Os campomaiorenses contam que numa guerra, não se sabendo a guerra que fosse, estando Ouguela cercada pelo inimigo, não havia possibilidade de mandar pedir reforços à praça de Campo Maior. Foi então que um rapazinho, que tocava tambor na guarnição daquele castelo, se ofereceu para ser o mensageiro.
Sabia que arriscava a vida, mas também estava na sua habilidade para enganar o inimigo a salvação dos seus amigos de Ouguela. Assim, da muralha saltou para os ramos da velha figueira que ainda hoje está quase encostada ao castelo arruinado. Levava consigo uma bandeira e a mensagem esc ritsa com o pedido de socorro. E assim aconteceu.
O rapazinho atravessou as tropas inimigas, que cercavam Ouguela, e foi ter a Campo Maior, onde entregou a mensagem no hospital.
Bem, isto é o que resta da lenda do tamborzinho e decerto por detrás disto deve haver um episódio real, mas esse caiu no absoluto esquecimento...
Mas há duas outras lendas respeitantes à mesma pedra que ainda hoje podemos observar no pequeno templo dedicado a Nossa Senhora da Enxara, em Campo Maior.
A primeira conta-nos que estava uma mulher a lavar roupa acompanhada de uma filha pequena. A miúda, irrequieta, de um lado para o outro, desapareceu da vista da mãe durante algum tempo. Quando regressou, vinha toda contente. Trazia um brinco de ouro. A mulher ficou surpreendida e quis saber como é que ela o tinha arranjado. E a pequena respondeu que tinha sido uma senhora muito bonita. A lavadeira achou que a história não tinha pés nem cabeça e disse à filha que lhe fosse mostrar a senhora. E lá estava ela numa clareira, sobre uma pedra redonda, como uma mó, a Nossa Senhora.
Espalhada a notícia, a população da Campo Maior, muito devota, quis logo fazer uma capela na margem direita do rio, a meio do caminho entre a vila e o lugar em que tinha aparecida. Mas os materiais anoiteciam aqui e amanheciam na tal clareira onde aparecera a imagem. Tudo isto como um sinal, ali decidiram levantar a capela.
Ora com esta Nossa Senhora da Enxara há ainda uma lenda que diz que quando não havia água nem chovia em Campo Maior, se fazia uma cerimónia em que os campomaiorenses, rezando, atiravam a pedra onde se encontrara a santa ao rio, para que a Senhora fizesse chover. Depois, como quase sempre chovia mesmo, o ritual era inverso para a recolocação da pedra na capela sob a santa.