sábado, 30 de abril de 2016

LENDAS DE PORTUGAL - 89º - ALMEIDA

NOSSA SENHORA DAS NEVES

Na nova igreja matriz da antiga praça-forte de Almeida há uma interessante imagem de Nossa Senhora das Neves. Quem não quiser pensar demasiado no assunto logo julgará que estas neves se referem a um  qualquer episódio ocorrido num dos raros nevões sobre aquele espaço geográfico. E quanto se engana quem por aí andar com suposições! Pois as raízes da lenda remontam a 26 de Agosto de 1810, quando os franceses arrasaram a vila num cerrado fogo de bombas e canhoneio. E as explosões destruíram não só o castelo, abrindo incomensuráveis brechas na muralha como derrubaram a sede da igreja almeidense. Telmo Cunha, no seu romance "As portas da Cruz", narra as infelizes circunstâncias do desastre militar e, no seu livro de narrativas Almeida, estrela de memórias, conta-nos a lenda de Nossa Senhora das Neves, trazendo-a à publicidade após tantos anos apenas nos cavacos de lareira.
Pois Telmo Cunha conta que logo depois da destruição da igreja e do castelo, os almeidenses quedaram-se como que órfãos desses dois decisivos sinais da sua identidade. Deambulando entre os escombros, sentiam abatido o orgulho que sempre haviam patenteado. As ruínas levavam-nos a querer proceder ao despertar da cidade traumatizada pela tragédia.Para eles, avultava a ideia de remover os escombros e dar uma nova ordem à cidade em cinzas.
"As ruínas magoavam intensamente os olhos e as almas dos que por perto passavam", contava Telmo Cunha. Equipas de voluntários prestavam-se a recompor a vila. E uns tempos mais tarde ergueu-se todo o povo que queria salvar a memória da sua terra. Limpar era a palavra de ordem. E para abrir espaço entre as escombreiras, atearam uma boa fogueira com os materiais revolvidos tidos como definitivamente inúteis, e a fogueira crescia, crescia...


E, de repente, aconteceu. Aconteceu o quê? Pois um fenómeno testemunhado pelas largas dezenas de voluntários para a limpeza da vila. Ou isso consta apenas assim na lenda. Pois não é que, e tomo a palavra de Telmo Cunha, "todos olharam estupefactos o céu plúmbeo e escuro, o sol primaveril havia desaparecido com o por encanto, dando lugar a um frio cortante e inesperado, que se entranhou fortemente nos corpos desabrigados. Atónitos e perdidos, todos viram cair uma neve alva e gélida, que fez baixar imediatamente as impetuosas chamas do intenso braseiro, acabando por o apagar e todo."
Acrescenta o escritor de Almeida: "Petrificados e sem fala, os almeidenses notaram como sobressaía no meio do amontado de destroços queimados e fumegantes, uma imagem de Nossa Senhoras, pretencente à antiga Igreja Matriz." A aparição provocou profundo silêncio, mas logo avançaram alguns a recolher a imagem chamuscada. Demorou a regressar à matriz reconstruída de Almeida, pois houve que reconstuí-la, mas ainda  hoje lá a podemos ver como ilustração desta mesma lenda.

terça-feira, 19 de abril de 2016

A LINHA VERDE É PARA A BICICLETA



A cidade de Berlim, na Alemanha, tem um projeto para uma ciclovia coberta, onde os ciclistas podem transitar indiferentes às intempéries, protegidos em dias de sol, chuva ou neve. Para além disso, esta rota terá estações com serviços ao dispor dos ciclistas e duas curiosidades extra: terá hortas urbanas ao longo do caminho e o pavimento da rua vai permitir gerar energia a cada pedalada. A rota, com quase nove quilómetros, batizada de Radbahn, é um projeto desenvolvido por oito profissionais - arquitetos, urbanistas, entre outros - de cinco países que se uniram para promover, recorrendo a uma alternativa concreta, o debate em torno da mobilidade nas cidades. A  de uma antiga linha férrea, aproveitando uma área coberta inutilizada. Ao longo do percurso, haverá pontos de café, assistência técnica e aluguer de bicicletas. Conectando diversos bairros, terá uma cortina de vegetação que funcionará como um filtro acústico e de poluição.

Dica da Semana Nº 739

segunda-feira, 18 de abril de 2016

CHIP SALVADOR



Uma especialista brasileira em biomedicina criou um chip capaz de detetar 18 tipos de cancro; o equipamento poderá vir a auxiliar no diagnóstico precoce e tratamento de várias patologias. Através de um exame sanguíneo, o chip identifica a doença na sua fase inicial, fornecendo o resultado em apenas 15 minutos, sem libertar radiação e com um sistema portátil, que pode ser levado a regiões remotas com menos acesso aos recursos de saúde.
Deborah Zanforlin, professora universitária em Pernambuco que liderou a equipa responsável pelo projeto ConquerX, revela que o chip poderá ser utilizado para detetar outras doenças no futuro.Os relatórios do laboratório  serão agora submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil e à FDA (Food and Drugs Administation), dos EUA, entidades que irão analisar a possibilidade de o uso do chip ser autorizado em larga escala.

