Não longe da Batalha fica o Reguengo em cuja periferia se situa um fétal onde há dois templos. Um deles, o mais antigo, uma pequena capela; o outro já uma igreja que beneficia de regulares restauros.
Desapareceu dali uma lapide que dava notícia da sua fundação. Alguém a copiou e por isso que se torna possível sabermos os seus dizeres:
No ano de 1585 se fez esta igreja de Nossa Senhora do Fétal, com esmolas dos fieis cristãos e se vai renovando e se vão fazendo obras com estas ditas esmolas.
Por isso poderemos localizar cronologicamente a lenda nos inícios do século XVI. E tudo começou com uma pastorinha que guardava o seu pequeno rebanho no Fétal. A rapariguinha estava triste porque a fome a apertava. Chorava, tanto mais que não podia fazer mais nada. Porem, numa nuvem de luz, apareceu junto de si uma linda senhora, que lhe fez uma festa e lhe recomendou que não chorasse. Respondeu-lhe a pastorinha que não podia com a fome. Disse-lhe a senhora que fosse ela a casa para buscar de comer que ela ficaria com o rebanho. Respondeu-lhe a menina que não valia a pena, pois a arca estava vazia. A senhora insistiu de tal modo que a rapariga desatou a correr para a aldeia, o Reguengo.
A mãe, ao escutar o que a rapariga lhe disse, desatou a rir, chamou-lhe tonta e mentirosa, ameaçando-a de se zangar. A pastorinha continuou a insistir que a mãe fosse a arca. Só para lhe ver a cara de parva quan do lhe mostrasse a arca há tanto vazia, a mulher abriu-a. Ah, mas havia lá pão para a família toda que duraria a semana inteira! Ficaram boquiabertas e deram notícia a aldeia. E a pastorinha, já regalada, foi a correr para o Fétal. Chegou lá cheia de sede e a um gesto da senhora brotou água fresca de um lugar, onde hoje há uma fonte. E que boa água!
Soube a pastorinha que estava com Nossa Senhora e ela pretendia ter ali uma capelinha. Mal o souberam, os de Reguengo meteram mãos a obra e então começaram as romagens e as festas de todas as partes da província. E quando a pequenina capela se tornou insuficiente, ergueram a igreja maior. E a família da pastorinha sempre zelou pelas casas da Senhora do Fétal que lhes matou a fome.
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