Por caminhos estreitos e sinuosos, uma pequena maravilha esconde-se à beira-mar, em Carreço. A pouco mais de um quilómetro da movimenta estrada EN 13 erguem-se os moinhos de vento de Montedor, totalmente reabilitados em 2002, depois de anos de abandono, cativando agora muitos turistas "distraídos".
"Andam perdidos pela aldeia e acabam por dar com isto. Depois regressam com amigos", diz Armindo Pires, o moleiro do marinheiro, o mais emblemático dos três moinhos. "É o único do País com as velas em madeira. Só os havia no Minho e só este funciona", conta.
Nem sempre foi assim. Antes de 2002, data em que - depois adquirido pela Câmara do Viana do castelo - foi transformado em núcleo museológico, do moinho restavam as paredes. "Foi uma reabilitação difícil porque não havia quem conhecesse a arte, a madeira tinha de ser especial. Mas ao fim de alguns anos lá se conseguiu recuperar tudo."
Além do marinheiro, o núcleo museológico entretanto criado conta com outro moinho, o de Cima, a poucos metros de distância, transformado num centro de interpretação. Mais afastado está o Do Petisco, mas este na posse de privados. Todos se erguem em Montedor, rodeados pelo monte e apenas com o mar de fundo. Neto do proprietário inicial dos dois moinhos, Armindo Pires, empregado fabril de 50 anos, aceitou o convite e ficou encarregado de o "fazer funcionar" e abrir aos turistas, a quem explica detalhadamente o seu funcionamento. "Andei por aqui com o meu pai até aos 17 anos e era dos únicos que ainda sabia trabalhar com isto", explica.
Continua a manter "totalmente operacional" o principal moinho. "Sempre que preciso faço a farinha para as minhas galinhas aqui". Os dois estão, por norma, de portas abertas ao fim-de-semana e surpreendem os turistas por funcionarem sem velas de pano. Aqui entra a explicação do moleiro: Para evitar a compra de um tecido caro em 1937, as pás foram feitas com (cada uma) seis placas de madeira fina, "que abundava na zona".
Apesar da ausência de comemorações a nível nacional, o Dia dos Moinhos assinala-se terça-feira e algumas autarquias tentam fomentar a data. É o caso de Viana do Castelo que prevê para o próximo fim-de-semana visitas aos moinhos de Rodízio, uma azenha copeira em Outeiro ou aos moinhos de vento em Montedor. Em Viana do Castelo existe ainda um moinho de maré, as azenhas de D. Prior, na Meadela.
Com o livro de visitas na mão, Armindo lembra as mensagens deixadas por turistas ingleses, finlandeses, suíços e espanhóis. E até uma japonesa o visitou. "Descobrem na Internet e aparecem por cá. Há muitos que não resistem e acabam por regressar", conta orgulhoso, o moleiro de serviço no Marinheiro.
Diário de Notícias -3.4.2009-
A Azenha
No concelho de Albufeira, propriamente na freguesia de Paderne, encontra-se também um moinho de água, a azenha. O moinho fica junto a ribeira de Quarteira e foi totalmente recuperado, no ano 1980, por um grupo de amigos de Albufeira.
Também se conheceu na altura o último moleiro Snr. Manuel e a esposa que viveram e trabalharam durante décadas na dita azenha.
Depois da recuperação foram lá feitas muitas festas tradicionais e o moleiro pôs o moinho a trabalhar. Com a farinha assim produzida cozeu-se o pão no formo a lenha.
O moleiro Snr. Manuel Cevadinha deixou-nos também uma quadra alusiva aos moinhos:
No caminho da ribeira
Vai com o burro o tio Roque
Leva o grão para moer
Arre burro tic-toc.
Na azenha a mó moendo
Vai moendo sem cessar
Breve do grão será
Farinha e depois pão do nosso lar.
E na mó moendo
Não há ninguem que lhe toque
E a caminho da ribeira
Vai andando o tio Roque
A água da ribeira sempre correr
E a mó de pedra sempre a moer.
Werngard
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