem mais nem menos, Pombal! Porém, o mouro tinha um raio de acção, consentido pela velocidade do seu magnífico cavalo e pelo seu real poder, que  vinha das margens do Mondego ao curso do Tejo. Era por ali que se abastecia o seu notável harém. As mulheres amavam-no e os homens tinham-lhe um respeito alinhavado pelo medo.
Porém, certo dia, os cavaleiros templários, guiados pelo arcanjo S. Miguel, conseguiram cercar o mouro Al-Pal-Omar e dar-lhe um combate de morte, não sobrando nenhum dos seus acompanhantes. Ele sim, conseguiu fugir,  ninguém sabe se nas asas de algum pombo. Meteu-se no seu palácio encantado e, dizem, que na companhia das últimas conquistas. E foram-se os templários e taparam todas as possíveis saídas do palácio encantado e construíram-lhe em cima um bom castelo. Possivelmente conhecem-no, o castelo de Pombal!
Mas cuidado, ainda  hoje, qualquer menina que vá ao castelo depois do sol posto escutará uma cantiga que diz assim: 
Menina, vem ter comigo,
Vem o meu encanto quebrar
Sou um mouro teu amigo
Que te quer namorar...


Quem se tenta, entre as leitoras? Mas os leitores estarão pelos ajustes de se deixarem tentar pelo exemplo daqueles homens que ... Vá, comecemos pelo princípio.
Nos anos 1561-1562 houve uma epidemia de peste em todo o país, uma mortandade. A população  do concelho de Pombal sofreu como as outras. Ás tantas, fidalgos e povo juntaram-se e foram em procissão à igreja implorar a Nossa Senhora que acabasse com a desgraça no concelho. E logo se ofereceram com a obrigação de celebrar o primeiro domingo de Agosto de cada ano, com uma missa solene, sermão e, curiosamente, uma corrida de touros. Nossa Senhora não viu inconveniente no negócio e o povo, porque os nobres já acabaram, tem cumprido bem.
Mas aquele exemplo de que se falava atrás entre agora. Nossa Senhora fazia anualmente um milagre. Num forno de grande proporções, onde se entregavam às chamas umas sete ou oito carradas de lenha, aí era metido um bolo de trigo que rondava entre os cento e dez e os cento e vinte quilos. E o milagre não estava ainda aí...
O milagre consistia em entrar em seguida um homem no forno, claro que depois de ter confessado e comungado, dava uma volta ao bolo em  pleno cozimento e saía. Sem se queimar! E isto acontecia diante de uma imagem de Nossa Senhora, colocada diante da porta do forno. Até 1913 aconteceu isso.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

BRUXAS NÃO EXISTEM



Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de "bruxa".
Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando venenos num grande caldeirão.
Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio para dali roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando "bruxa, bruxa!".

Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil. Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixara aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina.

- Vamos logo - gritava o João Pedro -, antes que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente, conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho, era o último.
E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria em mim sua fúria.
Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva. Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou. Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la com uma habilidade surpreendente.
- Está quebrada - disse por fim. - Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei fazer isso. Fui enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim.
Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa. "Chame uma ambulância", disse a mulher à minha mãe. Sorriu.
Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha perna e em poucas semanas eu estava recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande amigo de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana Custódio.

(Moacyr Scliar)

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

HELOTROPIO


Classificação cintífica:
Reino: Plantae
Classe: Eudicotiledóneas
Ordem: Polemoniales
Família: Boraginaceae
Género: Heliotropium
Espécie: Helotropium europaeum



Heliotrópio, de nome científico heliotropium europaeum, é uma planta da família das boragiaceas que pode alcançar entre um e cinco metros de altura. Também conhecida como erva das verrugas, tornassol, tornassol com pelos, verrucária ou verrucária peluda, a planta possui um cheiro agradável e coloração acinzentada ou esverdeada. Possui a corola branca ou lilacínea, afunilada ou assalveada. Sua inflorescência não é bracteada e as folhas são elípticas e, assim como os caules, cobertas de pelos suaves. A planta é considerada em algumas localidades como uma erva daninha que cresce na estrada, mas também pode ser usada como planta ornamental.
Suas sementes germinam principalmente durante a primavera e tornam-se bastante resistentes à seca devido a um sistema radicular profundo. Suas flores surgem dentro de algumas semanas e continuam durante o verão, normalmente morrendo no período do inverno.
Seu nome deriva da característica comum das plantas do gênero: helio que Seu nome deriva da característica comum das plantas do gênero: helio que significa sol, e tropium, que significa virar-se para, remetendo ao fato de que as flores seguem o movimento do sol durante o dia.A planta anual é nativa da região mediterrânea, podendo ser encontrada de forma dispersa ao sul e à oeste da Europa, norte da África, sudoeste asiático, além das ilhas da Macaronésia, com exceção a Cabo verde.

Sua introdução em outros continentes foi, provavelmente, acidental, e em algumas regiões da Austrália, inclusive, encontrou excelentes condições para o desenvolvimento, de forma que, inclusive, interferiu

Benefícios e propriedades

Originária da Europa, a planta possui propriedades anticéptica, cicatrizante, febrífuga e emenagoga, ajudando a desinfectar e acelerar a cicatrização de feridas, além de activar a menstruação e estimular o funcionamento da vesícula biliar.
Seu uso para fins medicinais foi relatado em uma ordem emitida por Carlos Magno, o Capitulare de vilis, em que consta que suas terras eram usadas para cultivar uma grande quantidade de ervas, que inclui o heliotropium europaeum. no equilíbrio ecológico da região.

Contra indicações e toxicidade

É bastante comum encontrarmos animais que foram mortos por intoxicação causada por essa planta, fato comum entre gado e cavalos, que são mais susceptíveis do que os ovinos. A planta é venenosa e contém alcaloides pirrolizidinicos.