quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

LENDAS DE PORTUGAL - 85ª - MONCHIQUE

O MANTO DE SANTO ANTÓNIO

Santo António protagoniza muitas lendas da terra portuguesa. E como se elas não bastassem, alguns gestos ganham foros lendários. Como aquele no tempo de D. Afonso VI, em que, a 24 de Janeiro de 1668, num singular alvará, Santo António era alistado como soldado no 22º Regimento de Infantaria de Lagos. Mais tarde, a 12 de Setembro de 1683, D. Pedro II promoveu o referido soldado ao posto honorífico de capitão!


Pois à entrada de uma pequena aldeia da Serra de Monchique há um nicho com uma imagem de Santo António, envergando um manto azul, azul bem do céu, bordado a ouro e cercado por flores. O que estará por trás disto? Pois, uma lenda.
E nessa aldeiazinha vivia uma rapariga que que cumpriu a promessa. Casada com um homem mais velho, começou a notar que ele a tratava mal. Discutiam muito e ele esteve a ponta da bater-lhe, mão o fazendo porque ela se disse grávida. E teve uma menina.Mas continuaram a discutir. E tinha a criança 8 anos quando foi ao nicho rezar a Santo António para que desse um jeito lá em casa. Prometeu-lhe flores para o nicho. Surgiu-lhe então um mendigo que lhe pediu de comer. Levou-o a casa e a mãe recebeu-o bem, mas o pai resmungou. Mas foi a senhora preparar-lhe uma refeição, acompanhada da filha. O marido ficou na sala e o mendigo falou-lhe de paz, de amor na família e aconselhou-o a ir ajudar a  mulher. Ele foi e entenderam-se naquele preparativo. Ao voltarem à sala, o homem desaparecera mas no lugar de cada estava uma reprodução da imagem do nicho. Correndo o milagre, a partir daí não faltaram nunca flores no nicho.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

BIOMBOS BÁRBAROS



A chegada de portugueses ao Japão no século XVI está na origem dos biombos nanban, peças de arte nipónicas que representam os "Bárbaros do Sul" e podem atingir, em leilão, quatro a cinco milhões de euro.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A CEIA DO EUNUCO



Castram-se os galos em março, alimentam-se a grão e couves para dezembro. Nas mesas de Natal do Vale do Sousa, as famílias sentam-se em volta do capão.
Foi o manjar dos reis e é uma iguaria rara, protegida por produtores e cozinheiros e, agora, também por Certificação Europeia. O passado tornou uma ave eunuca o orgulho de Freamunde.
O capão é castrado aos 3 meses, alimentado 70% a grão e 30% a couve. E tem de andar ao ar livre. Corta-se-lhe a crista e as barbas, "para perder a vaidade". Assim já não se faz às galinhas. Vive para comer e dormir.
Um terço dos capões morre durante a castração, efetuada a sangue-frio. É também isso que o torna caro, 50 a 60 euro por seis quilos de carne. "E isto é trabalho de mulheres, que aos homens mete pena tirar os testículos ao galo".
O capão à Freamunde é tradição tão enraizada que, em 2001, Raimundo Durão decidiu criar-lhe uma confraria. São 24 confrades, empenhados em preservar a tradição.
E também se conta a lenda do eunuco:
Nos tempos romanos, um consul chamado Caio Cânio, cansado da perda do sono por causa do cantar dos galos, conseguiu fazer aprovar uma lei impeditiva da existência destas aves na região.
O povo, pobre e faminto, lembrou-se de capar os bichos, tirando-lhes o pio mas guardando a carne.
E foi aí que se percebeu que a castidade tornava o animal mais gordo, opulento e tenro do que as outras aves.
A história cabe no domínio da lenda mas, em 1719, D. João V instituiu oficialmente a Feira dos Capões por decrete régio.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

