A fonte das almas
Sobre a fonte Santa de Alte, Aldeia que fica a norte de Paderne (Albufeira), Estácio Veiga (1828-1891) pôs a lenda em verso:
Era de Maio uma tarde,
De tais flores perfumada
Que a Virgem Mãe do Rosário
De tanto enlevo enlevada
Junto à margem de um ribeiro
Céu e terra contemplava.
Nas águas que ali corriam,
Via-se ele retratada,
E dos mirtais e roseiras
Que o ribeiro refrescava,
Uma capela tecera
Para a Senhora da Orada.
Tecida que era a capela,
Logo dali se ausentara,
Lavando no seu regaço
O Filhinho de su'alma.
Indo em meio do caminho
Grande calor apertava;
A água o Menino pedis,
Ma sua Mãe não lh'a dava,
Que dentre aquelas estevas
Olho d'água brotava.
Crescia a sede, crescia,
E então a Virgem parava.
Lança olhos à ventura,
Vê uma rocha escarpada.
Onde o sol dava de face
Com tal ardor que crestava!
Palavras que a Virgem disse,
Logo pelo céu entraram,
E o rochedo que as ouvira,
Em fonte se transformara.
O caso é que em bem pouco
Água tão fresca jorrava,
Que aos pés da santa corria,
Como quem lhe os pés beijava.
Bebendo que era o Menino,
Toda a fonte se cercava
De alecrins e mangeronas.
E rosas de toda a casta;
Desde então ficou a fonte
Chamada a "Fonte Fadada",
Dera-lhe a Virgem três chaves,
Uma de Ouro, e as mais de prata,
Uma para ser aberta,
Outra para ser fechada,
E outra para ali guardar
Almas puras como água.
Das almas que a Santa Virgem
Muitas vezes lá guardava,
Ficou o povo chamando
À fonte - "Fonte das Almas".
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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