Ora, então como é que a Porcalhota se tornou Amadora, sobretudo como é que apareceu aquele topónimo tão bizarro? E, depois, como é que os coelhos aparecem nesta lenda?
Se formos a Pinho Leal, ficamos a saber que Porcalhota é diminutivo de Porcalha, significando leitoa. Em meados do século XIX, esta terra pertencia a Benfica. Não eram mais de 359 casas e uma ermida a Nossa Senhora da Conceição da Lapa. E havia Porcalhota de Cima e Porcalhota de Baixo, separadas por uma calçada. Pois a origem lendária da Amadora remonta ao século XIV, à Porcalhota, que é o núcleo populacional mais antigo do espaço da actual Amadora. Esse topónimo procedia do dono destas terras, Vasco Porcalho, que também era alcaide de Vila Viçosa. Na crise 1383-1385, este fidalgo, como muitos outros da velha nobreza portuguesa, apoiou D. João de Castela como rei legítimo, o que mais tarde o obrigou a fugir do reino. Herdou-lhe as propriedades a filha, fidalga, a quem as gentes chamavam Porcalhota! Ficou assim a zona a chamar-se Terras da Porcalhota. Convenhamos, com Delfim Guimarães, que se tratava de um nome malsonante e arreliador! Mas, atenção, tudo o que aqui se conte é do foro da lenda!
O século XVIII fez da Porcalhota uma zona de lazer da aristocracia sediada em Lisboa. Aqui se multiplicaram pequenos palácios em quintas de recreio. Mas, de repente, surge a verdadeira lenda desta povoação que se ia compondo como um puzzle - chama-se Pedro dos Coelhos. O Pedro dos Coelhos é a mais lendária figura da Amadora e o seu prestigio pede meças aos grandes cozinheiros de não menos grande Lisboa. Bastará chamarmos a testemunhar Mendonça e Costa que, em 1887, nas páginas da revista Ocidente, narrava que determinado indivíduo das bandas de Sete Rios, comia em casa coelho em todas as refeições, por imposição da mulher. Ora, farto daquilo, mudou-se para a Porcalhota e calhou-lhe sentar-se à mesa do Pedro dos Coelhos. Diz o cronista, que o conheceu, que nesse dia o coelho soube-lhe a pouco!
Pedro Franco se chamava o Pedro dos Coelhos e terá nascido nos primeiros anos do reinado de D. Maria II, falecendo com sessenta e tal anos, em 1906 ou 1907. Mas desde que enviuvara já não era o mesmo. Mas se morreu o homem, ficou a sólida lenda.
2 comentários:
Não entendi nada
Oi amor tudo bem com você não vai trabalhar amanhã
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