domingo, 9 de janeiro de 2011

NOTÍCIA DA SEMANA

As pontes flutuantes
Depois de ter concebido duas pontes flutuantes para as Ilhas Maldivas, não faltou quem visse nos pés de suporte daquelas construções os dedos de um gigantesco anfíbio. Jorge Moura, arquitecto, 37 anos, filho de pai português, mas a viver na Holanda desde os 4 anos de idade, achou interessante a ideia, mesmo que aquela hipótese não tivesse ligação alguma com a realidade. O motivo de inspiração fora, afinal, um minúsculo inseto com quatro patas. O desenho das pontes, diz, "é inspirado num pequeno corpo suspenso por quatro grandes pés que usam a tensão da força da água para flutuar e permanecer à superfície".
Hoje, com responsabilidades na história Royal Haskoning, uma grande companhia holandesa de consultoria com características multidisciplinares, Jorge Moura conquistou o NET 2010 - Prémio Nacional Energia do Futuro - pelo projeto de arquitetura da Escola de Engenharia em Delf, na Holanda. Entre os seus principais trabalhos destaca-se, de momento, um projeto para as Ilhas Maldivas que prevê uma grande área de ocupação turística, um centro comercial, uma escola, vários edifícios de serviços e habitação. Uma das originalidades de todo este empreendimento é a construção de duas pontes flutuantes de legação entre ilhas. Trata-se de uma proposta, diz Jorge Moura, cujo conceito visa responder em simultâneo "aos desafios da engenharia e aos desafios do ambiente e manter-se ao mesmo tempo dentro de um orçamento razoável". Uma vez que o mar entre as ilhas é muito profundo, era fundamental encontrar uma ideia capaz de ultrapassar esse constrangimento.
Um design convencional, diz Moura, "implicaria grandes fundações no fundo do mar, o que não só é muito caro, como complexo em termos construtivos, além de que teria um impacto muito negativo em qualquer forma de vida existente" na profundeza daquelas águas. O jovem arquiteto, ao olhar para as Maldivas não podia deixar de ficar impressionado por aquele deslumbrante grupo de ilhas rodeadas por uma grande massa de água.
Essa constatação levou-o a considerar que faria todo o sentido tentar de alguma forma tirar partido da força daquelas águas. O conceito da ponte flutuante pode ser aplicado no futuro "para ligar outras ilhas de forma a preservar a qualidade" daquela zona, acrescenta.
Jorge viveu em Portugal apenas entre os 2 e os 4 anos de idade. Toda a sua vida tem sido passada na Holanda e nunca teve uma educação de raiz portuguesa. Ainda assim, aprendeu a falar e a ler português sozinho e sempre que pode visita familiares e amigos residentes nas zonas de Lisboa e de Sintra.
Com trabalhos em várias partes do mundo, Jorge Moura mantém-se fiel ao princípio de que se "pode criar boa arquitetura com qualquer tipo de orçamento. Só temos de ser mais criativos enquanto arquitetos".

RevistaÚnica - 8.1.2011-

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