segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

UMAS OLIMPÍADAS PARA ACABAR COM A MATANÇA DE LEÕES NO QUÉNIA

Tradição de caça desta tribo africana ajudou ao risco de extinção dos reis da selva. Prémios dos jogos incluem touro reprodutor.
Com a cara pintada em tons de ocre e uma lança na mão direita, Tipape Lekatoo, um maasai de 18 anos, parece pronto para caçar os leões que se escondem nas encostas do Monte Kilimanjaro. Mas ao lançar o seu dardo tem como objetivo ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos Maasai, um evento bienal focado em acabar com a tradição da caça aos leões desta tribo do Quénia.
"Se ganhar vou usar o dinheiro do prémio para pagar a universidade", contou à Reuters Lekatoo, que gostava de estudar Turismo em Nairobi, a capital do Quénia.
Estabelecidos entre os parques nacionais de Tsavo e Amboseli, os maasai têm uma tradição secular de caçar leões que esteve perto do fim há cerca de uma década, quanto os reis da selva quase entraram em extinção  - em África,o número de leões desceu de quase cem mil há algumas décadas para 25 a 30 mil atualmente, segundo números de grupos de conservação citados pela Reuters.
Caçados por jovens guerreiros maasai e envenenados por pastores que não queriam estes felinos a comer o seu gado, o número de leões na zona Aboseli-Tsavo era menos de dez em 2003. Parte do problema foi resolvido com um fundo de compensação para os pastores, criado pela Big Life Foundation. No entanto, os jovens maasai continuaram a caçar para se tornarem  guerreiros e conquistarem a admiração das mulheres da tribo.



Tradições servem de inspiração
Tudo mudou em 2008, quando um grupo de anciãos maasai procurou  Tom Hill,o fundador da Big Life, e lhe disse que queriam acabar com a tradição tribal de matar leões.
“Eles perguntaram: ‘Os rapazes não lutam por raparigas mundo fora atracés do desporto?’ Eu disse que sim e foi o início da Olimpíadas Maasai”, contou Hill.
E assim, este sábado, realizou-se mais uma edição destas olimpíadas, com quatro equipas de jovens entre os 16 e os 25 anos, a competirem por prestígio, medalhas, prémios em dinheiro e um touro reprodutor. Os dois primeiros classificados da corrida de 5 km ganham um lugar na Maratona de Nova Iorque do próximo ano.

Além do lançamento do dardo, as provas – uma mistura da cultura maasai e tradição olímpica – incluem arremesso do rungu (um bordão de madeira usado para assustar animais), salto em altura (adaptação de uma dança tradicional) e várias corridas.

DN - 15.12.2014

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