Um mapa do pólo sul de Vénus, feito por uma sonda com instrumentos de leitura de infravermelhos, revela que este planeta foi em tempos muito mais parecido com a Terra. os cientistas da Universidade de Münster e do Centro Aerospacial Alemão, em Berlim, acreditam que possa ter tido um oceano, placas tectónicas e vulcões.
A conclusão parte da análise de milhares de imagens individuais tiradas pela Venus Express com o "Virtis", um instrumento que capta a radiação infravermelha emitida pela superfície do planeta a noite. As diferentes temperaturas registadas permitem identificar a composição das diferentes rochas.
Os cientistas acreditam assim que os planaltos de Phoebe e Alpha Regio, que no mapa surgem com uma cor mais clara, são feitos de rochas graníticas. Na Terra, o granito forma-se a partir de rochas mais antigas, de basalto, que são empurradas para o interior do planeta graças ao movimento da tectónica de placas. A água é outro ingrediente essencial. Os granitos surgem à superfície graças às erupções vulcânicas.
"Se há granito em Vénus, deve ter havido um oceano e placas tectónicas, no passado", disse Nills Müller, responsável pelo mapeamento. "Não é uma prova, mas é consistente com a teorias já avançadas. O que podemos dizer actualmente é que as rochas do planalto parecem diferentes de outras locais".
Os cientistas só poderão ter certeza de que são rochas graníticas enviando uma sonda para os planaltos de Vénus. Nas décadas de 1970 e 1980, oito sondas russas aterraram no planeta, mas encontraram apenas rochas basálticas. A água que havia há muito que se evaporou para o espaço.
Em relação à actividade vulcânica, que não foi detectada pela sonda europeia, os cientistas não afastam a hipótese de esta ainda acontecer em pequenas dimensões. A temperatura varia entre os 3 e os 20 graus centígrados, o que revela que em princípio não há rios de lava activos, mas áreas de rocha mais escura indicam que podem ter existido até há pouco tempo.
Sonda mostra mais sobre o nosso vizinhoLançada em Novembro de 2005 a partir do cosmódromo russo de Baikonur, no Casaquistão, a sonda europeia "Venus Express" chegou à órbita deste planeta em Abril de 2006. O seu objectivo é ajudar a compreender melhor como é que Vénus evoluiu de forma tão diferente da Terra nos últimos quatro milhões de anos, sendo tão semelhante em tamanho, massa e composição. A distância dos planetas em relação ao Sol não explica todas as diferenças. A sonda, desenvolvida a partir de tecnologia que já tinha sido utilizada na "Mars Express", revelou dados importantes sobre a atmosfera de Vénus, como a presença de relâmpagos eléctricos nas nuvens de ácido sulfúrico deste planeta. O funcionamento da sonda ficou em 220 milhões de euros.
Diário de Notícias -16.07.2009-
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