8 DE DEZEMBRO - IMACULADA CONCEIÇÃO - PADROEIRA DE PORTUGAL




Nas cortes celebradas em Lisboa no ano de 1646 declarou o rei D. João IV que tomava a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira do Reino de Portugal, prometendo-lhe em seu nome, e dos seus sucessores, o tributo anual de cinquenta cruzados de ouro. Ordenou o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus. 
Não foi D. João IV o primeiro monarca português que colocou o reino sob a protecção da Virgem, apenas tornou permanente uma devoção, a que os nossos reis se acolheram algumas vezes em momentos críticos para a pátria. D. João I punha nas portas da capital a inscrição louvando a Virgem, e erigia o convento da Batalha a Nossa Senhora, como o seu esforçado companheiro D. Nuno Alvares Pereira levantava a Santa Maria o convento do Carmo. Foi por provisão de 25 de março do referido ano de 1646 que se mandou tomar por padroeira do Reino Nossa Senhora da Conceição. Comemorando este facto cunharam-se umas medalhas de ouro de 22 quilates, com o peso de 12 oitavas, e outras semelhantes mas de prata, com o peso de uma onça, as quais foram depois admitidas por lei como moedas correntes, as de ouro por 12$000 réis e as de prata por 600 réis. Segundo diz Lopes Fernandes, na sua Memória das medalhas, etc., consta do registo da Casa da Moeda de Lisboa, liv. 1, pag. 256, v. que António Routier foi mandado vir de França, trazendo um engenho para lavrar as ditas medalhas, as quais se tornaram excessivamente raras, e as que aquele autor numismata viu cunhadas foram as reproduzidas na mesma Casa da Moeda no tempo de D. Pedro II. Acham-se também estampadas na Historia Genealógica, tomo IV, tábua EE. A descrição é a seguinte: JOANNES IIII, D. G. PORTUGALIAE ET ALGARBIAE REX – Cruz da ordem de Cristo, e no centro as armas portuguesas. Reverso: TUTELARIS RE­GNI – Imagem de Nossa Senhora da Conceição sobre o globo e a meia lua, com a data de 1648, e; nos lados o sol, o espelho, o horto, a casa de ouro, a fonte selada e arca do santuário. 

O dogma da Imaculada Conceição foi definido pelo papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854, pela bula Ineffabilis. A instituição da ordem militar de Nossa Senhora da Conceição por D. João VI  sintetiza o culto que em Portugal sempre teve essa crença antes de ser dogma. Em 8 de dezembro de 1904 lançou-se em Lisboa solenemente a primeira pedra para um monumento comemorativo do cinquentenário da definição do dogma. Ao acto, a que assistiram as pessoas reais, patriarca e autoridades, estiveram também representadas muitas irmandades de Nossa Senhora da Conceição, de Lisboa e do país, sendo a mais antiga a da actual freguesia dos Anjos, que foi instituída em 1589.

domingo, 6 de dezembro de 2015

A LENDA DE SÃO NICOLAU

Nicolau, filho de cristãos abastados, nasceu na segunda metade do século III, em Patara, uma cidade portuária muito movimentada.
Conta-se que foi desde muito cedo que Nicolau se mostrou generoso. Uma das histórias mais conhecidas relata a de um comerciante falido que tinha três filhas e que, perante a sua precária situação, não tendo dote para casar bem as suas filhas, estava tentado a prostituí-las. Quando Nicolau soube disso, passou junto da casa do comerciante e atirou um saco de ouro e prata pela janela aberta, que caiu junto da lareira, perto de umas meias que estavam a secar. Assim, o comerciante pôde preparar o enxoval da filha mais velha e casá-la. Nicolau fez o mesmo para as outras duas filhas do comerciante, assim que estas atingiram a maturidade.
Quando os pais de Nicolau morreram, o tio aconselhou-o a viajar até à Terra Santa. Durante a viagem, deu-se uma violenta tempestade que acalmou rapidamente assim que Nicolau começou a rezar (foi por isso que tornou também o padroeiro dos marinheiros e dos mercadores). Ao voltar de viagem, decidiu ir morar para Myra (sudoeste da Ásia menor), doando todos os seus bens e vivendo na pobreza.
Quando o bispo de Myra da altura morreu, os anciões da cidade não sabiam quem nomear para bispo, colocando a decisão na vontade de Deus. Na noite seguinte, o ancião mais velho sonhou com Deus que lhe disse que o primeiro homem a entrar na igreja no dia seguinte, seria o novo bispo de Myra. Nicolau costumava levantar-se cedo para lá rezar e foi assim que, sendo o primeiro homem a entrar na igreja naquele dia, se tornou bispo de Myra.

