A salicórnia, uma erva que cresce espontaneamente nas salinas e que é hoje elemento indispensável nas saladas gourmet em países como a Bélgica, é o exemplo que mais depressa acode à memória de Sebastião Ferreira de Almeida para falar de desenvolvimento local sustentável. "O seu cultivo em salinas abandonadas ajuda a regenerar o ecossistema, contribuindo ao mesmo tempo para o desenvolvimento local da comunidade, como mostrou a investigadora Erika Santos, do Instituto Superior Dom Afonso III, em Loulé, que está a estudar a planta", diz o jovem da Associação Chão de Gente que promove o Projeto Rio na região algarvia de Tavira, juntamente com o centro de Ciência Viva da cidade e a câmara municipal local.
Trata-se de uma série de debates, encontros e ações que pretendem juntar todos os atores locais para encontrar formas de promover mais atividades produtivas em prol da comunidade e do ambiente - a cultura da salicórnia parece uma bela hipótese. Mariscadores, aquicultores ou agricultores, investigadores e estudantes da Universidade do Algarve e de outras escolas superiores da região, decisores políticos e cidadãos em geral estão por isso convocados para estes encontros do rio, que têm início já no próximo fim de semana, na biblioteca da cidade. Identificar interesses comuns, caminhos possíveis de renovação local e formas mais adequadas de concretizar atividades económicas e produtivas é o objetivo final.
"O Projeto Rio foi um dos 70 de várias cidades europeias que ganharam um concurso do programa europeu Places", explicou o coordenador do projeto José Manuel do Carmo, do Centro de Ciência Viva de Tavira, sublinhando que "os contactos com os autores locais e comunidades já se iniciaram". O Projeto Rio já está a correr.
Mariscos, salina e ecossistemas
Levar aos produtores locais novos conhecimentos científicos que lhes permitam melhorar as atividades na Ria Formosa, na produção de sal ou de marisco, é uma das pedras de toque do projeto.
Cultivar laranjas e outros citrinos
Os pomares são imagem dos vales onde corre o rio Séqua, que se torna Gilão ao chegar à ponte romana da cidade de Tavira. Esta é uma das atividades que se mantém forte na região, apesar de algum declínio nos últimos anos. O Projeto Rio também quer dar aqui um contributo.
Paisagens serranas para dinamizar
A desertificação da serra e do Barrocal extinguiu ali a agricultura. Este é um dos temas em debate. Segundo Miguel Carmo, da Associação Chão de gente, a ideia é tentar perceber de que forma é possível renova essa atividade na região para produzir riqueza de forma sustentável.
DN -20.05.2012-
DN -20.05.2012-
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