domingo, 23 de agosto de 2009

NOTÍCIA DA SEMANA

Sabores Portugueses em perigo de extinção
Já alguma vez provou cenoura-pau, uma variedade desta raiz que em vez da tradicional cor laranja nasce roxa na zona do Algarve e Baixo Alentejo? Ou então milho-cagão. Semelhante ao milho normal só que, como o nome bem lembra, é mais pequeno do que o normal? E rabos? Uma espécie de couve-nabo que era utilizado na zona do planalto trasmontano, como prato principal no Natal, substituindo o bacalhau, que dificilmente chegava àquela zona interior do País. Se nunca provou ou ouviu falar destas espécies, corre o risco de nunca as chegar a ver, pois estas são cada vez mais raras e há quem considere até que estão em perigo de extinção.
"Há variedades de produtos agrícolas que foram esquecidas e outras até banidas. Corre-se o risco de se perderem certas espécies, porque as pessoas que as plantam são pequenos agricultores que já têm idade avançada". Quem faz o alerta é José Miguel Fonseca, agricultor e presidente da Colher para Semear, uma associação criada para preservar as variedades tradicionais de produtos agrícolas, isto porque "a generalização do uso de sementes híbridas na agricultura contribui para aumentar a falta de variedade e a dependência dos agricultores".
Foi com o objectivo de preservar as espécies nacionais que foi criado o Banco Português de Germoplasma Vegetal, em 1977. Funciona em Braga e alberga 17 mil populações que representem um número superior a cem espécies de vegetais, que se encontram conservadas em frio, vidro e no campo. Este assume ainda a responsabilidade de funcionar como Banco Mediterrânico de Milho. A sua missão é recolher e preservar as células genéticas (o germoplasma) das espécies portuguesas, que podem um dia ser usadas para se recuperar certas variedades que se poderiam perder. Nos últimos anos, o banco também passou a fazer recolha de germoplasma animal.
"É um património que não é passado de geração em geração. Antigamente o isolamento ajudava a manter as espécies locais, pois os agricultores só tinham acesso a estas sementes que iam colhendo e mantendo". Para José Fonseca, o problema foi o desenvolvimento de espécies híbridas que são vendidas em "lindos pacotes, com promessas de boas colheitas". "Hoje cultivam-se as mesmas variedades por todo o mundo, não se adaptando elas a todos os climas e tipos de solo existentes. A consequência é um aumento do consumo de biocidas que vão contribuir para a população e para a redução da qualidade alimentar", explica o agricultor.

Onde se encontram as espécies no País:

Feijão-alfarroba -- Aljezur
Garroba -- Trás-os-Montes
Milho-cagão -- Sertã
Rabos -- Planalto trasmontano
Cenoura-pau -- Algarve e Baixo Alentejo
Abóbora-pau -- Sesimbra

Diário de Notícias -22.08.2009

2 comentários:

Alberto David disse...

Cara Amiga, obrigado pelo seu artigo, garanto-lhe que fiquei a conhecer espécies que nunca tinha ouvido falar.Apesar de termos um quintal pequeno, temos vindo a substituira relva por cultura ecológicas, é uma pequena brincadeira, mas têm servido de experiência para que este ano consigamos melhorar a produção, com base no seu artigo vou tentar recoçher algumas espécies.Um abraço

Helena e Werngard disse...

Olá amigo David!
Ainda bem que tirou uma ideia do nosso artigo. Talvez pode comer em breve alguma cenoura-pau...!?
Um abraço