Garoupa, polvo, choco, raia, robalo, sargo, bivalves são algumas das espécies que se pode capturar no estuário do Tejo, que tem uma área molhada entre os 300 e os 350 km2. "Há muitas outras espécies, que não são capturadas porque não tem valor comercial", explica Tadeu Pereira, biólogo marinho do Centro de Oceanografia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Para este investigador do estuário, peixes como a garoupa estão a regressar a foz do rio devido à qualidade das águas, que "tem vindo a aumentar". "Os esgotos domésticos de Almada estão a ser tratados. No Seixal e Lisboa o caminho está perto dos 100 por cento. Com os efluentes tratados e com a desactivação da indústria na margem sul. Apesar do problema ao nível do emprego e da economia, registou-se uma melhoria da qualidade da água", explica o biólogo.
"As garoupas voltaram devido a essa qualidade. Com o aumento da biodiversidade, aumenta o número de presas. As espécies regressam ao estuário", refere o especialista, para quem a pesca artesanal é sustentável. "São embarcações pequenas e polivalentes usadas em diferentes tipos de pesca. Sendo a actividade praticada dentro da legalidade é sustentável".
Um dos primeiros documentos publicados com referência à riqueza do estuário do Tejo vem do longínquo ano de 1147. A abundância de peixe era tanta que Osberno e Arnulfo, dois cruzados ingleses que acorreram a Lisboa para participar na batalha contra os mouros, escreveram e fizeram questão de mencioná-la.
"Há nele tanta abundância de peixe que os habitantes acreditam que dois terços da sua corrente são de água e outro terço é de peixe. É também rico em marisco como de areia, e é principalmente de notar que os peixes desta água conservam a sua gordura e sabor natural sem os mudar ou corromper por qualquer circunstância, como entre nós." É este peixe que muitos lisboetas comem.
DN-27.12.2011
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