terça-feira, 29 de novembro de 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

LENDAS DE PORTUGAL - XXXVI MONTALEGRE -

A PRAGA DO FOGO


Mesmo ao lado da igreja de Mourilhe, em Montalegre, há uma fonte cuja água é muito boa para os males da garganta. É dada beber num vaso que pertenceu a S. Brás, o que o tomou objecto de culto. Pois o nome de Mourilhe virá de terem lá vivido uns mouros expulsos das suas terras e castelos, não podendo sair da região. Como sempre, entre eles e os cristãos as relações eram péssimas. E chamava-se Mohamed o chefe daquela comunidade.

Ora Aben Amid, filho de Mohamed, fartou-se de estar confinado a um sítio e, querendo voltar às terras a que pertencia, saiu de Mourilhe. Andou de aldeia em aldeia, acabando por chegar às margens do Minho. Aí encontrou uma minhota, Leonor de seu nome, por quem se apaixonou. Namorou-a uns dias e então decidiu voltar a Mourilhe e pediu-lhe que o acompanhasse. Ela, muito triste, disse-lhe que ela era cristã e ele mouro, e as famílias não concordariam. Discutiram, por fim ela consentiu em acompanhá-lo com uma condição: se os mouros não a aceitassem, ele teria de voltar com ela. E ele concordou.

Quando, passado algum tempo, os dois apaixonados chegaram a Mourilhe, o chefe mouro ficou furioso porque o filho escolhera uma noiva cristã. E de tal modo foi grosseiro com Leonor, que ela acabou por ripostar-lhe ser o pai dela mais compreensivo, porque não teria dúvida em aceitar Aben Amid. E Mohamed amaldiçoou e expulsou o filho e a nomorada.

Porém, à hora da saída, apareceu Almina, a aia moura que criara Aben, e os convidou para sua casa. Depois de lhes assegurar que poderiam ficar com ela, regressou a casa de Mohamed Amid, obrigando-o a falar com ela a sós. A velha moura mostrava-se furiosa e o pai de Aben disse que o que mais o irritava era já ter prometido o filho a uma outra jovem moura, Zuleida e teria de casar com ela. Não se calou a moura, atirando-lhe à cara que ele também se apaixonara por uma minhota e por causa dela abandonara a esposa, estando esta grávida de Aben. Depois Almina falou-lhe da morte da amante e da mulher e dos remorsos que o atormentavam, o que pôs Mohamed fora de si. E jurou por Alá que não lhes perdoaria nunca, nem a ela nem ao filho e respectiva noiva cristã.

Dispostas a partir, Aben foi a casa do pai dizer-lhe e Almina decidiu ir procurar Zuleida, julgando que ela poderia ajudar, e Leonor ficou em casa só. Zuleida estava escondida na casa e logo que viu a rival sem mais ninguém, roída pelo ciúme, matou-a com um punhal e fugiu.




Aben e Almina, quando regressaram, deram com o cadáver de Leonor e choraram amargamente. E Aben foi-se embora dali, levando o corpo da namorada nos braços. Zangada, Almina lançou a Mourilhe a praga do fogo: "Malditos sejam os desta terra! Que o fogo, por mim ateado, destrua estas casas. Mourilhe só será purificada quando as chamas a destruírem Três vezes!" E, na verdade, a povoação ardeu dessa vez, já após a reconquista cristã, depois em 4 de Abril de 1854 e ainda em 4 de Julho de 1875, desta vez só escapando a igreja!




NOTÍCIA DA SEMANA




O FADO foi declarado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade. O FADO é a primeira expressão artística a ser declarada Património Imaterial da Humanidade em Portugal.



terça-feira, 15 de novembro de 2011

DENDROBIUM

Classificação científica:
Domínio:
Eukaryota
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Asparagales
Família: Orchidaceae
Subfamília: Epidendroideae
Tribo: Dendrobieae
Género: Dendrobium



