terça-feira, 27 de novembro de 2012

LENDAS DE PORTUGAL - XLVIII CONSTÂNCIA -

O PELOURINHO DO MILAGRE

Pois era uma vez um senhor de terras que era do priorio. Tinha escravos e muitas vezes os mandava chicotear e enforcar. Fazia sofrer toda a gente. E assim, de uma vez em que apanhar um dos pobres homens na posse de uma laranja, acusou-o de roubo e quis logo que o enforcassem logo ali. Não lhe importava que ele tivesse apanhado a laranja para matar a sede! O escravo, vendo-se perdido, rezou quanto pôde à sua  santa protectora e seta resolveu ajudá-lo. Assim, no momento em que lhe punham a corda à volta do pescoço, a santa apareceu e disse assim:
"Não há direito que condenem um homem à morte só por ter apanhado uma laranja para matar a sua fome e sede!"
Logo a corda desapareceu e a santa, voltando-se para quem alai estava, continuou:
"E fica aqui este Pelourinho para, cada vez que o olharem, se lembrem deste e doutros momentos vergonhosos!"
Também, antes de se ir embora, deixou ali um livro com os direitos e os deveres do Homem. Quem for a Constância, passando pela Praça de Alexandre Herculano, facilmente poderá ver o Pelourinho do Milagre!

Mas o leitor quererá saber o porquê da mudança do topónimo da cabeça deste concelho. Foi Punhete e é Constância. Quantas lendas deveremos deixar-lhes? Pois há uma que diz tratar-se de uma homenagem a um grande amor. Que ao tempo das lutas liberais, o rapaz de uma família de miguelistas apaixonou-se por uma rapariga de uma família de liberais. Apesar da oposição de todos, os jovens casaram-se e foram felizes. Quis o acaso que, um dia, a rainha D. Maria visitou Punhete e hospedou-se em casa deles. Ao jantar contaram-lhe a história do seu amor. Comovida, a rainha disse:
"Devido a constância do vosso amor e à beleza desta terra, que é tão bonita e tem um nome tão feio, a partir de agora passará a chamar-se Constância."
Já em Montalvo se conta que a rainha Constança andava a passear naquela região e passou por Punhete.Os habitantes, que não andavam contentes com o topónimo. aproveitaram a presença da rainha e mudaram o nome da povoação para Constância, homenagem que ela aceitou...
Mas há ainda uma outra lenda, com um toque de macabro. Pois esta conta que no fundo de um rio de águas límpidas, havia um esqueleto a dizer adeus com a sua mão ossuda. Às tantas, o esqueleto ergueu-se, transformando-se lentamente numa linda princesa. E quando ficou completo, falou:
"Sou uma princesa encantada e chamo-me Constância."
Depois fez construir o seu palácio, que ainda hoje existe. E a vila passou a chamar-se Constância. Porém, neste caso, o leitor não se lembrará que a designação de Punhete durou mais do que a lentidão do esqueleto a erguer-se?
Mas as lendas são assim mesmo!

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito boa noite, fiquei muito interessada por este artigo. Gostaria de saber quais as suas fontes. Obrigada

José Luz disse...

Nunca ouvi ou vi quaisquer registos sobre tais lendas. A não ser sobre os amores de Passos Manoel com Gervásia Falcão. Há um livro antigo e a tradição. Quando ao que escrevem sobre o pelourinho, não é sobre esta "Punhete"..De certeza.