As riscas das zebras tornaram-nas inconfundíveis, como o seu toque de alegria nas paisagens secas das savanas de África. Mas, para os cientistas, a função das riscas das zebras tem sido, sobretudo, fonte de perguntas e de especulações. Vários estudos e repetivos autores já tinham avançado a hipótese sensata de que elas teriam algum papel de camuflagem e de proteção contra predadores, mas mais recentemente experiências no terreno mostraram que as riscas eram importantes para afastar insetos. Agora uma equipa de investigadores voltou à questão e diz que a tese do repelente dos mosquitos é aquela que se confirma.
Para chegar a esta conclusão, que publicou agora na revista "Nature Communications", uma equipa de biólogos coordenada por Tim Caro, da Universidade da Califórnia, analisou a distribuição regional dos equídeos já extintos e existentes e comparou os resultados dessas distribuições com as hipóteses explicativas para a existência de riscas na pelagem, de espécies como as zebras.
O resultado é este: a distribuição das espécies com riscas abarca as mesmas regiões onde os insetos que atacam os equídeos se encontram ativos.
"Fiquei surpreendido com os resultados", admitiu Tim Caro, citado num comunicado da sua universidade, sublinhando que "foi possível comprovar de forma sistemática a existência de mais espécies com riscas nas zonas do mundo onde os mosquitos são mais agressivos".
No estudo, os biólogos mapearam a distribuição de vários parâmetros relacionados com as diferentes teorias explicativas para as riscas, incluindo a da camuflagem, a da necessidade de confundir visualmente os predadores, a que propõe um papel de controlo da temperatura do corpo e ainda a que atribui uma função social às riscas.
Foram por isso avaliadas as distribuições geográficas dos grandes predadores dos equídeos, das temperaturas e de várias espécies de insetos que atacam estes herbívoros, incluindo as da família Tabanidae e as moscas tsé-tsé. Depois foi só fazer comparações e sobrepor os diferentes mapas.
Enquanto a distribuição das moscas tsé-tsé já era conhecida, a dos Tabanidae não, e por isso os investigadores tiveram de fazer essa análise, na qual identificaram também as zonas ideais para a sua reprodução, comprovando assim a coincidência geográfica.
Confirmada a ligação aos insetos, que um grupo de investigadores húngaros e suecos já havia testado com êxito, em fevereiro de 2012, em experiências com modelos de cavalos de diferentes pelagens , restava, no entanto, uma questão intrigante: por que não evoluíram então todos os equídeos para uma pelagem às riscas, para se protegerem contra os insetos?
O grupo de Tim Caro foi à procura da resposta e encontrou-a num facto muito simples. É que, ao contrário de todas as outras espécies de equídeos com as quais partilham o habitat, as zebras têm a particularidade de possuir um pelo muito curto, o que a
DN - 3.4.2014-
Para Tim Caro, solucionar o mistério foi uma satisfação, mas há algo mais. "Resolver um enigma evolutivo aumenta o nosso conhecimento da natureza, mas além disso potencia o nosso empenho para o conservar", conclui o biólogo.
DN - 3.4.2014-
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