segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

MÁRMORE - AS CATEDRAIS INVISÍVEIS DO ALENTEJO PROFUNDO


A natureza criou há milhões de anos uma jazida do melhor mármore do mundo entre Sousel e Alandroal. Existem poços desde o tempo dos romanos, alguns já com 140 metros de fundo, e de onde seguiram blocos até para construir o Taj Mahal na Índia.
Há números para todos os gostos quando se quer radiografar a indústria mineral desta região, uma língua de terra estreita e única no planeta localizada entre o Alandroal e Sousel, passando por Vila Viçosa, Estremoz e Borba. Foi aí que há milhões de anos, quando a crosta terrestre estava em formação, nasceu um oásis do melhor mármore do mundo. Este carácter único da região é também sinónimo de várias qualidades de mármore, desde os cinzentos, azul, ruivina, claros, cremes e róseos, ou de vergada fina castanha e acinzentada. Variedade que se pode observar no Museu do Mármore, em Vila Viçosa, que se intitula Capital do Mármore, ou nos espaços expositivos para clientes das muitas empresas que ali existem.
Há números fascinantes e existem os trágicos nesta indústria. Neste último caso, cada vez em menor quantidade, como era a morte de muitos operários dentro dos poços. Hoje é difícil imaginar como era retirar blocos com muitas toneladas à força dos músculos, como quando os faziam deslizar desde o fundo sobre paus ensebados. De vez em quando, lá faltava a força, e era a tragédia. Uma situação fácil de imaginar enquanto o elevador vai na sua corrida até ao fundo do poço e se observa um bloco de mármore a subir, preso em cabos de aço que suportam o seu peso gigantesco. Se os cabos se rompem, o impacto no fundo da pedreira fará o bloco partir-se em milhares de bocados que se espalharão como estilhaços de uma granada em todas as direções.
Há escultores que comprem  bocados nas pedreiras para fazer esculturas e estátuas. Estes bocados para as pedreiras é lixo.


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