segunda-feira, 25 de junho de 2012

JOSÉ, O PESCADOR

Este é o homem que, depois do naufrágio que matou seis pescadores das Caxinas, foi sozinho a Lisboa exigir do poder político mais segurança para os homens do mar. Eis o pescador José Festas.



Cinco dias depois do trágico naufrágio do barco "Luz do Sameiro", e pela primeira vez, os homens do mar passaram a ter  uma só voz, a de José Festas. Pescador humilde, de linguagem popular,    pouco habituado a formalismos e "documentos complicados que não resolvem nada", foi sozinho a Lisboa e exigiu ser pessoalmente recebido por ministros e pelo presidente da República.
Filho e neto de pescadores, farto de ver o luto das Caxinas constantemente renovado, deixou o mar, onde se iniciara   a pescar aos 9 anos num velho barquinho de madeira, para fundar, em 2007, a Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.
"Foi difícil deixar o mar. Ainda hoje me custa." Mas todos os dias a P´ro-Maior revela ser muito mais do que uma associação. Há sempre gente à espera. Os pescadores dizem, meio a sério, meio a brincar, que é "pior do que o centro de saúde."
O "mestre" -como lhe chamam- dá apoio jurídico, trata da burocracia dos barcos e serve de bombeiro e polícia quando a tragédia bata à porta -é sempre o primeiro a chegar. É também quase psicólogo. "É um emprego 24 horas por dia."
Cinco anos depois, a associação representa cinco mil pescadores de 585 barcos e pós a segurança no mar na ordem do dia.
"Somos a maior associação de pescadores do país e somos ouvidos pelos nossos governantes." Depois de muita luta, há finalmente   um helicóptero em Ovar para salvamentos em mar, mais e modernos salva-vidas; 450 barcos receberam novos e modernos equipamentos e 4500 pescadores terão formação prática.

NM - 24.6.2012 -

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