quarta-feira, 21 de maio de 2014

12 MILHÕES DE EUROS PARA QUEM RESOLVER OS DESAFIOS DA CIÊNCIA

Foi há exatamente 300 anos que o Parlamento britânico lançou um prémio de 20 mil libras, uma fortuna na altura, para quem resolvesse uma das mais importantes questões da época: o cálculo da longitude no mar. Com o concurso, a discussão saiu para a rua, e foi um relojoeiro, e não um cientista, a encontrar a resposta. Três séculos depois, os problemas que afetam a humanidade são outros, mas o Governo inglês decidiu apostar no mesmo método e oferecer dez milhões de libras (12,2 milhões de Euro) por uma solução capaz de mudar o mundo.
O desafio é lançado a todos: dos cientistas amadores à comunidade científica. O que se procura é alguém capaz de pensar fora da caixa, tal como o relojoeiro John Harrison há 300 anos.
Mas, à moda do século XXI, será o público a decidir o problema a resolver, entre os seis lançados pela organização. Os desafios foram anunciados ontem e concentraram-se nas áreas do ambiente e saúde
"Como garantir que toda a gente tem acesso a água potável" ou "como devolver o movimento a pessoas com paralisia" são duas das seis perguntas, que vão ser apresentadas ao longo das próximas semanas num programa da BBC e na página da iniciativa: www.longitudeprize.org
O desafio vencedor será anunciado a 25 de junho e as regras ficam disponíveis no outono. Qualquer pessoa ou organização pode participar, desde que mostre que se ganhar o prémio vai beneficiar também o Reino Unido.
A ideia foi anunciada pelo primeiro-ministro inglês, David Cameron, no ano passado e lançada ontem, 300 anos depois do desafio original. Geoff Mulgan, diretor executivo da instituição de solidariedade que gere o concurso, explicou o objetivo à BBC: em vez de pedir respostas aos melhores cientistas e às melhores universidades, vão abrir o palco a toda a gente que queira propor uma solução, tal como se fez há 300 anos.
Ou seja, o espírito é o mesmo do Prémio da Longitude de 1714, quando o problema de como determinar a longitude no mar ocupava alguns dos mais brilhantes pensadores do século XVIII. Numa altura em que o comércio e as guerras passavam pelo mar, a incapacidade de descobrir a posição dos navios resultava em perdas incalculáveis, de vidas, mercadorias e dinheiro. Até que em 1714 foi lançado um prémio de 20 mil libras para descobrir a resposta.
A solução veio de uma fonte improvável: John Harrison, que aplicou toda a sua energia a desenvolver um relógio capaz de dar as horas corretas mesmo no mar - onde o balanço trocava as voltas aos relógios de pêndulo. É que sabendo as horas certas no porto de partida e cruzando com a posição do Sol, os marinheiros podiam calcular a posição do barco, a longitude. Este ano começa a procura pelo John Harrison do século XXI.

Alem das duas perguntas acima mencionadas, há mais quatro:
Como prevenir o aumento da resistência a antibióticos?
Como voar sem impacto ambiental?
Como assegurar que toda a gente tem acesso a comida nutritiva e sustentável?
Como ajudar as pessoas com demência a viver de forma independente mais tempo?



DN 20.5.2014

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