quinta-feira, 19 de março de 2015

ALGARVE

Peço-te, Algarve, que digas
Por que és terra feiticeira?
A graça das raparigas...
As flores d'amendoeira...
Os gracejos, as cantigas...
O trajar da montanheira...
Os bailaricos mandados
Com poesia brejeira...
Os doces aprimorados...
A suave medronheira...
Lendas... Mouras encantadas...
O encanto da cor trigueira
E as chaminés rendilhadas
Quem seria a bordadeira?..
Diz, Algarve, como tu és
Um amor p'ra a vida inteira!
Comer figos da figueira...
Os saborosos mariscos...
Cataplanas, que petiscos!
Tentação à bebedeira...
Nadar no mar ternura
O oceano é banheira...
Praias sem fim de lonjura
A areia é longa esteira...
O sol! O sol está despido
É um Deus à soalheira...
O luar dá-lhe um vestido
E sonhos por travesseira...
Simplesmente enfeitiçados
Os corações, os sentidos,
Há lindos olhos fechados
A ti, ALGARVE, rendidos!

Manuel Ponce 

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