No azimute dos pensamentos, alinho a
incompreensão do meu olhar.
Vejo para além dos movimentos do mar
a confusão do horizonte
perdendo-se no infinito fugidio.
***
Cascos lavradores de rotas
Enredam a profunda ansiedade
Nas águas flutuantes
Guardadoras da fé
Da vida e da morte
Onde navega a saudade
Atravessando o Tempo e a Sorte.
***
Filhos da Terra
Em constante desafio
Aos tempos de ninguém
Ancorados no fundo
De salsos abismos.
***
Esperanças atadas
Com cordas de coragem
Nos parapeitos da aragem
Da partida e da chegada
Boiando
Com as vozes sempre alertas
Do bombordo e do estibordo.
***
Humildes vencedores
Da fome guardada
Nos submersos céus salgados
Onde os arco-íris
Também se alimentam.
Manuel Ribeiro
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