Castram-se os galos em março, alimentam-se a grão e couves para dezembro. Nas mesas de Natal do Vale do Sousa, as famílias sentam-se em volta do capão.
Foi o manjar dos reis e é uma iguaria rara, protegida por produtores e cozinheiros e, agora, também por Certificação Europeia. O passado tornou uma ave eunuca o orgulho de Freamunde.
O capão é castrado aos 3 meses, alimentado 70% a grão e 30% a couve. E tem de andar ao ar livre. Corta-se-lhe a crista e as barbas, "para perder a vaidade". Assim já não se faz às galinhas. Vive para comer e dormir.
Um terço dos capões morre durante a castração, efetuada a sangue-frio. É também isso que o torna caro, 50 a 60 euro por seis quilos de carne. "E isto é trabalho de mulheres, que aos homens mete pena tirar os testículos ao galo".
O capão à Freamunde é tradição tão enraizada que, em 2001, Raimundo Durão decidiu criar-lhe uma confraria. São 24 confrades, empenhados em preservar a tradição.
E também se conta a lenda do eunuco:
Nos tempos romanos, um consul chamado Caio Cânio, cansado da perda do sono por causa do cantar dos galos, conseguiu fazer aprovar uma lei impeditiva da existência destas aves na região.
O povo, pobre e faminto, lembrou-se de capar os bichos, tirando-lhes o pio mas guardando a carne.
E foi aí que se percebeu que a castidade tornava o animal mais gordo, opulento e tenro do que as outras aves.
A história cabe no domínio da lenda mas, em 1719, D. João V instituiu oficialmente a Feira dos Capões por decrete régio.
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