quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

LENDAS DE PORTUGAL - LXXIX - VILA NOVA DE CERVEIRA

O REI DOS CERVOS

Quem chegar a Vila Nova de Cerveira e lançar o olhar para ao mais alto dois montes, apercebe-se do vulto de um cervo. Trata-se de uma escultura de José Rodrigues, um grande artista que vive no antigo cenóbio de S. Paio. Mas  decerto também quererá saber o porquê daquela homenagem. Aqui terá a lenda do rei dos cervos, do Cervo Rei, que é o que representa aquela obra de arte.
Pois contam os mais velhos que há muitos, muitos anos, sendo a caça uma questão de sobrevivência, já havia um certo prazer da mesa que indicava ser a carne de cervo das mais saborosas. E os cervos sentiam na pele as lanças e as setas dos seus perseguidores, pelo que se foram metendo para umas matas montanhosas junto de um rio. Naturalmente, buscavam a salvação. E pensaram que se estivessem organizados melhor se salvavam das perseguições. Importava conseguirem um chefe que os dirigisse. E esse chefe teria de ter a sabedoria e a capacidade de ser tão importante como um deus!
E surgiu entre eles  um cervo enorme e poderoso a quem logo prestaram homenagem e obediência. E o Cervo Rei decidiu que deveriam constituir um reino onde ninguém   mais entrasse, que essa seria a salvação de todos. E bem lutaram todos contra homens e outros animais que ousavam aproximar-se dos limites da Terra da Cervaria, tentando entrar. E isso fez com que o Cervo Rei se julgasse invencível. Celtas, romanos, mouros ciaram tantos deles como cervos em lutas ferozes. Assim, quando se formou o Reino de Portugal, naquela montanha que vemos, só o Cervo Rei existia de uma manada enorme que havia povoado a Terra de Cervaria!
Calhou então que um cavaleiro português entendesse não ser aceitável que encostado ao novo reino de Portugal houvesse um reino de cervos. Assim, desafiou o Cervo Rei para um combate sem tréguas. Já viam que venceria. Aceite o duelo,  preparou-se o cavaleiro, levando o seu mais belo escudo adornado com as cinco quinas.

Porém, o Cervo Rei venceu e matou o cavaleiro. O combate foi num local a que hoje chamam Valinhas. E então, o majestoso animal, na posse do escudo e da bandeira, retirou para as suas paragens. E lá no alto fez desfraldar a bandeira do adversário para anunciar que fora ele o senhor da vitória. Porém, a partir daí, cada vez se viu menos o cervo até que nunca mais ninguém o viu.
As gentes, que não cessavam de vigiar a Terra de Cervaria entenderam que poderiam meter à confiança o pé naquele lugar proibido. E logo lá entrou um grupo que, impunemente andoiu por onde quis. Até que deu com o cadáver do Cervo Rei, esquelético, chagado, tendo entre as patas o escudo com as quinas portuguesas, como se o velho chefe daquelas terras quisesse indicar quem lhe sucederia. 
Os homens fixaram-se então num povoado que construíram à beira do rio. E na sua bandeira colocaram um cervo num fundo verde que representa aquela bela terra no Alto Minho.

sábado, 24 de janeiro de 2015

VITÓRIA-RÉGIA

Vitória-Régia, flor bela,
como os lábios de maçã
mais parece com as rosas
das roupagens da manhã.

Traz nos seus brancos cabelos
sedosos e perfumados
todos mistérios e encantos
das noites dos meus pecados...

No bojo de um rio sem fim
os seus olhos refulgentes
parecem dois sóis nascentes
mandando luz para mim.

As suas mãos pequeninas
sob as águas cristalinas,
sempre guardam meus desejos.

Flor Vitória é assim:
um sacrário de marfim
cheio de essências de beijos!

Sarah Rodrigues

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

CORTIÇA PREMIADA EM ITÁLIA


António Luz é artesão da cortiça e mestre em desafios. A parceria com designers e arquitetos já mereceu a atenção da feira de design em Milão.
Na promoção da arte de trabalhar a cortiça, as feiras e exposições da região algarvia, e em especial a "Feira da Serra", realizada anualmente na vila de São Brás durante o verão, são meios de divulgação privilegiados. É em boa parte através destes certames que o artesão António Luz tem tido o merecido reconhecimento, vendo o seu nome cruzar fronteiras através da apreciação do seu trabalho, com cunho nacional.
Com oficina na pacata localidade de São Romão, no concelho de São Brás de Alportel, mestre António Luz, 62 anos, diz que o seu percurso profissional sempre passou pela marcenaria, mas com o aparecimento das grandes superfícies de venda de mobiliário viu o trabalho diminuir, pelo que teve de tomar uma decisão sobre a sua carreira.
"Já lá vão quase 4 anos e não me arrependo. Decidi dedicar-me 100% à cortiça", confidencia. As suas peças são únicas e nascem a partir do que vê, sente e crê resultar num objeto útil, mas sabendo de antemão que se não houver mercado não poderá executá-las, acabando por ficar apenas no papel. De utensílios a objetos decorativos, o mestre Luz diz ser capaz de fazer tudo e gostar de desafios.
Através da parceria desenvolvida com o projeto algarvio TASA (Técnicas Ancestrais, Soluções Atuais), António Luz  viu o seu trabalho crescer e ser divulgado além-fronteiras, destacando-se em 2014, no segundo lugar, no âmbito do concurso internacional da Feira de Design de Milão, o berço "Sleep Tight".


Por ele trabalhado em cortiça, este berço tem design das arquitetas Karin Pereira e Sofia Chinita. "Foi um enorme desafio que me colocaram e deu-me um enorme prazer trabalhar no berço; a distinção é um reconhecimento que me enche de orgulho. Além disso, incentiva-me a inovar nesta minha arte e fazer cada vez mais e melhor".
Os trabalhos do mestre António Luz podem ser vistos online em www.facebook.com/artesanatocortica.antonioluz e no site www.projectotasa.com.

Dica da Semana -15.1.2015-

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

TREPADEIRA CARACOL-VIGNA

Nome Científico: Vigna caracalla
Nomes Populares: Caracala, Flor-concha, Trepadeira-caracala, Trepadeira-caracalla
Família: Fabaceae
Categoria: Trepadeiras
Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical
Origem: América Central, América do Norte, América do Sul
Luminosidade: Sol Pleno
Ciclo de Vida: Perene


A caracala é uma trepadeira perene, leguminosa, volúvel e tropical, com belíssimas flores exóticas e suavemente perfumadas, porém ainda pouco conhecida e difundida. O nome caracala significa que vem de Caracas, na Venezuela. Da mesma família da ervilha, essa trepadeira de textura herbácea é capaz de crescer de 6 a 8 metros em condições ideais de cultivo. Suas folhas são trifoliadas, alternas, longo pecíoladas, com folíolos ovalados, acuminados, glabros, de cor verde e com margens inteiras. A floração ocorre no primavera, verão e outono. As flores são papilionáceas, sustentadas em cachos pendentes. Eles variam do branco, verde ao amarelo com pétalas arroxeadas a róseas, em surpreendentes degradées. A pétala superior é ovalada e a inferior é fortemente curvada, como uma concha de caracol. As flores produzem néctar abundante e são atrativas para abelhas. Os frutos são vagens cilíndricas, alongadas e esverdeadas.
Curiosidade: A caracala era uma das plantas preferidas de Thomas Jefferson, ex-presidente dos Estados Unidos, que a cultivava no Palácio Monticello.