A equipa de arqueólogos da Neoépica mal queria acreditar: no logradouro das traseiras do restaurante Solar dos Presuntos, Lisboa, encontravam-se 28 corpos enterrados e várias urnas com corpos incinerados, bem como objetos de uso pessoal, incluindo moedas e um estojo de medicina "extremamente raro". Um achado com quase dois mil anos de história, datado do tempo da antiga cidade romana de Olisipo. As obras de expansão previstas para o restaurante lisboeta tiveram de esperar. Manda a lei que este tipo de obra não avance "sem que se faça um trabalho de diagnóstico que avalie a existência de possíveis vestígios históricos relevantes", explica ao CM Nuno Neto, da Neoépica. "Estivemos um mês e meio a fazer as sondagens, e logo nos primeiros metros fomos percebendo que tínhamos em mãos uma descoberta importante", acrescenta o arqueólogo, que não esconde a sua satisfação. "Estamos a desenterrar elementos escondidos durante centenas de anos – somos uns privilegiados por poder dar voz a estes vestígios." Cerca de oito meses depois – e com tudo devidamente registado – os achados foram retirados do seu lugar e estão agora à guarda dos arqueólogos para uma análise mais aprofundada. Para que se perceba o que são e para definir uma datação específica: existem vestígios de várias ocupações, desde o período contemporâneo (século XIX) até ao período romano. Entre eles, ruínas de uma olaria da era dos Descobrimentos. "Em média, dispomos de dois anos para estudar os materiais e para chegarmos às nossas conclusões", diz Nuno Neto. "Depois, tudo será entregue à câmara, e ficará no Centro de Arqueologia de Lisboa."
CM 27.12.2018
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