Depois de demorada visita ao mosteiro de Rendufe, com a surpreendente descoberta do túmulo de um seu antigo comendatário, Henrique de Sousa, viajou à freguesia de Fiscal, para uma visita à Casa da Tapada, onde viveu e morreu o poeta Sá de Miranda. Degustando o excelente espumante que hoje ali se faz, murmurava do poeta: "O sol é grande: caem coa calma as aves, / Do tempo em tal sazão, que sói ser fria." Depois, `a Casa do Castro, dos Machados onde, franqueado o aberta portal de acesso, não tardaram uns cães bravos em nos expulsar do espaço. Pois tal é território desta lenda da Fidalga Branca.
Antes do mais, esperemos noite que nos sirva para vermos a Fidalga Branca. Sobre o mais alto das muralhas da casa acastelada do Castro, uma figura de mulher envolta em manto alvíssimo. Quem é?
D. Maria da Silva, de casa nobre da Ponte da Barca, casada com Francisco Machado, filho de Manuel Machado, este senhor do Castro e íntimo do grande Sá de Miranda. Na Casa da Tapada vivia então o filho do poeta, Jerónimo de Sá, e sua mulher. Henrique de Sousa, comendatário do mosteiro de Rendufe era, como Jerónimo, das relações de Francisco Machado. Jerónimo de Sá é que se não livra de ter tentado requestar D. Maria da Silva, que foi virtuosa senhora. Porém, por motivos obscuros - a que a cobiça da disputa comenda de Rendufe não deve ser estranha -, Jerónimo de Sá esforçou-se por intrigar Francisco Machado com D. Maria da Silva, dizendo que esta lhe era infiel. E a coisa foi a ponto de ter comprado um criado de Machado para rondar o paço com a mula de Henrique de Sousa, dando a entender que ele se encontrava nos aposentos de D. Maria da Silva.
Francisco Machado, ante uma evidência tão bem construída, de espada em punho, entrou no quarto da esposa e viu-a adormecida, de cilício cingido. Virtuosa senhora! Mas o filho de Sá de Miranda era um pulha de primeira, pois insistiu na acusação. E a situação chegou a um ponto extremo.
Estando D. Maria da Silva a jogar às tabuínhas com o inocentíssimo Henrique de Sousa, um escravo negro de Francisco Machado esmagou a cabeça do comendatário. D. Maria da Silva gritou ante o crime e o marido, instigado por Jerónimo, tentou dar-lhe uma cutilada com a própria espada, mas esta desfez-se em três bocados. Diz a lenda que a esposa dissera ante a ameaça: "O Espírito Santo se entreponha entre mim e essa espada!" Mas logo o filho do poeta estendeu a sua espada ao amigo e o segundo golpe foi fatal.
Lá foi o corpo da senhora a enterrar na Ponte da Barca, na capela da sua família. Porém, se foi o corpo, o espírito entendeu por bem quedar-se na casa do Castro, deambulando pelos seus corredores e aposentos, atormentando os moradores. Já a população daquele rincão de Amares, jura e volta a jurar que a Fidalga Branca, em algumas noites, aparece...