segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

BARCOS

No azimute dos pensamentos, alinho a

incompreensão do meu olhar.

Vejo para além dos movimentos do mar

a confusão do horizonte

perdendo-se no infinito fugidio.

***

Cascos lavradores de rotas

Enredam a profunda ansiedade

Nas águas flutuantes

Guardadoras da fé

Da vida e da morte

Onde navega a saudade

Atravessando o Tempo e a Sorte.

***

Filhos da Terra

Em constante desafio

Aos tempos de ninguém

Ancorados no fundo

De salsos abismos.

***

Esperanças atadas

Com cordas de coragem

Nos parapeitos da aragem

Da partida e da chegada

Boiando

Com as vozes sempre alertas

Do bombordo e do estibordo.

***

Humildes vencedores

Da fome guardada

Nos submersos céus salgados

Onde os arco-íris

Também se alimentam.



Manuel Ribeiro

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