No Geoparque Arouca é possível assistir a um fenómeno que, até hoje, é considerado único no mundo. Junto à aldeia da Castanheira, num afloramento de granito com cerca de um quilómetro de extensão, discos de pedra (chamam-se nódulos biotíticos) soltam-se de rochas de granito, como se delas nascessem. São as pedras parideiras. A área, integrada na rede de Geoparques da Europa, ganha hoje nova dignidade, com a inauguração da Casa das Pedras Parideiras, mesmo no meio da serra da Freita. Uma área dedicada ao estudo científico do fenómeno e ao turismo que procurará dar ainda mais relevo a este fenómeno único.
Alexandra Paz, geóloga do Geoparque Arouca, explica que "este é um processo que se prolonga por milhares de anos" e que acabou por dar origem, na localidade, ao termo pelo qual as rochas são conhecidas. Os nódulos têm um núcleo de quartzo revestido a feldspato, moscovite e biotite, também conhecida por mica preta, como a generalidade da rochas. Contudo, na Castanheira é a biotite que predomina no exterior dessas formações rochosas, o que permite identificar logo à partida quais as rochas que se vão desprender do granito mãe. Nódulos cuja dimensão varia entre um e 12 centímetros.
Basicamente, explica a geóloga, os nódulos soltem-se devido à erosão de granito mãe e às condições climatéricas da região. "No verão, os nódulos, por serem pretos, absorvem mais calor do que o granito onde se encontram e dilatam. No inverno, nos dias mais frios,a água que escorre na rocha acaba por se alojar sempre entre o granito e o nódulo e, quando gela, acaba por funcionar como cunha", frisa Alexandra Paz.
O que deu origem a estes nódulos, refere a geóloga, ainda não é consensual na comunidade científica internacional. "Há uma tese que defende que são o resultado de diferentes solicitações do magma no tempo em que se formaram os supercontinentes", explica. Outra tese defende que os nódulos se encontram "separados" do granito "por se terem formado bolhas de ar em seu torno quando a rocha granítica solidificava". Certo é que este fenómeno tem gerado o interesse de inúmeros cientistas de todo o mundo.
Orçada em cerca de 190 mil euros, a intervenção no Geoparque de Arouca foi financiada em cerca de 60% pelo programa Proder. Com a recuperação do palheiro que deu origem à Casa das Pedras Parideiras, os visitantes do Geoparque podem assistir a um vídeo que ajuda a perceber o fenómeno que ali se verifica, bem como visitarem os dois espaços de observação - um coberto, outro a céu aberto - das formações rochosas.
A autarquia acredita que, com este novo espaço, será possível preservar de forma mais eficiente este espaço único. Ao mesmo tempo que se oferecem melhores condições cerca de 20 mil pessoas que, anualmente, se deslocam a Arouca para observar as rochas parideiras.
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