S. Nicolau faleceu a 6 de Dezembro de 342 (meados do século IV) e os seus restos mortais foram levados, em 1807, para a cidade de Bari, em Itália. É actualmente um dos santos mais populares entre os cristãos.
S. Nicolau tornou-se numa tradição em toda a Europa. É conhecido como figura lendária que distribui prendas na época do Natal. Originalmente, a festa de S. Nicolau era celebrada a 6 de Dezembro, com a entrega de presentes. Quando a tradição de S. Nicolau prevaleceu, apesar de ser retirada pela igreja católica do calendário oficial em 1969, ficou associado pelos cristãos ao dia de Natal (25 de Dezembro)
A imagem que temos, hoje em dia, do Pai Natal é a de um homem velhinho e simpático, de aspecto gorducho, barba branca e vestido de vermelho, que conduz um trenó puxado por renas, que esta carregado de prendas e voa, através dos céus, na véspera de Natal, para distribuir as prendas de natal. O Pai Natal passa por cada uma das casas de todas as crianças bem comportadas, entrando pela chaminé, e depositando os presentes nas árvores de Natal ou meias penduradas na lareira. Esta imagem, tal como hoje a vemos, teve origem num poema de Clement Clark More, um ministro episcopal, intitulado de “Um relato da visita de S. Nicolau”, que este escreveu para as suas filhas. Este poema foi publicado por uma senhora chamada Harriet Butler, que tomou conhecimento do poema através dos filhos de More e o levou ao editor do Jornal Troy Sentinel, em Nova Iorque, publicando-o no Natal de 1823, sem fazer referência ao seu autor. Só em 1844 é que Clement C. More reclamou a autoria desse poema.
Hoje em dia, na época do Natal, é costume as crianças, de vários pontos do mundo, escreverem uma carta ao S. Nicolau, agora conhecido como Pai natal, onde registam as suas prendas preferidas. Nesta época, também se decora a árvore de Natal e se enfeita a casa com outras decorações natalícias. Também são enviados postais desejando Boas Festas aos amigos e familiares.

Actualmente, Há quem atribuía à época de Natal um significado meramente consumista. Outros, vêem o Pai Natal como o espírito da bondade, da oferta. Os cristãos associam-no à lenda do antigo santo, representando a generosidade para com o outro.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

ACÓNITO NAPELLUS

Classificação científica:

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ranunculales
Família: Ranunculaceae
Género: Aconitum
Espécie: Aconitum Napellus



O acónito  (Aconitum napellus) é uma planta venenosa, pertencente à família Ranunculaceae muito utilizada em fármacos homeopáticos.
Possui raízes tuberosas e caule ereto, com flores azuis na forma de um elmo. O fruto é uma vesícula.
Os sintomas do envenenamento por sua causa são salivação excessiva, falta de ar, tremores e aceleração dos batimentos cardíacos. Apenas 10 gramas de raíz constituem uma dose letal para o ser humano.
É uma planta vivaz que pode atingir até 1,5 metros de altura, tem folhas verde-escuras, palmeadas e recortadas, flores azuis, raramente brancas, e raiz fusiforme. Dá-se bem nas regiões montanhosas, é medicinal e costuma cultivar-se também em jardins, como planta ornamental.
Todas as suas variedades são venenosas quando a semente já está madura. O Aconitum napellus, comum em terrenos úmidos, cultiva-se muito em jardins. Todas as partes da planta são muito venenosas em virtude de possuírem alcalóides distintos.
Outras espécies de acônito existentes em Espanha e Portugal são a erva toira (A. anthora), ou acônito da saúde, e o matalobos (A. lycoctonum), de flor amarela.
Também pode ser receitado pelo seu Médico para o tratamento da ansiedade, mas só com o conhecimento do Médico.