Tradição
de caça desta tribo africana ajudou ao risco de extinção dos reis da selva.
Prémios dos jogos incluem touro reprodutor.
Com a cara pintada em tons de ocre e uma lança
na mão direita, Tipape Lekatoo, um maasai de 18 anos, parece pronto para caçar
os leões que se escondem nas encostas do Monte Kilimanjaro. Mas ao lançar o seu
dardo tem como objetivo ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Maasai,
um evento bienal focado em acabar com a tradição da caça aos leões desta tribo
do Quénia.
"Se
ganhar vou usar o dinheiro do prémio para pagar a universidade", contou à
Reuters Lekatoo, que gostava de estudar Turismo em Nairobi, a capital do
Quénia.
Estabelecidos
entre os parques nacionais de Tsavo e Amboseli, os maasai têm uma tradição
secular de caçar leões que esteve perto do fim há cerca de uma década, quanto
os reis da selva quase entraram em extinção - em África,o número de leões desceu de quase
cem mil há algumas décadas para 25
a 30 mil atualmente, segundo números de grupos de
conservação citados pela Reuters.
Caçados
por jovens guerreiros maasai e envenenados por pastores que não queriam estes
felinos a comer o seu gado, o número de leões na zona Aboseli-Tsavo era menos
de dez em 2003. Parte do problema foi resolvido com um fundo de compensação
para os pastores, criado pela Big Life Foundation. No entanto, os jovens maasai
continuaram a caçar para se tornarem guerreiros
e conquistarem a admiração das mulheres da tribo.
Tradições servem de inspiração
Tudo
mudou em 2008, quando um grupo de anciãos maasai procurou Tom Hill,o fundador da Big Life, e lhe disse
que queriam acabar com a tradição tribal de matar leões.
“Eles
perguntaram: ‘Os rapazes não lutam por raparigas mundo fora atracés do
desporto?’ Eu disse que sim e foi o início da Olimpíadas Maasai”, contou Hill.
E assim,
este sábado, realizou-se mais uma edição destas olimpíadas, com quatro equipas
de jovens entre os 16 e os 25 anos, a competirem por prestígio, medalhas, prémios
em dinheiro e um touro reprodutor. Os dois primeiros classificados da corrida
de 5 km
ganham um lugar na Maratona de Nova Iorque do próximo ano.
Além do
lançamento do dardo, as provas – uma mistura da cultura maasai e tradição olímpica
– incluem arremesso do rungu (um bordão de madeira usado para assustar animais),
salto em altura (adaptação de uma dança tradicional) e várias corridas.
DN - 15.12.2014
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