Paio Pires fica a uns três quilómetros e pico do Seixal, à beira da velha estrada entre Cacilhas e Setúbal. Pois esta povoação foi cenário de uns episódios que hoje contamos, os quais compõem uma interessante lenda.
Uma lenda romântica em que entra D, Paio Peres Correia, guerreiro português cujo nome ficou na História. Já agora, valerá a pena contar que o apelido Correia acrescentado ao Peres ou Pires foi da iniciativa dos seu bisavô, também Paio Peres. E fê-lo como lembrança amarga do tempo em que comeu os arreios, ou correias, de couro dos cavalos durante o tempo em que esteve cercado pelos mouros. Onde? Sabe-se lá. Mas terá sido em Almada ou por ali perto...
No princípio do sec. XIII, não obstante Lisboa estivesse definitivamente nas mãos dos portugueses, ainda havia grupos de mouros a vaguear pela zona. Assaltando, roubando e matando. Entre eles, o jovem Abu, que jurava recuperar aquelas terras e vingar as mortes de seus avô e pai. Porém, desde a queda de Almada, os seus companheiros estavam era com vontade de se passarem a dedicar aos novos tempos como vassalos do monarca português. Todavia, o jovem Abu considerava isso uma traição. E, desesperado, arranjou um bando de jovens mouros e arremeteu contra tudo o que era cristão nos arredores de Almada.
Um dia decidiu assaltar uma grande quinta às portas de Almada. O pessoal fugiu, mas o dono, um velho capitão e a filha deram-lhe luta tal que pareciam mesmo um regimento. Porém, Abu e os seus conseguiram vencê-los e entrar na casa. O mouro ficou espantado como aquelas frágeis gentes o haviam enfrentado com tanto vigor e feito tantas baixas. Perdeu o ódio que sempre tivera em si, rendia-se à beleza de Alda. Por fim, ouro para se inspirar em Alá. É que não se atrevia a matar aqueles dois prisioneiros.
E naquele espaço de tempo chegou o cavaleiro Paio Peres Correia e os seus homens, vinham de ter tomado Mértola, que logo ali dizimaram os mouros. Ao entrar na casa, ficou espantado com as parecenças da filha do capitão com Nossa Senhora da Anunciação.
Ele próprio enfrentou os mouros que ali estavam, conseguindo matar uns e pôr outros em fuga. Quanto a Abu venceu-o e preparava-se para lhe dar o golpe final, quando Alda lhe pede que o poupasse pois ele também havia poupado a sua vida e a de seu pai, tendo-os à sua mercê...
Sorriu-se Paio Peres porque leu amor nos olhares da jovem e de Abu. Propôs, no entanto, poupar-lhe a vida se ele se convertesse, o que foi aceite. E ofereceu-se logo para apadrinhar o casamento, que teve lugar na própria capela da casa.
No final da cerimónia, os da quinta decidiram que aquelas terras receberiam o nome de Paio Peres, e ainda hoje é Paio Pires a vila que cobriu po espaço da propriedade do velho capitão. Assim, o cavaleiro português passou a ter o mouro convertido e a valente e bela Alda como os seus maiores amigos de sempre.
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