domingo, 14 de agosto de 2011

MURO DE BERLIM FEZ 50 ANOS



Homenageadas as vítimas do muro que dividiu a Alemanha durante 28 anos.



Berlim assinalou ontem meio século da construção do muro que dividiu a Alemanha durante 28 anos, e tombaria em 1989, na sequência dos protestos na Alemanha de Leste que levaram à extinção do regime comunista.
A principal cerimónia decorreu no Memorial do Muro, com a presença do presidente alemão, Christian Wulff, e da chanceler Angela Merkel. "A lembrança da injustiça do Muro adverte-nos para não deixarmos sozinhos os que lutam pela liberdade a democracia e os direitos cívicos", disse o chefe de Estado alemão no seu discurso. Wulff considerou também necessário mais liberdade na Alemanha actual, incluindo uma melhor integração dos estrangeiros, e mais possibilidades de uma vida melhor para todos. Na cerimónia discursou também a ex-dissidente leste-alemã Freza Klier, que apelou à preservação da memória das vítimas da divisão do país. "Foi um sistema impiedoso, mas que ainda hoje muitos elogiam", sublinhou a dramaturga alemã, de 61 anos, referindo-se ao regime comunista da extinta RDA. Aos 18 anos, Klier tentou fugir da RDA, num navio para a Suécia, mas foi detida e condenada a 16 meses de prisão. Em 1988, deixou o país, depois de as suas peças terem sido proibidas mas continuou a ser perseguida pela polícia política da RDA, a Stasi. Após o ato solene, foi inaugurado o segundo troço do Memorial do Muro, onde se descrevem e ilustram as consequências da sua construção para o povo nas duas partes da cidade. A partir das 00:00 de ontem, foram lidas, na Capela da Reconciliação do memorial, biografias de algumas das 136 vítimas mortais do muro, na sua grande maioria homens, mulheres e crianças abatidos a tiro pelos guardas fronteiriços. Ao meio dia, a maior metrópole alemã guardou também um minuto de silêncio em memória das vítimas, os transportes públicos pararam e os sinos das igrejas repicaram. Há 50 anos, a RDA justificou a construção do muro com a necessidade de "travar as provocações imperialistas montadas pelo ocidente".O verdadeiro objectivo dos líderes comunistas, porém, era estancar a emigração para a Alemanha Federal, que nos primeiros 12 anos de existência da RDA já tinha ultrapassado os três milhões de pessoas. Na madrugada de um domingo, 13 de Agosto, as milícias da RDA começaram a erguer barreiras de arame farpado, na linha divisória entre o sector soviético e os sectores ocidentais. Tanques da RDA ocuparam importantes artérias, e a circulação dos transportes públicos no sentido leste-oeste foi cortada. As potências ocidentais renunciaram a uma intervenção militar, para evitar um conflito que poderia conduzir a uma terceira guerra mundial. "Mais vale um muro do que uma guerra", disse na altura o presidente norte-americano John F. Kennedy, segundo vários historiadores.

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