quarta-feira, 20 de junho de 2012

FACAS PRODUZIDAS ARTESENALMENTE NO ALGARVE


Os cabos são de chifre de veado, osso de mamute ou pénis de baleia. As lâminas são fabricadas com a mesma técnica que é usada nas espadas de samurais. A partir do Algarve, o alemão Hubertus Nees - Hubs - produz facas para chefs de cozinha, pescadores submarinos e caçadores de ursos-polares. Histórias de uma arte afiada.


Hubs é um tipo alto, magro, com barba rala e bigode comprido. Tem 60 anos e, como gosta de motos, costuma usar um casaco de cabedal que lhe dá um ar de duro. É frequente vê-lo chegar a qualquer lado com duas malas de aço que parecem saídas de um filme de gangsters. Lá dentro, viajam as suas «meninas», facas de vários tamanhos e formatos, com múltiplas aplicações. «Não há duas iguais, cada uma é obra única.» Há-as para homem e senhora, para a cozinha, caça, pesca ou simplesmente para decoração. São feitas de materiais peculiares como ossos de animais, alguns já extintos. Ou pedras preciosas. Ou madeiras raras. “Tento sempre perceber quem vai ficar com a faca, conhecer a sua personalidade e a sua história. E depois criar um objeto o mais personalizado possível.» A oficina onde os utensílios ganham forma fica numa quinta junto de Espiche, perto de Lagos.

Cada faca leva uns bons quatro ou cinco dias a estar pronta. E se as mais pequenas custam 750 euros, há outras que facilmente chegam aos milhares de euros, tendo em conta os materiais usados e a qualidade da lâmina.

«As facas acompanham o homem desde os primórdios dos tempos. Ajudaram-no a marcar território, a caçar e a sobreviver. Não são armas, são utensílios. Mas devemos-lhes o mesmo respeito que devemos à natureza. São a peça fundamental da nossa afirmação enquanto raça dominante do planeta. Se a dominamos bem ou mal, porra, isso já é outra história.»

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