domingo, 10 de outubro de 2010

NOTÍCIA DA SEMANA

A nova vida da Árvore de Zaqueu

A cidade mais antiga do mundo festeja hoje o seu aniversário. O plátano aonde dizem que Zaqueu subiu para ver Jesus foi integrado num complexo museológico construído pelos russos em Jericó, cidade bíblica da Cisjordânia e um verdadeiro oásis no vale do rio Jordão, que hoje completa dez mil anos.
A cidade palestiniana de Jericó completa hoje dez mil anos, segundo a tradição judaico-cristã. O aniversário começa a ser assinalado com uma série de actividades das quais faz parte a inauguração, quarta-feira, de um museu cujo centro é um velhinho plátano com um tronco de dois metros de diâmetro. Mas não se trata de um plátano qualquer: é a conhecida árvore de Zaqueu.
Este homem, diz a Bíblia, era um odiado cobrador de impostos desta cidade da Cisjordânia. Certo dia ouviu que Jesus iria ali chegar e queria vê-lo. Mas acontece que Zaqueu era de pequena estatura e, como tal, não conseguia vier Jesus por entre a multidão, que lhe dificultava a vida. Astuto, Zaqueu resolveu o seu problema: trepou ao plátano que ficava no percurso de Jesus. E o cobrador de impostos não só viu o Mestre como teve de o receber em casa, porque, conta a Bíblia, ao passar ali, Jesus levantou a cabeça e ordenou-lhe que descesse porque nesse dia ficaria em sua casa.


Foi esta árvore que a Rússia escolheu para ser o centro do complexo museológico que está a construir na cidade de Jericó e que abrirá as suas portas ao público na próxima quarta-feira. O museu, em terreno comprado no séc. XIX pelo Governo russo e cuja construção terá custado cerca de três milhões de dólares, conterá obras de arte russas e artefactos encontrados aquando das escavações para a construção do edifício. Será também utilizado para exposições e eventos culturais russo-palestinianos, com o objectivo de ajudar a relançar o turismo na pequena cidade palestiniana.
As festividades dos dez mil anos da cidade de Jericó irão prolongar-se por cinco anos. Para já, uma reunião especial do gabinete palestiniano, um concerto pela banda militar palestiniana, uma maratona, workshops de rua e fogo de artifício são as actividades assinaladas para marcar o aniversário da pequena cidade situada no deserto da Judeia e que acolhe 20 mil habitantes.
É de presumir que outras actividades venham a ser agendadas com o tempo até porque a Autoridade Palestiniana pretende atrair investimento estrangeiro à cidade na área do turismo, tirando partido do bom clima de que goza a "Cidade das Palmeiras" e dos monumentos que dela fazem parte. Alguns destes estão a ser já objecto de exploração turística, como é o caso das ruínas, velhas de nove mil anos, de Tel al-Sultan, na base do Monte da Tentação, onde segundo a tradição, Jesus terá sido tentado pelo demónio.
Jericó é uma excepção na região pobre e árida onde se situa, um oásis no vale do rio Jordão, condição que a transformou desde tempos imemoriais na "cidade de Verão" da elite regional. A cidade que fica 240 metros abaixo do nível do mar, sendo considerada por alguns como a mais baixa do globo, situa-se a uns meros quilómetros do célebre mar Morto e é conhecida pelas suas famosas tâmaras e papaias, sendo estas especialmente utilizadas na medicina.

DN 10.10.2010

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