sexta-feira, 5 de abril de 2013

FÓSSEIS REVELAM QUATRO NOVAS ESPÉCIES DE BALEIAS

Pescadores portugueses e galegos apanharam ocasionalmente na costa, à mistura com carapaus, sardinhas ou cavalas, pedaços de fósseis que foram entregando a instituições como o Museu da Lourinhã, ou o da Sociedade Galega de História Natural, em Ferrol, ou Ourense. Um grupo internacional de investigadores, que integrou o paleontólogo português Octávio Mateus, decidiu reunir 40 desses fósseis e lançou-se no seu estudo há dois anos. O resultado foi a descoberta de quatro espécies completamente novas de baleias-de-bico, que viveram entre há 23 milhões e cindo milhões de anos, e que são antepassadas das atuais baleias-de-bico. A sua descrição foi agora publicada na revista Geodiversitas, do Museu de História Natural de Paris.

"Quando se descobre uma nova espécie isso amplia as nossas possibilidades de estudo", afirmou Octávio Mateus, do Museu da Lourinhã e da Universidade Nova de Lisboa, sublinhando que essas descobertas contribuem também para compor "um quadro mais completo sobre a biodiversidade" no planeta. A descrição "de quatro novas espécies de uma só vez é invulgar", admite, satisfeito, e "mostra a importância deste estudo".
As quatro espécies são outras tantas peças novas para o puzzle evolutivo das baleias-de-bico, cetáceos muito raros e esquivos, sobre os quais a ciência ainda hoje sabe muito pouco. Estas baleias vivem em geral nas profundidades do oceano, onde se alimentam, procurando a superfície apenas para respirar. Por isso, "tudo o que se puder saber das suas antepassadas ajuda a compreender melhor as espécies atuais", nota Octávio Mateus.

Uma das particularidades encontradas numa das novas espécies, cujo fóssil é proveniente da região da Nazaré, é uma protuberância óssea no crânio, cuja função os cientistas ainda ignoram. "Temos ideias, mas teremos de as testar, estudando a questão, com modelos computacionais e estudo do tecidos", explica o paleontólogo português. Esse será, então, o próximo passo.

DN -5.04.2013-

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