Portugal quer começar a aproveitar o potencial da várias zonas húmidas do País para promover o mercado da observação de aves, numa altura em que no território existem apenas 3 mil pessoas que se dedicam a este tipo de turismo. Os principais amantes do bird-watching -oriundos dos Estados Unidos da América, Grã-Bretanha e Escandinávia- continuam a preferir os parques naturais sedeados em Espanaha, sobretudo, mas também na Grécia, porque "Portugal ainda não é conhecido", segundo admitem os empresários que começaram a dedicar-se a este ramo de actividade.
Este fim-de-semana vai ser dado um passo na promoção das potencialidades nacionais, através da primeira feira dedicada à observação de aves, que decorre sábado e domingo na Herdade da Mourisca (Faralhão), junto ao célebre Moinho da Maré, em Setúbal, onde os visitantes vão ser alertados para a surpreendente existência de cerca de 70 mil aves, pertencentes a 70 diferentes espécies, só no estuário do Sado.
A organização da primeira "Observanatura" resulta de uma parceria entre o Instituto da Conservação da natureza e da Biodiversidade (ICNB) e a reserva Natural do Estuário do Sado (RNES). As pessoas vão ser convidadas a passear a bordo de embarcações rumo aos habitats de flamingos -a pernalta cor-de-rosa que chega a apresentar populações superiores a 500 efectivos-, cruzando-se ainda com maçaricos, pilritos, garças, gaivotas, corvos marinhos e águias pesqueiras. Mas a oferta é muito maior.
"Esta é uma altura em que temos aqui várias aves migratórias, que se preparam para passar o Inverno. Vão ficar por cá até Janeiro", revela o ornitólogo da INCB Vitor Encarnação, admitindo residir aqui "grande potencial de negócio", dado que, embora existam zonas húmidas na Europa que reúnem mais mediatismo, como o Parque de Dona Ana (Espanha), "nós temos espécies, que chegam de norte de África, que só podem ser vistas aqui".
O Sado será um dos locais privilegiados para a prática de bird-watching, o que leva o ICNB a admitir vir a investir na melhoria dos vários cais de embarque do estuário, embora João Jara, proprietário da Birds & Nature, uma empresa de Lisboa -parceira do certame- que se dedica exclusivamente à observação de aves, admita que a existência de outros locais nas proximidades deste rio seja "outra grande mais-valia".
João Jara explica que o facto de o rio Tejo ou a ria Formosa (Algarve) se encontrarem num raio de cem a 200 quilómetros permite criar roteiros turísticos que seriam inviáveis noutros países, devido às longas distâncias que seria necessário percorrer entre os vários parques.
Diário de Notícias -16.10.2009-
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