domingo, 5 de fevereiro de 2012

QUE SECA!

O País pode chegar a uma condição extrema. Bragança e Alentejo estão debaixo de olho.

Só a esperança de que fevereiro traga chuva poderá alterar o cenário que se ergue à nossa frente - um país em seca cada vez mais severa. O Instituto de Meteorologia (IM) fez as contas: a precipitação nos últimos dois meses foi 85% inferior ao normal, pois a média de janeiro são 117 litros por metro quadrado mas desta vez caíram apenas 17 litros - só choveu nos dias 15 e 16. Agora, o País distribui-se por 13% em seca fraca, 76% em seca moderada e 11% em seca severa.



No final do inverno meteorológico - como se refere a gíria da especialidade aos meses de novembro, dezembro e janeiro - o IM ainda não fala em seca extrema, o grau mais grave da classificação, mas confere que "fevereiro irá ser de extrema importância", dado que grande parte da nossa precipitação anual decorre nesta altura.

A situação levou já à tomada de algumas medidas. No Instituto da Água (Inag), confirma-se que as regiões de Bragança e Alentejo estão a ser monitorizadas, para o caso de ser preciso transferir água de outras barragens, mas, insiste-se, serão situações que reportem a falhas estruturais - e no primeiro caso já se encontrou alternativa.

Rui José Rodrigues, da monitorização dos recursos hídricos, garante que há água para dois anos e frisa que até maio muito pode acontecer. Desvalorizando preocupações maiores, o responsável do Inag acrescenta: "Falta 'março marçagão...' e 'abril águas mil'". Ainda assim, já se ouviram queixas dos agricultores, a avisar que, se não chover nas próximas semanas, os prejuízos serão avultados - a sabedoria popular também diz que "quando não chove em fevereiro, nem prado nem centeio".

A última situação de seca data de 2004/05 e afetou todo o território continental. Nas duas últimas décadas do século XX, adianta o IM, observou-se uma intensificação da frequência de secas, sobretudo de fevereiro e abril. Mas há também quem diga que esta ideia do Portugal do clima ameno é um mito. Oiça-se Carlos da Câmara, climatologista da Faculdade de ciências da Universidade de Lisboa: "É como dizer que somos de brandos costumes. Tanto as cheias como a seca são características do nosso clima. Não vivemos é bem com isso."

As previsões meteorológicas para os próximos dias não apontam para chuva em parte alguma do País.
Visão Nº 987

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