sexta-feira, 6 de novembro de 2009

LENDAS DE PORTUGAL - XIII - PALMELA

Em torno da ermida de S. Brás

A ermida de S. Brás já não existe há muitos anos. Hoje está reduzida a uns restos de parede que, para serem identificados, precisam de muita atenção por parte do curioso, que terá meter-se pela estrada de alcatrão que vai de Palmela à Quinta do Anjo. Isto logo adiante e à direita, ultrapassada a estrada de macadame que dá acesso a uns campos. Pois aquelas pedras sobrepostas, com outras acasteladas, foram a tal capelinha que teve a inaugurá-la o rei-poeta D. Dinis e sete bispos portugueses.
Ora do lado da Epístola havia um altar com duas imagens, uma mais destacada. a de Nossa Senhora das Mercês, e outra mais discreta, Santa Susana. Porém, a fama era de ambas serem milagrosas. E há duas coisas mais a acrescentar, que no século XVI, ou um pouco antes, foi anexado um hospital à ermida e no século XVIII, por cima do próprio altar-mor, havia uma pintura de madeira onde estavam pintadas evocações da lenda que a seguir contaremos. Também na sacristia havia.....
Lá iremos. Comecemos é por dizer que naqueles tempos antigos (mas já vemos que depois de D. Dinis, pois se ele inaugurou a ermida...), os mouros aprisionaram um dos mais prestigiados fidalgos de Palmela, O Conde Alberto, e levaram-no para os seus territórios no Norte de África. E aí tudo fizeram para o humilhar, mantendo-o preso com grilhetas a mó de um moinho, obrigando-o a fazê-la rodar.

Porém, em Palmela tinha o conde a esposa e a filha, que viviam na angústia do que lhe estaria a acontecer. E um dia, a jovem, acompanhada da sua mãe, em situação desesperada, dirigiu-se à ermida de S. Brás e, suplicando, lançou-se aos pés de Nossa Senhora das Graças. Natural e docemente, suplicou pela triste sorte do pai. E então viu algo surpreendente. A imagem da Senhora inclinava a cabeça e parecia sorrir, como disposta a atender a prece.
Passado breve tempo, um caçador passou perto da ermida e deu de caras com o Conde Alberto, este ainda preso por um cadeado de ferroa uma pesada mó. Aproximou-se dele e escutou a sua singular aventura. Pois contou-lhe o fidalgo que, como sempre, adormecera na mourama naquela posição e em sonhos lhe apareceu Santa Susana, segurando-o pela mão,levando-o à vista de Nossa Senhora, para lhe agradecer pois ia ser libertado. E ao acordar verificou que se encontrava já em terras de Palmela e ao pé da ermida de S. Brás.Não tardou aparecer ali muito povo da cidade a libertar o fidalgo, fazendo uma rija festa. A família abraçada foi agradecer à Nossa Senhora das Graças e a Santa Susana a libertação do Conde Alberto.E dizia-se lá atrás que na sacristia da ermida estava alguma coisa. Pois era a mó e a grilheta. E a pedra havia sido colocada em pé, levemente inclinada, para quem quisesse meter a cabeça no seu buraco do meio. Corria que quem assim fizesse se libertava de males na cabeça.

1 comentário:

Anónimo disse...

muito esquesito