Dendrobium (em português: Dendróbio) um importante género de orquídeas do sudeste asiático formado por grande número de espécies vistosas, geralmente de fácil cultivo. Sejam suas espécies naturais ou híbridos produzidos pelo homem, estão entre as orquídeas mais difundidas e comuns em cultura.
O nome deste género deriva da união de duas palavras gregas: δένδρον (dendron), que significa "árvore", e βιος (bios), que significa "vida"; referindo-se à maneira como vivem as espécies deste género, ou seja a sua natureza epífita.
Nome comum: Orquídea olhos de boneca
Habitat
A maioria das espécies cultivadas é oriunda da Índia, Sudeste Asiático, Austrália e Nova Guiné. Encontram-se espalhadas, naturalmente, desde a Índia até a Nova Zelândia.
Descrição
A maioria das espécies produz altos pseudobulbos roliços que lembram a cana-de-açúcar, com folhas por toda sua extensão, e florescem em cores variadas. As flores agrupam-se em talos curtos ao longo dos pseudobulbos por toda a primavera até o verão, dependendo da região geográfica onde se encontrar. Há mais de mil espécies de Dendrobia, todas epífitas (razão de seu nome) embora, ocasionalmente, possam ser encontradas sobre rochas ou no solo.
As flores têm largas pétalas e sépalas, com o labelo geralmente apresentando um tom diferente, geralmente mais escuro, o que dá origem ao nome popular de "olhos de boneca".
Taxonomia
Até o final do século passado o género Dendrobium foi tratado como um género ao qual muitas espécies de difícil classificação entre os géneros próximos eram subordinadas. Por este motivo chegou a conter mais de mil e cem espécies. Apesar de ainda não existir consenso entre os taxonomistas, com o advento da análise molecular, pôde-se entender melhor a evolução destas plantas e muitas propostas de divisão deste género têm sido apresentadas. Um dos trabalhos mais completos é o dos pesquisadores Mark Alwin Clements e David Lloyd Jones. Publicado em uma série de artigos que apareceram a partir de 2002, atende tanto a filogenia como a morfologia, e é o trabalho usado como referência na Wikipédia para classificação dessas espécies.
Sabe-se hoje que o género Dendrobium divide-se em dois grandes grupos, um formado pelas plantas do continente asiático e outro pelas espécies proveniente das ilhas do sudeste asiático, sudoeste do Pacífico e Austrália. Ambos os grupos foram divididos em muitos géneros mais manejáveis, com características morfológicas similares. Restam hoje em Dendrobium apenas cerca de 450 espécies, portanto ainda um grande género.




segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CESARE CANTÚ



A dor possui um grande poder educativo: faz-nos melhores, mais misericordiosos, mais capazes de nos recolhermos em nós mesmos e persuade-nos de que esta vida não é um divertimento, mas um dever.

sábado, 12 de novembro de 2011

CÃO DO BARROCAL ALGARVIO















O Cão do Barrocal Algarvio já foi uma raça sem nome e em vias de extinção. Actualmente, tem a seu lado a ACCBA-Associação de Criadores do Cão do Barrocal Algarvio, que contribui em grande escala para a sua identificação, recuperação e reconhecimento.

Actualmente algumas matilhas do Algarve utilizam-no com grande sucesso na caça maior. É rápido, agressivo e um trabalhador incansável.

NOTÍCIA DA SEMANA

ALBUFEIRA CIDADE VÍNICA E GASTRONÓMICA


Mais de 600 pessoas, de 10 países diferentes, participaram no IX Congresso Europeu de Confrarias Enogastronómicas - "A Rota das Especiarias - a importância na gastronomia tradicional europeia - e os Vinhos da Europa" que se realizou em Albufeira.

No decorrer deste evento, um dos maiores e mais importantes da gastronomia a nível europeu, Albufeira foi distinguida como "Cidade Vínica e Gastronómica 2011", o que contribui, em muito, para a promoção do concelho como destino turístico.

No primeiro dia do evento, os confrades, puderam visitar e provar variados vinhos produzidos na Adega do Cantor Cliff Richard na freguesia da Guia. No dia seguinte, discutiu-se a importância da gastronomia tradicional europeia e foram nomeados os novos Embaixadores da CEUCO e entregues os PRÉMIOS AURUM 2011 "Europa Excellence Enogastronomic". No último dia do Congresso, destaque para o desfile da Confrarias pelas ruas da zona antiga da cidade, desde a Igreja Matriz até ao Auditório Municipal.

Outro momento importante deste Congresso foi a entrega dos prémios AURUM 2011, Europa-Excellence-Enogastronomic, estando Portugal candidato nas categorias European Media, Traditional European Artisan Food (Confraria dos Ovos Moles de Aveiro), Traditional European Industry, European Restaurant e Aurum of Honor 2011.

Este evento foi organizado pelo CEUCO, organização europeia sem fins lucrativos, cuja finalidade é a promoção e a defesa dos produtos agroalimentares e a gastronomia de qualidade, de forma a evitar o desaparecimento de tradições em torno da cultura dos nossos vinhos e da gastronomia. Para além do apoio do Município de Albufeira, o Congresso Enogastronómico contou com o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República.


A Voz de Loulé -11.11.2011-

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A NOITE DE SÃO MARTINHO

O meu rico S. Martinho
É tão farrista que até,
Faz cantar o Zé-povinho
Com dois copos d’água-pé.
Foi cavaleiro romano
Com aprumo e distinção,
Chega sempre ao fim do ano
Com solzinho de Verão.
Em Novembro sorridente
Vem lembrar suas façanhas,
Canta e dança alegremente
Ao estoiro das castanhas.
Tem uma noite de alegria
Misturado com o povo
Que celebra com folia
A festa do vinho novo.
Nossa malta perturbada
Anda levada da breca
A comer castanha assada
E a beber pela caneca.
Como é bom viver assim,
Sem da crise ter-mos susto,
Nesta noite sem ter fim
À volta deste magusto.
E o povo na brincadeira
Vai ficando coradinho,
Durante a noite inteira
A saudar o S. Martinho.

