No caminho de Beguina para Vale de Narizes, no concelho de Aljustrel, há uma cruz erguida sobre uma pedra. Como tantos outros calvários, este assinala que ali alguém morreu. Geralmente são mortes violentas, as mais dela por um raio ou por um assassínio. A lenda diz-nos que não foi uma coisa nem outra, apenas nos fazendo recuar até 1934. Pois por ali costumava trazer as suas vacas a pastar um homem que se chamava Sebastião Albino. Ora na sua manada ele tinha um touro que lhe obedecia como se fosse o mais esperto dos cachorros. E a amizade entre ambos era ao ponto do pastor partilhar com ele a merenda que trazia de casa.
E todos os dias era aquilo. Porém, por qualquer razão, Sebastião Albino, houve uma vez que não levou merenda, pelo que nada tinha para partilhar com o touro. Ora este enfureceu-se e arremeteu contra ele, desfazendo-o e comendo-o! Apenas ficaram os pés dentro das botas...
Mas há outra lenda com touro em Messejana, a duas léguas da sede do concelho. Pois dois na,morados desta freguesia casaram-se e foram viver para a honra do Cabo. E eram muito felizes. Mas uma manhã, estava a Rosa a lavar roupa no tanque da quinta e ouviu alguém chamar por ela. Voltou-se e viu uma bela rapariga, com o senão de ser serpente da cintura para baixo. Naturalmente, esta parte estava enrolada numa árvore. A aparecida apresentou-se dizendo que era filha do alcaide que construíra o castelo cujos restos dali se viam, mouro esse senhor de todas aquelas terras. Ambos estavam encantados e precisavam da ajuda delas para lhes acabar o tormento. E a moura-serpente explicou à Rosa que o desencantamento consistia em ela, sem medo, limpar a baba a um enorme touro que dela se aproximaria, touro este que, afinal, era o alcaide encantado. Tendo medo Rosa, o encanto continuaria, nem sei se dobrado.
Nessa noite, Rosa contou tudo ao marido, que não se opôs, mas ficou muito triste. E no dia seguinte, junto ao tanque, lá apareceu a Rosa um enorme touro negro, bufando, furioso, babando-se. Ela, coitada, não conseguiu vencer o medo e caiu desmaiada. Nunca mais recobrou o juízo e os dois mouros,. pai e filha, ficaram encantados para sempre!