A autarquia já apoiava uma centena de famílias com cabazes de alimentos, mas, ao saber que uma mãe de quatro filhos, desempregada e com o marido a ganhar o salário mínimo, não podia pagar uma vacina para a asma que custava 180 Euro, o presidente da Junta de Freguesia de Vilar do Paraíso passou uma noite em branco.
Nessa insónia, teve uma ideia que em poucas semanas mudou a vida a dezenas de pessoas. Elísio Pinto, 57 anos, lembrou-se de bater à porta das muitas empresas daquela freguesia cheia de indústria, pedindo-lhes um contributo mensal destinado a resolver problemas sociais. Nasceu assim o projeto Paraíso Solidário, que começou, em março, a pagar as pequenas despesas que se tornam imensas para uma família sem recursos: medicamentos, vacinas, óculos, fraldas, contas da água e da luz, mensalidades da creche e propinas da faculdade. O autarca ficou surpreendido com a adesão. "Parecia que as empresas estavam à espera que lhe batessem à porta para serem solidários." Em três meses, aderiram 26 e mais revelaram interesse, entre elas uma grande mulitnacional.Também há particulares entre os doadores. O resultado é animador: desde março foram apoiadas sessenta famílias e 120 pessoas e, com os seus modos gentis de cavalheiro à moda antiga, Elísio Pinto já foi explicar o conceito do Paraíso Solidário a freguesias e concelhos vizinhos. "Não podemos cair na tentação de nada fazer. É preciso envolver toda a comunidade para encontrar respostas em conjunto". Até porque, para o presidente da junta, que está no seu último ano no cargo, é ponto assente que "a pobreza não é criada pelos pobres".
NM-17.06.2012
NM-17.06.2012
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