Rama Lyon

domingo, 6 de novembro de 2011

A MARQUESA DE ALORNA

Leonor tinha 8 anos quando foi levada à força da casa da família para o Convento de Chelas, com a mãe e a irmã. O pai segui para a prisão da Junqueira e o irmão mais novo, de 4 anos, ficou entregue à criadagem. Esse não foi o primeiro choque a abalar a infância da menina. Apenas três anos antes -fez 5 na véspera-, vira desabar parte do Palácio de Limoeiro, onde morava, no terramoto de 1755. Leonor sobreviveu à catástrofe, mas a nova desgraça que estava a viver tinha causa humana e teria graves consequências para a sua vida.

A família de Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre (1750-1839), que aos 65 anos herdaria o título de Marquesa de Alorna, como ficou para a história, não era uma família qualquer. Os seus apelidos eram dos mais ilustres da aristocracia. O pai era Marquês de Alorna e Conde de Assumar. A mãe era a quarta filha do Marquês de Távora, antigo vice-rei da Índia. Tamanha grandeza foi a causa da queda. Arrastada no processo que culminou com a chacina dos Távora, a família Alorna sofreu durante 18 anos -o pai preso no Forte da Junqueira, mãe e filhas enclausuradas no Convento de Chelas.

Leonor passou o resto da infância, a adolescência e o início da vida adulta no convento. Compensou o isolamento com intensa vida intelectual. Aprendeu línguas, estudou ciências, teve acesso a livros proibidos, cultivou a poesia, pintura, desenho e música. Numa época em que eram habituais as visitas galantes aos conventos, Leonor recebia artistas, poetas e músicos junto à grade que separava o público das freiras. Um dos seus professores foi o padre Francisco Manuel do Nascimento, mais conhecido como Filinto Elísio. Vivia-se o momento alto do movimento poético Arcádia Lusitana, que exigia pseudónimos clássicos. Leonor ficou Alcipe. Em 1777, D. José morreu. A nova rainha, D. Maria I, demitiu o Marquês de Pombal e libertou os presos políticos.

Leonor saiu do convento com 26 anos. Foi viver com a família para a Quinta do Vale de Nabais (hoje Quinta de Alorna), em Almeirim. Pouco depois, em 1779, casou-se -contra a vontade do pai- com o Conde Carlos Augusto de Oyenhausen, militar e diplomata de 40 anos, de origem austríaca, de quem teve oito filhos. No ano seguinte, acompanhou o marido até Viena, onde fora nomeado embaixador.

Ali ganhou fama como poetisa e pintora e caiu nas boas graças da imperatriz Maria Teresa e do seu filho, o imperador José II. Quando o marido foi chamado de volta a Portugal, passaram por Marselha,então em plena agitação revolucionária. O Conde de Oyenhausen morreu em 1793, em Lisboa. A viúva Leonor foi viver com os filhos para Almeirim, incentivando as raparigas da terra a aprender a ler e a escrever de acordo com um sistema que ela própria desenvolveu.

Fundou por essa altura a Sociedade da Rosa, associação secreta de tendências liberais em cujas reuniões se tratava "menos de política e mais de literatura e artes". Um dos frequentadores era o poeta Bocage. Por muito inocentes que fossem as actividades da condessa, acabaram, por despertar as suspeitas do intendente da Polícia Pina Manique. Em 1803, viu-se obrigada a partir para o exílio em Madrid e depois em Londres. Foi o início de uma longa permanência no estrangeiro, onde a futura marquesa se relacionou com alguns dos mais importantes vultos da cultura e da política europeias. As notícias da invasão de Portugal pelo exército napoleónico, em 1807, fizeram Leonor prolongar a estada em Londres. Regressou a Lisboa em 1809 -mas voltou logo para o exílio, intimada a sair do país pelo governo. É que durante a ocupação francesa a sua família distinguira-se tristemente pelo colaboracionismo: a sua filha Juliana foi amante de Junot e o seu irmão Pedro aceitou comandar a Legião Portuguesa ao serviço de Napoleão.


Em 1814, Leonor voltou por fim a Portugal. Bateu-se pela reabilitação da memória do irmão, alegando que fora forçado a aceitar as ordens do ocupante. Conseguiu recuperar o título de Marquesa de Alorna, que usou até à morte.

Apesar da idade avançada, continuou a reunir no seu salão a fina flor da intelectualidade portuguesa romântica e liberal. Entre os seus últimos discípulos contavam-se Almeida Garrett e Alexandre Herculano. Morreu no Palácio de Benfica, com 88 anos.

sábado, 5 de novembro de 2011

MEDRONHOS

Os medronhos são frutos do medronheiro (arbutus unedo). Eles são comestíveis, embora devam ser ingeridos com moderação, visto que em estado avançado de maturação contém uma quantidade razoável de álcool. As pequenas árvores encontram-se espalhados por todo o país, mas são mais frequentes na região do Algarve.