Dica da Semana Nº 739

quinta-feira, 14 de abril de 2016

NATHANIEL HAWTHORNE


A felicidade é uma borboleta que, quando você persegue, sempre está mais longe do seu alcance. Mas que, se você se senta e fica quieto uns momentos, pode ser que pouse em seu ombro.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

CÃO DO BARROCAL ALGARVIO



É afável, excelente caçador e o último cão a ser reconhecido pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária. Chama-se Cão do Barrocal Algarvio e promete encantar aqueles que procuram muita vivacidade e alegria num canídeo.
o Cão do Barrocal Algarvio era chamado de cão felpudo e cão abandeirado pelos algarvios. Tem a aparência esguia e atlética típica dos Galgos egípcios, nos quais se pensa ter origens, mas apresenta também semelhanças com o Podengo português e o Border Collie, raça inglesa de cães pastores. Pode-se afirmar que, apesar do porte modesto (até 58 cm), é um cão elegante com o seu focinho alongado, orelhas pontiagudas, cauda em formado de caracol, pelo comprido, em particular nas patas, cauda e base das orelhas. Fiel companheiro, quer do trabalhador rural quer do caçador até à década de 60 do século passado, começou a ser esquecido e quase entrou em perigo de extinção, concentrando-se apenas em pequenas matilhas.
Até que a Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio (ACCBA) interviu: depois de 15 anos de recuperação, apuramento genético e divulgação, sensibilizou o Clube Português de Canicultura (CPC) para a existência desta raça. 
O típico Cão do Barrocal Algarvio é rápido, trabalhador incansável - pode caçar durante três dias sem parar -, enérgico e territorial. A estas, juntam-se outras qualidades: por ser meigo  e paciente, adapta-se bem à vida em família. Tem que se ter tempo e disponibilidade para o levar a passear.

Dica da Semana Nº 737

sábado, 2 de abril de 2016

PAPOULA



Classificação científica:

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ranunculales
Família: Papaveraceae




A papoula foi muito conhecida nos tempos remotos, tinha muito prestígio entre os médicos da Grécia antiga. Na mitologia grega era relacionada a Hipnos, o deus do sono, pai de Morpheu - que a tinha como planta favorita e, por isso, era representado com os frutos desta planta na mão. Há também uma estreita relação entre a papoula e a deusa grega Nix, a Noite. Deusa das Trevas, filha do Caos, é na verdade a mais antiga das divindades. Freqüentemente, ela é representada coroada de papoulas e envolta num grande manto negro e estrelado. Em muitas referências ela se localiza no Tártaro, entre o Sono e a Morte, seus dois filhos. Os romanos não a representavam em um carro, mas sempre adormecida.

A papoula é conhecida há mais de 5 mil anos - os sumérios já a utilizavam para combater problemas. Os antigos comiam a flor inteira ou a maceravam para obter o sumo. Na Mesopotâmia, curavam-se doenças como insônia e constipação intestinal com infusões obtidas a partir da papoula. Mais tarde, os assírios e depois os babilônios herdaram a arte de extrair o suco leitoso dos frutos para fazer remédios.

Hipócrates foi um dos primeiros a descrever seus efeitos medicinais contra diversas enfermidades. Há quem defenda que mais tarde, um médico grego em Roma, padronizou a preparação do ópio com uma fórmula (o mitridato) e a receitava aos gladiadores. O uso do ópio difundiu-se pela Europa no início do século XVI, mas sofreu forte combate quando a Igreja Católica começou a controlar os remédios. Foi por essa época que Paracelso, o famoso médico e alquimista suíço, elaborou um concentrado de suco de papoula - o láudano, que teria o poder de curar muitas doenças e até de rejuvenescer. A disseminação desta crença levou à popularização do seu uso em todo o mundo ocidental. Com o tempo e com a expansão das rotas comerciais, o ópio acabou por se tornar uma droga universal.

Por volta de 1803, o cientista alemão Frederick Sertuener, observando que os diferentes subprodutos da papoula produziam efeitos diversos, procurou isolar os elementos narcóticos do ópio. Assim, ele obteve um cristal alcalóide de efeito muito intenso: era a morfina.

A papoula é uma planta da Família das Papaveráceas, também conhecida como dormideira. É uma herbácea anual que apresenta propriedades alimentares, oleaginosas e medicinais. A planta apresenta um caule alto e ramificado, com folhas sésseis e ovaladas. As flores são grandes, brancas, rosas, violáceas ou vermelhas, e o fruto é uma cápsula. Por toda a planta circula um látex branco. Todas as partes da papoula são consideradas venenosas, com exceção das sementes maduras.

O ópio é retirado a partir do látex encontrado nas cápsulas que não atingiram a maturação. Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, quando ainda verde, obtém-se um suco leitoso, o ópio (em grego, refere-se a suco), que contém cerca de 25 alcalóides - o mais importante deles é a morfina, presente em até 20% no ópio.



Os nomes relacionados à papoula são bem sugestivos O nome científico da planta "somniferum" (relacionado a sono) e a origem do nome "morfina"(relacionada ao deus da mitologia grega Morfeu, o deus dos sonhos) nos levam a compreender os efeitos que o ópio e a morfina podem produzir: são depressores do sistema nervoso central. Além disso, o ópio ainda contém outras substâncias, como a codeína, e é dele também que se obtém a heroína, uma substância semi-sintética, resultado de uma modificação química na fórmula da morfina.

Todos os alcalóides do ópio são narcóticos. O maior problema dos opiáceos é o seu poder de provocar dependência. Tanto a morfina, como o seu derivado, a heroína, criam uma euforia de sonhos, seguida de uma sedação associada a uma sensação de bem estar. Entretanto, o uso constante e prolongado leva a um envenenamento crônico que pode causar deterioração física e até a morte. Os períodos de abstinência da droga são marcados por náuseas, insônia e intensas dores musculares.


Em alguns lugares do mundo o cultivo da papoula é permitido. É o caso da Tasmânia e da Tailândia. Lá, os membros do grupo dos Hmong (oriundos da China) cultivam a papoula e usam uma parte da flor para suas cerimônias religiosas. O governo da Tailândia lhes deu permissão especial para cultivar esta planta. Entretanto, se algum membro da tribo é encontrado fora da comunidade com a papoula, é detido imediatamente, o que gera conseqüências para toda a comunidade.