Canal entre o Pico e o Faial é a casa de 44 golfinhos
Quando os biólogos do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores (UA) começaram a estudar os golfinhos roazes (Tursiops truncatus) na região, em 1999, a hipótese levantou-se logo. No canal imortalizado por Vitorino Nemésio, entre as ilhas do Pico e do Faial, parecia haver uma população residente. Nos últimos quatro ano a equipa do DOP, liderada pela bióloga Mónica Almeida Silva, conseguiu confirmar a suspeita e com isso demonstrou que há mesmo golfinhos açorianos. O estudo, que contou com a participação de outros cinco investigadores do DOP, foi publicado esta semana na revista científica "Marine Biology".
"Este é o primeiro trabalho a mostrar que há populações de roazes fixas na região", disse ao DN Mónica Silva, explicando que o grupo residente no canal entre o Pico e o Faial "tem 44 animais, mas é uma comunidade aberta". Ou seja, recebe a visita de muitas centenas de outros golfinhos do arquipélago, ou que estão em viagem através do oceano. Estes animais não residentes podem ficar dias, ou semanas. Chegam em busca de alimento e enquanto permanecem interagem social- e sexualmente com os indivíduos que fazem do canal a sua casa. "Descobrimos isso através de análises genéticas", adianta Mónica Silva, notando que essas interacções "mantêm uma grande diversidade genética na população de roazes do canal, o que é positivo".
O estudo mostrou aliás que, do ponto de vista genético, os golfinhos do canal são muito semelhantes aos animais oceânicos, (que não se fixam em zonas costeiras, mas vivem em viagem através do Atlântico), o que se explica pelas interacções descritas.
Estes golfinhos centram todas as suas actividades no canal, mas o estudo mostrou também que eles percorrem regularmente centenas de quilómetros em busca de alimento, o que torna a sua
área vital "três a quatro vezes maior do que as anteriormente descritas para populações costeiras". E isso também é uma novidade.
Marcas: Cada golfinho tem sinais particulares que o distinguem de todos os outros, como por exemplo a barbatana dorsal. Ela é diferente em cada animal. È assim que os cientistas os distinguem.
Jornal Diário de Notícias 6.12.2008
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